As consequências podem ser muito sérias: as crianças tornam-se muitas vezes mais reservadas e introvertidas, o seu rendimento escolar ressente-se e podem apresentar condutas agressivas, depressivas e inclusive chegar a mutilar-se. Mas ainda há muito que os pais podem fazer, oferecendo o seu apoio no momento adequado e iniciando uma conversa sobre o problema, como aconselham os especialistas da Kaspersky Lab.
O objectivo da Kaspersky Lab é que cada vez mais pais saibam o que é o ciberbullying, como reconhecer os seus primeiros sinais e como enfrentar o problema. Apesar de a Internet ser uma rede virtual, nem todas as ameaças que dela avêm podem ser resolvidas por meios tecnológicos.
Existem alguns aspectos que não podemos impedir nem deter e o ciberbullying é um exemplo disso mesmo. Mas, só porque não podemos manter as crianças afastadas desta ameaça, não significa que não possamos ajudá-las. A Kaspersky Lab trabalhou conjuntamente com psicanalistas infantis de todo o mundo para elaborar uma lista de recomendações sobre como apoiar as vítimas do assédio online.
Lisa Wright, co-fundadora da iniciativa educacional anti-ciberbullying Webiket.com, explica como tratar o assunto: “Recorde que a confiança e o diálogo sincero num primeiro momento são o primeiro passo para tratar uma situação de ciberbullying. Também se deve promover uma proximidade regular com o menor que permita avaliar a situação e conceber estratégias para tratar tanto o ciberbullying como o estado emocional da criança”.
Entre as recomendações inclui-se:
1. Estar a seu lado, sem juízos de valor, simplesmente com carinho e aceitação. Nesta etapa, necessitam de ouvir que os pais estão ali para o apoiar, independentemente do que se passe ou do que tiverem feito.
2. Não se deve menosprezar o sucedido. Nesse momento, é o mais importante na vida da criança. Num vulnerável estado emocional, a criança não é capaz de pensar de forma racional, pelo que é importante transmitir-lhe que entendemos a seriedade da situação e que a sua dor é justificada.
3. Ainda não é o momento para uma discussão racional. Não sugira que a criança pode ter provocado a situação, mesmo que isso corresponda à verdade. Isto poderia criar uma barreira entre pais e filhos, por pensarem que não são entendidos.
4. É preciso uma verdadeira empatia. É importante que a criança entenda que sente o que ele sente. Explique-lhe que passou por situações similares, talvez não na Internet, mas cara a cara, e que foi difícil para si. Não sugira que sofreu mais do que eles ou que resolveu a situação sem ajuda de ninguém porque foi forte. Diga-lhe que o que mais precisava nesse momento era uma pessoa que o ouvisse, que o entendesse, que estivesse consigo.
5. Só depois ter ganho a confiança da criança, e isto é algo que demora o seu tempo e não deve ser precipitado, pode começar a falar do incidente. Não tente prever o que a criança vai dizer. Deixe-o tomar a iniciativa de contar, pelas suas próprias palavras, o que se passou. É importante que se libertem da carga por sua iniciativa.
Resumindo alguns pontos, Caron Mullen, ciber-psicóloga, declarou que: “O ciberbullying é um tema complexo que requer de uma abordagem com múltiplos aspectos. É necessária uma estratégia para apoiar o estado emocional da criança. A curto prazo, existem conselhos práticos que, se seguidos, ajudam a criança a atravessar os piores momentos de forma positiva, sem recorrer a acções que possam agravar o problema. O objectivo a longo prazo é ajudá-lo a desenvolver uma resistência que lhe permita lidar com experiências sociais problemáticas sem lhes provocar danos psicológicos. Mas o primeiro passo e o mais importante é que os pais ganhem a confiança do seu filho para poder partilhar o problema e, juntos, poderem desenvolver um plano de acção para lidar com a situação”. |