2017-11-10
A NATO encara a cibersegurança dos países como um assunto sério e quer que estes estejam preparados para qualquer cenário de ciberguerra. Tal passa por incluir no seu armamento um leque de armas cibernéticas
Se os países investem em armamento militar para combater em terra, porque não investir em “armas” para o combate ao cibercrimes? Um cenário de ciberguerra entre países pode ainda parecer, para muitos, algo distante e futurista, ou mesmo impensável, mas a NATO discorda e quer que os países-membro da Aliança Atlântica adicionem capacidades de defesa cibernéticas aos seus exércitos. Jens Stoltenberg, secretário-geral da NATO (Foto: NATO)
“Temos de ser tão eficazes no domínio cibernético como somos no terrestre, marítimo ou aéreo, com uma compreensão em tempo real das ameaças que enfrentamos e da eficácia naquela que for a resposta”, disse Jens Stoltenberg, secretário-geral da NATO, durante o anúncio, após uma reunião de ministros da defesa da NATO. Para endereçar esta estratégia, a aliança militar inaugurou um novo Centro de Operações Cibernéticas. O centro destina-se a colocar a componente cibernética no planeamento das operações da NATO a todos os níveis. Além disso, todas as missões e operações da NATO serão dotadas de capacidades de ciberguerra, embora estas sejam encaradas apenas como aliadas da sua missão. Para o secretário-geral, estas armas são tão importantes como as terrestres, devem ser encaradas com a mesma seriedade e, em alguns cenários, podem ser mais adequadas do que uma resposta militar standardizada. “Para a NATO, o objetivo é sempre o de recorrer ao mínimo de força para se alcançar o máximo de resultados e, nesse caso, as armas cibernéticas representam a melhor resposta”, comentou o secretário-geral, após uma reunião de ministros da defesa da NATO. “Acredito fortemente que em qualquer conflito militar a componente cibernética será parte integrante e, nesse sentido, é necessário fortalecer as notas defesas e capacidades cibernéticas”, afirmou. Não se sabe se a NATO pretende utilizar estas armas para breve, mas admite que a sua integração acompanha a evolução do panorama da segurança, que já não está somente num domínio terrestre, aéreo ou marítimo. A adoção de armas cibernéticas e do Centro de Operações vêm complementar a estratégica delineada pela NATO para a ciberguerra. Esta estratégia, em marcha desde 2014, pretende encarar uma possível ciberguerra com a mesma seriedade de um ataque convencional. No ano passado, a NATO deu mais um passo em direção a esta estratégia, afirmando a sua intenção de definir o ciberespaço como um domínio operacional, isto é, uma área onde poderão existir conflitos desta ordem. Para os países-membro, esta nova área militar pode levantar muitas questões, principalmente ao nível do investimento. As armas cibernéticas não são iguais às convencionais e os seus custos são bastante mais elevados, sendo que as próprias armas são mais difíceis de utilizar e podem ser eficazes apenas contra um alvo específico. Ao mesmo tempo, muitas destas armas, após serem utilizadas, não podem voltar a ser “disparadas”, visto que os hackers têm a possibilidade de atualizar o software por detrás do ciberataque e torná-lo cada vez mais eficaz. Para já, a NATO está fortemente empenhada em focar-se nas ciberoperações e em assegurar a infraestrutura crítica dos seus países-membro. |