2019-6-27

SECURITY

EUA acusam China de ciberataques em várias frentes

Uma firma israelo-americana e o estado norte-americano apontam o governo chinês como autor de ciberataques a várias empresas de tecnologia, acreditando servirem para beneficiar a economia chinesa. Duas histórias diferentes com um elemento em comum: a ameaça APT10, associada a Pequim

EUA acusam China de ciberataques em várias frentes

Há duas investigações diferentes nesta história: na primeira, a protagonista é a equipa Cybereason Nocturnus, uma empresa de cibersegurança isaraelo-americana que identificou, em 2018, um ataque dirigido a providers de telecomunicações. A outra investigação é de cariz jornalístico, e a Reuters divulgou oito empresas vítimas do “Cloud Hopper”, quando até aqui só se conheciam duas.

A ameaça APT10 é uma das primeiras e mais óbvias ligações à China. Em ambos os casos, foi identificada esta ferramenta de hack, que é conhecida por ser uma estratégia do governo chinês. Depois, razões económicas são apontadas pelos EUA como a razão para Pequim ser alvo de suspeita.

Dez empresas com metadados roubados

São dez vítimas identificadas, garante a Cybereason, mas não puderam ser nomeadas no estudo da empresa. A culpa está do lado do estado chinês, garantem, e foram roubados metadados relacionados com utilizadores específicos das dez empresas de serviços de telecomunicações afetadas.

A “Operation Softcell”, nome dado ao ataque, foi sofisticado ao ponto de, além da sua escala já o indicar, se poder ligar diretamente a uma iniciativa estatal. Ao mesmo tempo, os indivíduos afetados – militares e dissidentes – têm ligações à China. Foram afetadas pessoas na Europa, Médio Oriente, África e Ásia. Não foram identificadas vítimas nos Estados Unidos.

A tentativa foi de roubar todos os dados ativos nos diretórios das empresas em questão, compromentendo usernames, passwords, recibos e faturas, telefonemas, credenciais, servidores de email, geolocalização dos utilizadores, entre outros dados, sobretudo a partir de telemóveis.

Quando os ataques foram identificados pelos defenders, os hackers paravam imediatamente o processo, mas retomavam-no depois. Estima-se que possam ter sido afetadas centenas de milhões de pessoas.

A ligação à China não se fica apenas pela conhecida ameaça APT10, que poderia ser utilizada para desviar atenções do real culpado, mas os servidores, domínios e IPs tinham também endereços chineses, do Hong Kong ou Taiwan.

Dentro da cloud, e sem boas intenções

Já se tinham identificado duas empresas vítimas do “Cloud Hopper”, também ligado à ameaça APT10 e à China - e igualmente parecendo ‘patrocinado’ por Pequim – mas a Reuters divulgou agora os oito nomes das empresas que se confirma serem vítimas de ataques que começaram, provavelmente, em 2014.

A HPE e a IBM (vítimas já conhecidas), a Fujitsu, a Tata Consultancy Services, a NTT Data, a Dimension Data, a Computer Sciences Corporation e a DXC Technology foram infiltradas através dos serviços cloud.

Os ataques deverão ter sido realizados com o objetivo de reunir segredos corporativos e de estado, num esforço de beneficiar economicamente Pequim. A teoria é apoiada por Washington.

Através da infiltração nos sistemas destas oito tecnológicas, os hackers conseguiram chegar também ao sistema de reservas de viagens Sabre, à Ericsson, e ao construtor de navios da marinha norte-americana, Huntington Ingalls Industries, sendo impossível quantificar o número de pessoas afetadas.

Sabre, IBM e Huntington Ingalls dizem que não foram roubados dados sensíveis das suas organizações, as restantes empresas não se pronunciaram sobre a extensão dos ataques.

O governo chinês nega qualquer ligação aos ataques divulgados.

ARTIGOS RELACIONADOS

Guerra comercial - Para onde vão voar os estilhaços ?
REDES

Guerra comercial - Para onde vão voar os estilhaços ?

LER MAIS

Fundador da Huawei quebra silêncio: “não espiamos para a China”
SECURITY

Fundador da Huawei quebra silêncio: “não espiamos para a China”

LER MAIS

China terá hackeado IBM e Hewlett Packard Enterprise
SECURITY

China terá hackeado IBM e Hewlett Packard Enterprise

LER MAIS

Recomendado pelos leitores

Investimento em cibersegurança em Portugal deverá chegar aos 250 milhões de euros
SECURITY

Investimento em cibersegurança em Portugal deverá chegar aos 250 milhões de euros

LER MAIS

Lançada solução de assessment comportamental relacionada com cibersegurança em Portugal
SECURITY

Lançada solução de assessment comportamental relacionada com cibersegurança em Portugal

LER MAIS

Akamai adiciona novas capacidades ao Account Protector
SECURITY

Akamai adiciona novas capacidades ao Account Protector

LER MAIS

IT CHANNEL Nº 112 NOVEMBRO 2024

IT CHANNEL Nº 112 NOVEMBRO 2024

VER EDIÇÕES ANTERIORES

O nosso website usa cookies para garantir uma melhor experiência de utilização.