2018-3-29

OPINIÃO

Transformação digital: 10 tendências na área do armazenamento

O armazenamento de dados é uma prioridade num novo modelo de infraestrutura onde o crescimento dos dados é exponencial

Transformação digital: 10 tendências na área do armazenamento

A transformação digital é uma mudança profunda e acelerada nas atividades, processos e modelos comerciais que procura tirar partido das tecnologias digitais e do seu impacto na sociedade, de forma estratégica e priorizada, tendo em conta as mudanças atuais e futuras. De acordo com consultoras como a IDC, os orçamentos de TI das empresas em 2018 irão impulsionar os investimentos nesta direção. Tudo está a suceder rapidamente; as organizações que demorem a adotar estos novos modelos apenas estarão em conduções de competir numa pequena parte da economia global.

 

Incluídas na transformação digital estão tendências chave como a migração para a cloud, o Big Data, a analítica de dados, a mobilidade ou a Internet das Coisas. Para abordar estes desafios, o armazenamento de dados é uma prioridade num novo modelo de infraestrutura onde o crescimento dos dados é exponencial, pelo que tem que ser fiável, flexível, simples e com os mais elevados níveis de rendimento e segurança. Em seguida, detalharemos 10 destas tendências, a ter em conta.

 

1. Analítica e Big Data: o que fazer com a explosão dos dados

Como lidar com a explosão dos dados? Esta é, e facto, “a” questão. Uma questão que, longe de estar respondida, tornou-se mesmo numa frente de batalha para CIOs e equipas de TI. Portanto, as organizações, na hora de investir em DX, também deverão responder a necessidades crescentes de armazenamento e de um maior rendimento para analisar a informação, a fim de fazer frente a múltiplas workloads.

Os sistemas de localidade de referência (locality of reference) serão chave para a analítica de dados, sobretudo para aplicações em tempo real, como deteção da fraude. Também serão protagonistas as aplicações baseadas ou dependentes de dados, através da otimização do armazenamento, e também a inteligência artificial e os processos de Machine Learning serão parte essencial no processo.

 

2. Cloud 2.0

Segundo a IDC, em 2019 o investimento em infraestruturas cloud representará 46% dos gastos totais em infraestruturas TI nas empresas. De acordo com a CIO Insight, 81% dos responsáveis de TI planeiam incrementar a utilização da cloud pelo menos em 25% nos próximos três anos.

Normalmente, o primeiro passo para a implementação de uma estratégia cloud é uma combinação de cloud privada e pública, envolvendo as aplicações de negócio dos clientes. Já não é aceitável uma resposta de 30 dias a um pedido de serviço; o negócio necessita que esta aconteça em 30 minutos. O departamento de TI deve transformar-se e utilizar soluções de armazenamento que deem suporte ao rápido ritmo de transformação e a um volume de dados cada vez maior.

Embora o conceito de cloud híbrida (servidores e aplicações locais, armazenamento na cloud) tenha vindo a evoluir, requisitos como o RGPD podem propiciar uma mudança para ambientes de armazenamento multi-cloud, com um modelo de armazenamento fiável, partilhado, e acesso de alta velocidade a aplicações temporárias. Isto criará uma nova oportunidade para os prestadores de serviços de armazenamento.

 

3. IoT, Inteligência artificial, machine learning

O Big Data, IoT, AI, machine learning... são tendências para as quais a estratégia de armazenamento será cada vez mais importante. Modelos que estão a gerar um grande crescimento nos dados, provenientes de diferentes fontes e aplicações, com características diferentes umas das outras.

O grande desafio para o armazenamento é a capacidade de escalar para maiores dimensiones sem degradar o rendimento e a capacidade de consolidar diferentes protocolos e workloads heterogéneas num só sistema. As infraestruturas de armazenamento inovadoras terão de reduzir a complexidade, gerar poupanças em consumo de energia, espaço, pessoal, etc.

O crescimento no armazenamento é algo difícil de planificar e prever. Mas os clientes exigem uma grande capacidade e escalabilidade para abordar os seus requisitos de crescimento de dados, e ao mesmo tempo, um amplo rendimento para satisfazer as suas necessidades competitivas. Estas características devem, ainda, ser acompanhadas de um baixo risco e de uma menor complexidade. E, de preferência, querem conseguir tudo isto da forma mais económica possível.

 

4. Os Caminhos da cloud: Fog Computing e Edge Computing 

Para muitas aplicações empresariais atuais, a cloud é muito lenta, já que oferece uma largura de banda limitada e irregular. Para combater este problema, surgem modelos tecnológicos como o edge computing ou o fog computing.

O Fog Computing permite que um único dispositivo processe dados recebidos de múltiplos pontos. Oferece, ainda, menor latência que as soluções nativas cloud, onde os dados são enviados e recebidos a partir da cloud. O Edge Computing, por sua parte, centra-se nas fontes de dados, de forma que, em vez de realizar a maior parte do processamento num servidor, cada dispositivo trabalha no tratamento da informação.

Tudo isto, por sua vez, fomentará o uso de appliances de armazenamento. Uma parte da capacidade será implementada nas instalações (on-premises) para dar suporte a aplicações em tempo real, e outra, na cloud (off-premises), para armazenamento de dados a frio (cold storage) e dados antigos (old storage).

Por último, mas não menos importante, outro modelo de serviço que crescerá no futuro é o armazenamento multi-cloud, num modelo basado na brokerage de aplicações e workloads que evita a dependência de fabricantes. Graças à diversidade de fornecedores, este modelo permite uma brokerage de serviços mais granular (horas/minutos/segundos), e desparecerão os problemas relacionados com a propriedade e soberania dos dados.

 

5. O futuro é multi-suporte

As previsões sobre o declínio das unidades de disco de alta capacidade não estavam certas; a única forma rentável de capturar, analisar e reter toda esta multitude de dados, e de tirar partido deles, é o armazenamento persistente baseado em discos de alta capacidade. É precisamente o que estão a fazer os grandes fornecedores (Facebook, Amazon, Google…), e é também o que defende a Infinidat.

A tecnologia all flash é uma boa solução para ambientes estáticos, como bases de dados, mas não é a solução perante um crescimento exponencial dos dados. A Infinidat propõe um modelo que adiciona às vantagens da tecnologia flash tecnologias como DRAM, SSD, HDD, em conjunto com um software inovador que proporciona uma disponibilidade de 99.99999%, com uma latência inferior a milissegundos.

6. Segurança e proteção de dados, prioridade número um

A monitorização e seguimento é um critério chave para a segurança e a proteção dos dados. Funcionalidades como o e-Discovery adiantam para o presente o que há poucos anos era simplesmente inimaginável. Ao mesmo tempo, a normativa endurece, e surgem conceitos de controlo como a soberania dos dados (data sovereign). A partir de maio, regerá em toda Europa o novo RGPD. À imposição da encriptação completa - em repouso e em movimento - dos dados, junta-se também a necessidade de proteção contra ciberataques como o ransomware.

Além disso, a exigência de encriptação de extremo a extremo torna inútil a compressão e a deduplicação no servidor o no array de armazenamento, e desmonta a proposta de valor das soluções all flash, já que a capacidade efetiva do armazenamento se reduz para 1:1, e o custo total por TB efetivo pode disparar até 10 vezes o custo em discos de alta capacidade. Todos aqueles que se declararam "Só flash" terão que repensar a sua estratégia.

 

7. Encriptação e compressão passarão a ser commodities

Como se mencionava anteriormente, o RGPD e outras novas leis requerem a encriptação global dos dados. A deduplicação e a compressão já não são suficientes, e não são eficazes.

Os contentores de aplicações permitem deduplicar dados na origem, em vez de o fazer no destino, o que tem um impacto na capacidade efetiva de armazenamento, e também um na rentabilidade dos meios. Embora isto não aconteça da noite para o dia, a abordagem “tudo em um” que os principais fabricantes estão a assumir com flash e NVMe é um elemento a ter em conta.

Noutras partes do ciclo de vida dos dados também se tirará partido da compressão e deduplicação (p.ex. os contentores) comoditizando estas funcionalidades na camada de armazenamento. A proposta de valor irá mudar (outra vez?) para o rendimento, disponibilidade, fiabilidade e simplicidade de integração com soluções verticais e horizontais.

8. Redes: Fibra, Ethernet e NVMe

Os avanços em rendimento do armazenamento (desenhos de cache otimizada, novos modelos de tecido NVMe, etc.) eliminam este campo da lista dos “suspeitos do costume” de baixo rendimento e geradores de problemas. A Ethernet ganhará (de novo) a batalha dos protocolos na nova geração de data centers, com NVMe como um componente chave na revolução que imposta pelo Fibre Channel. Durante os próximos anos, podemos esperar níveis de transferência de 400GB/s e 800GB/s em produção.

“Standardizar” em Ethernet apresenta o potencial de poder melhorar drasticamente a eficiência de E/S do stack. Juntamente com a melhoria no rendimento que o NVMe traz, os sistemas de cache DRAM otimizada continuarão a oferecer um melhor rendimento que os sistemas all-flash, e proporcionarão um melhor equilíbrio entre picos de múltiplas cargas e requisitos de capacidade a longo prazo.

 

9. Blockchain: confiança digital

Uma revolução que estabelece novos níveis de confiança. Uma prioridade chave para a economia digital. A crescente disponibilidade de blockchain como serviço na cloud acelerará a sua adoção nos próximos anos. Ambientes de fabrico, cadeias de distribuição retalhista ou serviços financeiros, entre outros, serão os primeiros a adotá-lo.

Embora estejamos ainda numa fase incipiente, se olharmos para o futuro, é fácil supor que a Blockchain afetará o armazenamento dos dados. É uma nova tecnologia que redefine a forma como fazemos transações. Combina o carácter aberto da Internet com a segurança da encriptação para proporcionar uma forma mais rápida e segura de verificar informação chave e estabelecer confiança.

Esta nova tendência, embora ainda numa fase prematura, requererá um maior nível de disponibilidade e segurança nas tecnologias de armazenamento.

 

10. Todas as empresas se tornarão Data Providers

Os dados são o principal ativo das empresas. Muitas delas começaram já a investir em sistemas de preservação de dados (data curators). Além disso, os requisitos de armazenamento serão cada vez mais rigorosos, e os SLA irão ajustar-se cada vez mais.

Durante a próxima década, as empresas gerarão mais e mais dados, e investirão o seu esforço em criar novas formas de processar a informação. As soluções de armazenamento de nova geração terão de assegurar esta capacidade e, ao mesmo tempo, garantir o cumprimento dos novos requisitos normativos e de nível de serviço, com a capacidade de gerir facilmente todo o tipo de workloads provenientes de aplicações como analítica de negócio, Big Data, business intelligence, etc.

 

Israel Serrano, Iberia Country Manager

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