Gabriel Coimbra | Group Vice President da IDC EMEA e Country Manager da IDC Portugal em 2018-7-30

OPINIÃO

Transformar as organizações incumbentes nacionais em nativas digitais

Serão as empresas tecnológicas capazes de ajudar os seus clientes nesta jornada?

As previsões da IDC apontam para que, em 2021, pelo menos 30% da economia nacional já esteja digitalizada, impulsionada pelas novas ofertas digitais, pela digitalização das operações e das cadeias de valor, assim como pela integração entre os canais físicos e digitais

Serão as empresas tecnológicas capazes de ajudar os seus clientes nesta jornada?

A digitalização da economia nacional acelerou nos últimos anos devido à rápida consolidação de um novo paradigma na indústria de TIC, assente na 3ª Plataforma Tecnológica, um termo cunhado pela IDC e apresentado no IDC Directions de 2008.

Hoje estamos já a entrar no segundo capítulo deste novo paradigma, caraterizado sobretudo pela consolidação dos pilares da 3ª plataforma, e pela emergência dos Aceleradores de Inovação, soluções assentes em IoT, Inteligência Artificial, Impressão 3D, novas Interfaces Humanas/Digitais, Robótica e Blockchain, onde as forças e o posicionamento das principais empresas tecnológicas está a alterar-se profundamente.

Esta alteração de forças e do posicionamento das empresas tecnológicas já é muito visível também no mercado nacional, mais concretamente a IDC estima que a 3ª Plataforma e os Aceleradores de Inovação já representem cerca de 50% do mercado de TIC nacional, e que continuarão acrescer a uma taxa média de 12,1% e representarão cerca de três quartos de todo o mercado de TIC nacional em 2021, enquanto as tecnologias associadas à 2ª Plataforma irão decrescer em média 7,2% por ano no mesmo período.

Estas tecnologias estão na génese do rápido processo de transformação digital que, de forma mais ou menos avançada, estão a impactar todos os setores de atividade. Contudo, enquanto as previsões da IDC apontam para que, em 2021, pelo menos 30% da economia nacional já esteja digitalizada, as mesmas previsões da IDC apontam para que, a nível mundial, mais de 50% da economia esteja digitalizada em 2021.

Este gap entre a economia mundial e a nacional deve-se sobretudo ao facto de grande parte das organizações nacionais ainda não conseguirem compreender a Transformação Digital de forma transversal, como a capacidade de repensar os processos, a experiência do ecossistema e o desenvolvimento de novos produtos e serviços com base nas tecnologias de 3ª Plataforma e com os Aceleradores de Inovação. Apesar de muitas organizações a nível nacional já estarem a levar a cabo projetos digitais, estes são habitualmente processos isolados, e não alinhados
com a estratégia de negócio e integrados num modelo que abranja toda a organização.

O estudo anual de benchmak elaborado pela IDC sobre o tema transformação digital ilustra isso mesmo, com apenas 19% das organizações nacionais inquiridas a estarem numa fase de transformação digital próxima da plenitude, versus 34% para as suas congéneres norte-americanas. Ou seja, apenas 19% das organizações nacionais estão a conseguir transformarem-se em organizações semelhantes às Nativas Digitais!

Mas como em todas as previsões, é possível mudar. No caso de Portugal é crítico mudar! Mas, para reduzir este diferencial previsto para dentro de três anos, é fundamental que as empresas tecnológicas consigam também mudar os seus modelos de negócio e abordagem junto das organizações públicas e privadas. Para conseguir estar na linha da frente desta mudança, é essencial que as organizações incumbentes atuem como Nativas Digitais, ou seja, integrem o digital de forma transversal no seu negócio! Na perspetiva da IDC, para ser uma Nativa Digital as organizações devem trabalhar cinco áreas fundamentais.

Em primeiro lugar, estabelecer um (1) Modelo Organizacional de transformação digital, seguido da definição do quadro de desempenho nesta área, incluindo os (2) novos KPIs associados. Para definir os diferentes passos nesta transição, torna-se necessário criar um (3) roadmap de use cases de transformação digital a curto, médio e longo prazo que permita definir metas intermédias e ir monitorizando e afinando ao longo do tempo. Para assegurar a execução, é essencial o (4) desenvolvimento de talentos com as competências digitais adequadas e, por último, definir e construir uma (5) plataforma digital para a organização assente na 3ª Plataforma e nos Aceleradores de Inovação.

Na perspetiva da IDC, infelizmente ainda são poucas as empresas tecnológicas no mercado nacional que conseguem de facto apoiar os seus clientes em todos este processos e jornada de transformação digital. Para além de dispor de um modelo de negócio “as a service” e abraçar a 3ª Plataforma e os Aceleradores de Inovação, as empresas tecnológicas devem ser capazes de entender os use cases de transformação digital dos vários setores económicos, e desenvolver parcerias e criar ecossistemas que permitam aos seus clientes fazerem a transformação digital de forma holística, se tornarem verdadeiras Nativas Digitais, onde o fator diferenciador estará cada vez mais na capacidade de utilizar as tecnologias para transformar os dados em valor!

Estes e outros temas estarão em foco na 21ª edição do IDC Directions, onde para além das principais tendências previstas pela IDC para os próximos anos, veremos como as principais empresas nacionais estão a fazer a transformação digital, e como algumas das principais empresas tecnológicas estão a apoiar os seus clientes nesta jornada.

 

 

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