2015-7-31

OPINIÃO

Segurança e Reputação nas TI – Tendências no Futuro Digital e o Desafio da Cibersegurança

As empresas e as pessoas, no seu dia-a-dia, estão cada vez mais atentas e sensíveis às questões relacionadas com a segurança e proteção dos seus dados. Começam a ter noção da necessidade dessa proteção de modo a que os seus dados e informações não caiam em “mãos alheias”. No entanto, a segurança da informação ainda não surge como uma prioridade das organizações e, em Portugal, ainda menos… Temos de criar essa maior consciencialização que tem de partir das próprias tecnológicas que lidam com estas temáticas.

Segurança e Reputação nas TI  –  Tendências no Futuro Digital e o Desafio da Cibersegurança

Miguel Luz Pinto é o CEO da 2VG, Soluções Informáticas S.A., empresa tecnológica portuguesa especializada em soluções inovadoras de Virtualização e Formação específica em TI’s, nas tecnologias VMware e Datacore Software.

É costume termos uma atitude reativa apenas quando os casos problemáticos surgem ao invés de uma política ativa de segurança e prevenção. Veja-se, por exemplo, o caso da Microsoft, em Portugal, que foi vítima de fraude. A maioria das organizações já enfrentou, ou enfrenta, surtos de vírus/worms, incidentes de pishing e de spyware. Outras já enfrentaram graves incidentes de segurança devido a uma conduta incorrecta dos seus colaboradores. Estas situações serão cada vez mais recorrentes e temos de estar preparados para saber agir, resolver e, sobretudo, prevenir danos prejudiciais à atividade das empresas e à vida das pessoas. Os dados das pessoas estão à distância de apenas um click, em qualquer parte.

Julga-se que os ataques internos superam os externos ou vice-versa em cerca de 50%. Perante este número, a segurança começará a ter um maior peso nos orçamentos de TI na generalidade das Empresas e Organizações, já que estão em causa elevados riscos associados à perda ou roubo de dados (riscos de reputação ou de continuidade do negócio). Tendo em conta o que está “em jogo”, o impacto da inversão do ciclo económico no setor da segurança informática será bem maior, já que, tendencialmente, os investimentos efetuados nesta área serão consideravelmente mais avultados devido à necessidade de prevenir e estancar, cada vez mais, os frequentes e graves ciberataques. Existirá, igualmente, uma maior atenção e reforço de RH’s, ao nível interno das empresas. Estas procuram, essencialmente, a proteção dos seus dados, quer de ataques externos quer de internos. A segurança de dados de uma Empresa, de maior ou menor dimensão, é fundamental para protegê-la na sua estratégia de posicionamento dos mercados e, consequentemente, ao sucesso dos seus negócios e atividade. A consolidação da infraestrutura de TI, a melhoria da capacidade de resposta, a redução de custos e a melhoria nos processos e níveis de serviços de TI, deverão ser as futuras prioridades das nossas empresas. Acreditamos fortemente, que a par da necessidade de aumentar a eficiência operacional da organização e reduzir custos de funcionamento, a consolidação da infraestrutura de TI será uma das principais prioridades já no decorrer deste ano.

A meu ver, já muito evoluímos na questão das situações do ciberterrorismo. A nossa segurança nacional já possui tecnologia de modo a, não só, terem a hipótese de antecipar esses ataques, como, também, preveni-los e identificar as fontes. Já que cada vez mais há maior fluxo e troca de informação entre Estados e interação de procedimentos e acções, julgo que estamos a ficar, tendencialmente, melhor preparados e, sobretudo, em alerta. O Centro Nacional de Cibersegurança está a fazer um ótimo trabalho de dados, mas deverá existir mais investimento e ações concretas, quer ao nível técnico, quer humano, para fazer face aos grandes desafios que se avizinham. No nosso país, quando se discute a importância da intervenção do Estado em matérias de terrorismo e ciberterrorismo, insiste-se na questão polémica de autorizar ou não entidades de segurança nacional a realizarem escutas e a monitorizarem comunicações entre os cidadãos, forçando a uma alteração da Constituição no que diz respeito aos direitos consagrados num Estado. Mesmo que isso seja autorizado será apenas uma resposta parcial e redutora à verdadeira necessidade de solucionar o problema. A realidade é que existem inúmeros equipamentos informáticos vulneráveis e expostos, passíveis de serem controlados remotamente, permitindo que um utilizador malicioso aceda de forma abusiva a informações privadas ou confidenciais. A monitorização de vulnerabilidades em ativos (privados ou públicos) ligados à Internet, acompanhada de um processo eficaz de resolução ou mitigação, evitaria diversos prejuízos e danos aos proprietários, Empresas, e ao próprio Estado.

Em Portugal, o cenário ao nível de segurança e de informação informática não é diferente do dos nossos parceiros europeus. Não estamos melhores nem piores que eles. Estamos a ganhar consciência dos danos que o cibercrime provoca. O que o nosso país necessita ao nível de segurança nesta vertente será essa maior aposta de RH’s alocados a esta investigação, de forma a travar futuros ataques com consequências devastadoras para as empresas. Os nossos parceiros europeus estarão, possivelmente, um passo mais à frente pelo maior investimento já efetuado nesta área.

Concordo plenamente com a afirmação “Não há nada 100% seguro na Internet. Se queres segurança não coloques informação em rede, na cloud, etc”. A segurança total não existe, contudo, já existem soluções no mercado que são altamente redutoras desse risco. Isto resultará em novos e mais expressivos investimentos em segurança e quadros técnicos altamente qualificados. Atualmente, as tecnologias disponíveis já possuem melhores performances e as metodologias de trabalho em relação à arquitetura e gestão de segurança que permitem otimizar os investimentos e os custos de exploração. O espectro da próxima década será conseguirmos desenvolver produtos que nos façam sentir seguros mesmo estando na rede.

A eliminação ou diminuição drástica do risco passa por inventariar os principais críticos ativos do Estado expostos à Internet, realizando auditorias regulares que promovam a correção das vulnerabilidades detetadas. De forma idêntica, os ativos de entidades coletivas ou particulares que processam e/ou armazenam informações, confidenciais ou privadas, deverão ser alvo de um scan realizado por uma entidade de segurança nacional devidamente autorizada e que promova corrigir ou eliminar vulnerabilidades detetadas que constituam risco para as empresas e/ou famílias. E, ao nível das Empresas, são ainda muito diminutas as que incluem, na sua estrutura organizacional, a função de Chief Security Officer ou de Chief Information Security Officer.

É necessário compreender e capacitar a sensibilidade dos decisores para estas temáticas, partindo do pressuposto que estamos perante um novo paradigma tecnológico baseado o surgimento de uma nova geração de malware (Malware 2.0), das aplicações Crime-a-as-Service (CaaS), das redes sociais e dos novos modelos de computing (Big Data e Cloud). Será vital às Organizações nacionais apostarem e incluírem, na sua estrutura organizacional, a função de Chief Security Officer ou de Chief Information Security Officer, ativos humanos que detectem, previnam e defendam as empresas destes ataques que serão, tendencialmente, maiores e mais graves. É crucial que se encare a Segurança da Informação como um elemento fundamental para o Sucesso das Organizações.

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