Carlos Cunha, Diretor Comercial da Dynabook Portugal em 2022-3-21

OPINIÃO

Realidade Assistida e Inteligência Artificial: Têm pernas para andar?

O potencial da Realidade Assistida/Aumentada (AR) e da Inteligência Artificial (AI) no trabalho tem se demonstrado crucial

Realidade Assistida e Inteligência Artificial: Têm pernas para andar?

Carlos Cunha, Diretor Comercial da Dynabook Portugal

Empresas de várias áreas têm sido bem-sucedidas a implementar soluções de IA e AR, em particular no serviço e apoio ao cliente. Recentemente, a McKinsey deu conta de que as organizações têm aumentado o investimento em tecnologia de IA nas grandes empresas, em resposta à pandemia. A previsão da Gartner é que mais irão fazer o mesmo em 2022.

Estes desenvolvimentos têm estado numa trajetória ascendente há já algum tempo. Contudo, em 2019, apesar do entusiasmo pelas soluções IA e AR, a adoção global estava muito longe da de agora. Com a emergência da COVID-19, temos visto que as empresas implementaram novas experiências tecnológicas para conseguir manter as suas operações. Mesmo depois de a pandemia acabar, é provável que muitas empresas não queiram voltar aos seus velhos métodos.

As tecnologias ao detalhe

Vamos olhar então para as tecnologias em causa. Por norma, as tecnologias de Realidade Assistida/Aumentada são usadas alternadamente, mas diferem em alguns pontos-chave. A Realidade Assistida, ao contrário de Realidade Aumentada, não altera o que o utilizador está a ver, adicionando antes uma camada extra de informação à visão periférica. Enquanto a Realidade Assistida pode tomar a forma de smart glasses, a Realidade Aumentada bloqueia a visão do que está realmente à volta do utilizador. Os smart glasses estão entre as principais aplicações para Realidade Assistida, prevendo-se que a sua adoção cresça nos próximos anos.

A IA, por outro lado, tem potencial para transformar completamente o design do espaço de trabalho. O seu crescimento está a acontecer tão rapidamente a nível global e a ser uma parte tão significante para a nova onda de tecnologias, que é provável que adquira proporções exponenciais. Atualmente, quase três quartos das organizações planeiam investir em IA nos próximos três anos de forma a criar novos modelos de negócios baseados em novas tecnologias, como a automação e os dispositivos de edge computing.

O que é que isto significa?

Vamos a consequências práticas. Esta procura por assistência remota está a conduzir muito deste crescimento. As empresas estão a utilizar aplicações de AR para localizar, identificar e resolver problemas técnicos, assim como realizar tarefas, como renovar, montar, fabricar e reparar as linhas de produção. O mercado da IA, além de ajudar no desenvolvimento das empresas, potencia o crescimento empresarial, contribuindo para gerar valor. De acordo com a Accenture, nove em cada dez gestores acreditam que, para alcançar os seus objetivos de crescimento, devem alavancar as tecnologias de IA.

Também a AR oferece benefícios comprovados, incluindo a redução de tempo na interpretação de instruções, na formação, contribuindo para maior produtividade. Um estudo da Dynabook concluiu que 63% das organizações veem como provável a implementação de Smart Glasses nos próximos três anos, com 47% fazendo-o para melhorar o trabalho móvel, 34% para melhorar a captura e processamento de dados e 39% para melhorar a o trabalho em colaboração. Um estudo de caso da Gartner numa linha de montagem aeroespacial potenciada por este tipo de tecnologia teve os seguintes resultados:

  • Redução de tempo de 90 a 99% na interpretação de instruções
  • Redução de tempo de 85% em atividades de formação
  • Aumento da produtividade em 40%
  • Redução de 35 a 50% do tempo geral dedicado a questões técnicas

Desafios e soluções

Nem tudo são rosas. A implementação de novas tecnologias é, em si, um desafio. Até que estas tenham amadurecido, a integração pode ser complicada. No caso dos Smart Glasses, por exemplo, haverá certamente preocupações com segurança e privacidade de dados. Por outro lado, a IA, por ser uma tecnologia mais avançada, exige um grande investimento de antemão, além de ser difícil de implementar em larga escala.

Contudo, todas as inovações começam por algum lado. E a verdade é que estes desafios não são tão difíceis de ultrapassar assim. Primeiro que tudo, investir é uma parte fundamental do crescimento de um negócio e a grande maioria dos líderes concorda que as tecnologias de IA e AR garantem excelentes retornos quando implementadas corretamente.

Outro aspeto que permite algum otimismo é a constatação de que, ao contrário do que acontece normalmente, estas tecnologias têm crescido mais rápido no setor empresarial do que no setor de consumo. Mesmo neste último, temos visto headsets de AR e VR (Realidade Virtual) ou outros software a crescer em popularidade entre os utilizadores.

Com a pandemia a acelerar a oportunidade de demonstrar o valor destas tecnologias, é provável que ganhem terreno graças à possibilidade que oferecem de ter custos menores, maior segurança e melhor retenção de aprendizagem. Uma coisa é certa: o crescimento não precisa de ser imediato para ser reconhecido.

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