Henrique Carreiro em 2015-12-30

OPINIÃO

Privada, mas menos exclusiva

A queda dramática nas barreiras de entrada no mercado para as clouds privadas, devido a avanços rápidos na tecnologia, está alterar o paradigma Cloud pública Vs. privada

Privada, mas menos exclusiva

Num estudo apresentado pela Verizon, um operador de telecomunicações americano, no passado mês de novembro, pode ler-se uma conclusão que se poderá considerar, no mínimo, surpreendente: a ascensão das Clouds privadas poderá levar a que as públicas sejam usadas apenas em circunstâncias bastante específicas por muitas empresas.

O estudo, denominado “State of the Market: Enterprise Cloud 2016. From adoption to transformation.” deverá dar que pensar quer a clientes, quer a fornecedores. Para os autores do estudo, uma das mudanças mais visíveis no mercado é uma queda dramática nas barreiras de entrada no mercado para as clouds privadas, devido a avanços rápidos na tecnologia, que têm permitido descidas aceleradas de preços.

Mesmo com números relativamente baixos de servidores, poderá ser economicamente viável a opção por uma Cloud privada. Trata-se de uma perspetiva que contraria o que tem sido a aproximação de muitas empresas que optaram por clouds públicas para aplicações (ou workloads) não sensíveis, sobretudo do ponto de vista da privacidade, e clouds privadas para os mais sensíveis.

As descidas de preços dos componentes das Clouds privadas, podem levar a uma reavaliação dos termos de estudos de retorno de investimento em Cloud pública. O relatório salienta que existirá sempre lugar para as clouds públicas, especialmente para aplicações que necessitam de grande elasticidade, isto é, da capacidade de escalonamento da oferta à exata medida da procura, mas sem particulares exigências em termos de gestão de riscos e de cumprimento de normas legais relativas a privacidade. Com exceção da componente transacional do comércio eletrónico, salientam os autores do estudo, a maiorias dos sítios web são bons candidatos à utilização nesta categoria.

Henrique Carreiro

Das empresas estudadas, 27 por cento têm planos de adoção para Cloud pública a curto ou médio prazo, versus 24 por cento para Cloud privada. Os modelos híbridos, isto é, que combinam a utilização de cloud pública e privada, são já tão comuns que entre as companhias que adotaram paradigmas de Cloud, cerca de metade optou por uma estratégia híbrida.

Contudo, o estudo aponta para as dificuldades inerentes a tais cenários, com a escassez de recursos qualificados para os criar e manter. Das empresas que usam cloud, o estudo salienta a relevância crescente desta para o negócio: se em 2013 cerca de 60% das empresas que haviam tomado a decisão de adoção a usavam para aplicações críticas, em 2015 o número sobe já para 87 por cento, com cerca de 56 por cento a usar para múltiplos workloads fundamentais. A

pesar de uma estratégia de Cloud fazer já parte da agenda da maioria dos CIOs, não é ainda claro qual virá a ser o modelo dominante. Para já, o que este estudo mostra é que o modelo de cloud privada não só não está em fase de extinção, como tem possibilidades de ombrear em termos de adoção com a pública. Em sistemas de informação, é sabido que as decisões têm que ser reavaliadas regularmente. Nas decisões sobre os modelos de implementação de cloud este princípio parece ser cada vez mais relevante.

Henrique Carreiro

Docente de Cloud Computing e Mobilidade Empresarial na
Nova Information Management School

 

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