Henrique Carreiro em 2024-12-10
No início de dezembro de 2024, Pat Gelsinger demitiu-se como CEO da Intel, após quase quatro anos a enfrentar desafios significativos e uma tentativa incompleta de reverter o declínio da empresa
Pat Gelsinger foi forçado pelo board da empresa a tal decisão -- uma posição que muitos analistas consideram precipitada e extemporânea, já que sendo a empresa um barco grande, todas as mudanças de fundo precisam de tempo para surtirem efeito. Sob a sua liderança, Gelsinger lançou uma estratégia ambiciosa para reposicionar a Intel como líder da indústria de semicondutores, incluindo um programa para construir novas fábricas. No entanto, estas iniciativas levaram tempo a ser implementadas e a empresa, que perdeu ainda mais terreno para os concorrentes. É um no-show no mercado da mobilidade e tem posição marginal no segmento de processadores para AI. Em 2024, o valor de mercado da Intel caiu para metade, ficando muito atrás de concorrentes como a Nvidia, antes significativamente menor. Na área de IA, dificuldades técnicas, incluindo problemas de software, impediram a Intel de atingir a meta de 500 milhões de dólares em vendas de processadores Gaudi 3. Simultaneamente, clientes chave como Microsoft, AWS e Google avançaram com circuitos próprios, mais eficientes e económicos. A Intel respondeu com cortes de custos, despedimentos, reestruturações, suspensão de dividendos e redução de investimentos em fábricas. Subsídios do governo americano, de 7,9 mil milhões de dólares, provenientes do US CHIPS Act, oferecem à empresa uma oportunidade de recuperar competitividade no fabrico. Ainda assim, a TSMC, também beneficiária de subsídios, já expande operações nos EUA. A saída de Gelsinger pode facilitar uma reestruturação mais profunda e possíveis vendas de ativos, permitindo à Intel focar-se em áreas de maior potencial. Um caminho arriscado, mas talvez necessário para evitar a irrelevância em muitas áreas emergentes, que se avizinha depressa. |