Jorge Bento em 2021-9-13
Tom Gores, CEO da Platinum Equity, o fundo de investimento que acaba de adquirir a Ingram Micro, classificou o momento presente como de “tempos fluidos”
Na verdade, o que está a acontecer a nível global no setor da distribuição do IT, é mais do que fluidez. É uma total revolução. Com abundante liquidez, o mercado de capitais e sobretudo os equity funds, olham para a distribuição de tecnologia com o mesmo interesse que no passado olharam para a banca ou para as seguradoras; são igualmente empresas financeiras, mas atualmente muito mais rentáveis, e ao contrário das primeiras não tem o modelo de negócio em risco a prazo. A Tech Data, do fundo de investimento Apollo Global Management, completou este mês a fusão com a Synnex para se constituir como o maior distribuidor mundial em volume de vendas, a TD Synnex. Um gigante com um volume de neócios equivalente a um trimestre do P.I.B. nacional. A fluidez referida por Tom Gores é o terreno propício para o investimento, e a pandemia acabou por dar à tecnologia a exposição e publicitação, junto dos investidores, como só tinha conhecido no final dos anos 90- a economia foi salva pelo digital. Paradoxalmente, não é na “distribuição” que o crescimento dos mega distribuidores globais vai assentar, sobretudo o crescimento das suas margens operacionais. É no imaterial, no valor acrescentado, nos serviços, na cloud, na IA, na analítica e na cibersegurança que se fazem as grandes apostas de investimento. Mas este conjunto de inovações vem com uma alteração do papel do próprio distribuidor. Estes no modelo tradicional sempre foram players invisíveis para o cliente final, uma “firewall” que separava a logística do Parceiro, com novos modelos de serviços especializados e plataformas, dos grandes distribuidores as fronteiras ficam considerávelmente mais fluídas, e o Parceiro poderá agora interrogar-se quantas empresas vão estar na “sala de reuniões” do seu cliente. São, de facto, tempos fluídos estes que vivemos. |