O Pulo do Gato é saber onde fica o Fundo da Fossa!

Em primeiro lugar, a constatação de que os principais analistas de mercado falharam nos seus forecasts. O ano está a ser pior em todas as geografias do que o projetado inicialmente, especialmente no Q2 que, em alguns segmentos, foi verdadeiramente deprimente.

Claro que, sendo o Canal tão diverso, muitos leitores dirão “Crisis? What Crisis?”, mas isso não é verdade para todos os tipos de Parceiros, particularmente aqueles com uma maior componente transacional em hardware, ainda mais se olharmos para as vendas de dispositivos para clientes e periféricos. O segredo aqui é saber se já foi atingido o ponto mais baixo de vendas, ou, usando um linguajar brasileiro, o “pulo do gato é saber onde fica o fundo da fossa”.

Em Portugal, as estimativas sobre a componente transacional à saída da distribuição dizem que no Q2 existiu uma variação de -6%. É cedo para ter dados do Q3, mas existe algum consenso entre analistas que a maré começará a virar no Q4 e há indicadores que podem corroborar essa visão, mesmo no setor mais afetado: o dos dispositivos. As vendas de grandes fabricantes como a HP estão, nos EUA, a cair menos Y/Y e até crescem em cadeia. Espera-se que, fruto da inovação, os segmentos altos dos dispositivos empresariais sejam os primeiros a recuperar ainda este ano, seguidos de crescimentos em todos os segmentos no primeiro semestre de 2024 e, sobretudo, no segundo semestre.

Mas há o outro lado, o lado ao sol desta rua, que aguenta estoicamente crescimentos robustos, como é a cibersegurança, parte do networking, o software/cloud e, claro, os serviços IT que seguem cada vez mais como o foco dos nossos Parceiros.

Acredito agora, e olhando para a globalidade dos gastos de IT em Portugal, que a maré esteja mesmo a virar e que vamos entrar nos números “pretos”. Dava uma pequena ajuda se a execução do PRR começasse de verdade.

Jorge Bento

Diretor do IT Channel