Tatiana Leitão da Silva, Senior Consultant Information Technology, Michael Page em 2019-10-09
Será que as inovações da tecnologia têm atualmente uma força e impacto tais que, no futuro, uma diminuição de oportunidades profissionais e um aumento de tempo livre podem ser previstos?
Tatiana Leitão da Silva, Senior Consultant Information Technology, Michael Page
A inovação trazida para o mercado de trabalho pela Indústria 4.0, a robotização e o aparecimento de serviços de delivery altamente automatizados já é uma realidade bem conhecida. Existem evidências que sugerem que existirão alterações significativas à escala socioeconómica, quando comparadas com os avanços tecnológicos mais esporádicos que temos visto até há pouco tempo. No entanto, surgem várias questões pertinentes: como colaboradores, estaremos social e psicologicamente preparados para um maior período do tempo livre? Poderemos aprender com a nossa história social e económica, regressando aos tempos em que o motor a vapor e a eletricidade foram introduzidos? Como é que gerimos a transformação do local de trabalho quando o computador se tornou uma parte fulcral do dia a dia laboral? O trabalho irá evoluir a todos os níveisMesmo que os primeiros a sentir o impacto sejam os perfis mais operacionais e as tarefas mais repetitivas, os desenvolvimentos mais recentes de Inteligência Artificial (IA), como o machine learning e o entendimento da linguagem natural, mostram um futuro em que o efeito poderá ser semelhante nos quadros de gestão e até perfis mais criativos. A automação derivada da robótica mais avançada e da IA não irá afetar apenas algumas skills mais elementares, mas também poderão existir ganhos económicos ao reduzir o tempo dedicado a tarefas e serviços mais rotineiros. Significará, então, uma melhoria para um colaborador que possa investir mais tempo em funções mais exigentes a nível intelectual? Levará a automação a que as pessoas desenvolvam as suas capacidades mais depressa? O que se espera, entre outras, é uma maior eficiência no trabalho, maior segurança e aceleração na progressão de carreira. O rápido crescimento das novas funçõesO incremento da automação é um prenúncio da chegada de um novo paradigma no mercado laboral. Uma vez que existe sempre um desfasamento desde que as novas funções são adotadas e as funções obsoletas são abandonadas, a requalificação e a renovação de skills serão fundamentais para o sucesso futuro do mercado de trabalho. Apesar de os robots e a IA serem soluções inevitáveis para assumirem várias das funções baseadas em análise de dados e reconhecimento de padrões, a interação entre homem e máquina sofrerá uma mudança que levará a uma eficiência máxima. A automação de tarefas repetitivas e baseadas em dados levará à criação de novos tipos de trabalho, com maior atenção ao modo como as pessoas e as máquinas trabalham em conjunto tendo em vista a maior eficiência possível. As reações à automaçãoAtualmente, já se sente alguma contrarreação cultural à automação, o que poderá levar a uma justificação por parte das empresas em relação aos processos de recrutamento. A ocupação das pessoas poderá certamente ser outro critério de responsabilidade social. Alguns dos exemplos mais controversos hoje em dia são os supermercados sem funcionários, completamente automatizados, a criação de aplicações que conseguem diagnosticar doenças através de imagem, entre outros. A disseminação da automação é uma realidade inevitável, pelo que uma boa preparação e aceitação são fundamentais para o sucesso desta tendência.
por Tatiana Leitão da Silva, Senior Consultant Information Technology, Michael Page |