E tratou de construir uma ponte, um pouco acima do lugar onde tinham atravessado antes. Como o método de construção era familiar aos soldados devido à ocasião prévia, foram capazes, por meio de esforços enérgicos, de completar a tarefa em poucos dias.
Caio Júlio César, A conquista da Gália
A Google está a trabalhar numa expansão de uma escala inédita para qualquer operador no espaço da cloud, para o número dos seus datacenters a nível mundial: está prevista a disponibilização de doze novas regiões a nível mundial entre o final de 2016 e 2017, a juntar às quatro que detinha até agora. O primeiro dos datacenters dessa nova geração deverá abrir em Oregon, nos Estados Unidos, seguindo-se Tóquio, no Japão, ambos ainda este ano. Para se ter uma padrão de medida para o anúncio feito em Março, basta notar que a Amazon, que é líder de marcado, conta atualmente com 12 regiões.
O maior número de regiões é crucial para incrementar a influência no espaço empresarial, uma vez que as aplicações críticas para os negócios são, frequentemente, dependentes dos tempos de resposta e estes das condições de rede, que dependem da proximidade entre o cliente e o datacenter. A Google tinha sinalizado as suas intenções de aumentar a pegada no mercado empresarial ao contratar, no passado mês de Novembro, Diane Greene, co-fundadora da VMWare, para dirigir a sua linha de negócio de cloud.
As mudanças de clientes de elevado perfil de um para outro fornecedor são por vezes anunciados quase como se de tranferências de jogadores se tratassem. Em Março soube-se que a Apple, que até agora tem estado ausente da oferta de cloud para o mercado empresarial, moveu parte da sua infraestrutura de AWS para a plataforma da Google, ou que a Spotify, responsável por um dos serviços de streaming de música mais populares do mundo, fez idêntica escolha. Nem todos os clientes optam, contudo, por mudar de um serviço de cloud pública para outro. A Dropbox, outro dos clientes de referência dos serviços da Amazon, tem estado a preparar-se para mudar para a sua própria infraestrutura, preparando-se certamente para concorrer com o seu anterior parceiro de negócio.
Nem tudo são más notícias para os Amazon Web Services, contudo: a Netflix terminou há pouco tempo a migração dos seus serviços, de uma infraestrutura própria para a cloud da Amazon. Se há uma conclusão a retirar destas movimentações recentes é que o panorama no mundo dos serviços cloud está longe da estabilização. Os intervenientes estabelecidos aumentam a parada, outros entram -- a IBM está num processo de criação de infraestrutura a um ritmo igualmente acelerado -- e os clientes mudam de fornecedores consoante as conveniências e as condições comerciais. Ao contrário de um dos receios mais estabelecidos, este é um mercado onde a mudança, não sendo sem custos, é possível e funciona de modo saudável.
Dados apresentados em Fevereiro pela Synergy Research Group mostram que a nível mundial a Amazon conseguiu em 2015 uma quota do mercado de IaaS de 31%, seguida pela Microsoft com 9%, a IBM 7% e finalmente a Google com 4%. No final de 2016, e sobretudo de 2017, estes números estarão fortemente alterados. A Google, que até agora esteve à defesa no mercado de IaaS, já percebeu que é a altura de mudar a tática de jogo.
Henrique Carreiro
Docente nas áreas de Cloud Computing e Mobilidade Empresarial na Nova Information Management School e Diretor da IT Insight
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