Henrique Carreiro em 2021-6-24
O ano de 1974 teve, em Portugal, o significado de uma mudança com implicações profundas na estrutura da sociedade. A um nível tecnológico global, 1974 foi marcado também pela introdução do protocolo TCP, que constitui a base sobre a qual assenta a atual Internet. É compreensível que bases estabelecidas há 47 anos não permaneçam estáticas
|
No final de maio, a IETF, Internet Engineering Task Force, que estabelece muitos dos padrões cruciais para a rede, deu o seu aval a um protocolo novo, denominado QUIC, que poderá substituir o TCP, e codificado na RFC 9000 (RFC são as normas estruturais da Internet). Os browsers Web e alguns serviços online testam a tecnologia do QUIC desde que a Google o introduziu como uma adição experimental ao Chrome em 2013, mas o selo da IETF é um sinal de que a norma está suficientemente madura para ser adotada de forma global. Num artigo de 2017 sobre o QUIC, a Google anunciou que a sua versão interna cortou o tempo de espera por resultados de pesquisa em 8% em PCs e 4% em telefones. O tempo perdido no “buffering” do YouTube diminuiu 18% para os utilizadores de PC e 15% para os utilizadores móveis. O TCP gere a forma como os dados são enviados na Internet. TCP e QUIC funcionam em conjunto com outro padrão, IP, abreviatura de Internet Protocol. A função do TCP é tornar as comunicações na Internet robustas, nomeadamente em caso de falhas nos circuitos de ligação. Entre outras coisas, o TCP trata do estabelecimento das ligações e da recuperação dos pacotes de dados que se perdem na transmissão. O QUIC faz as mesmas tarefas, mas de forma mais eficaz, cooperando com outro padrão, denominado UDP (User Datagram Protocol), que oferece melhor desempenho do que o TCP, mas carece de mecanismo para recuperar pacotes perdidos. O QUIC tem o seu próprio mecanismo, mais rápido do que o do TCP. O QUIC também é mais eficaz a estabelecer ligações cifradas, uma consideração importante uma vez que o QUIC, tal como o TCP, é uma base do HTTPS que os browsers utilizam para aceder ao código das páginas web. Em toda a escala da Internet, até pequenos ganhos se somam de forma dramática. O QUIC também lida melhor com mudanças de rede, nomeadamente nas transições entre Wi-Fi e rede móvel. Ainda que invisíveis estas são mudanças importantes, uma vez que há poucas que tenham um impacto a uma escala tão global como um rejuvenescimento no coração da Internet. |
