Henrique Carreiro em 2021-12-13
Recentemente, a Gartner procedeu à avaliação do número de downloads das apps empresariais entre o último trimestre de 2017 e o terceiro do corrente ano. Depois de um crescimento de cerca de oito por cento por trimestre, e de um pico no primeiro trimestre de 2021, ou seja, no início da pandemia, tem-se verificado um decréscimo constante de um por cento por trimestre desde então
Não sendo estas notícias tão más como podem parecer à primeira vista, ainda assim merecem uma análise de causas raiz. A própria Gartner avança com algumas explicações: Consolidação. Há relativamente pouco tempo, a tendência entre muitas marcas era criar um grande número de aplicações para múltiplas finalidades — até uma app por evento, por exemplo. Esta tendência levou à criação de muitas aplicações redundantes. Há muitas marcas que, desde então, consolidaram recursos para se concentrarem em apenas uma ou duas aplicações porque, na realidade, as aplicações móveis correspondem a muito trabalho e a manutenção é intensiva em recursos. Simplicidade. Muitos consumidores estão à procura de oportunidades para simplificar as suas vidas e reduzir a sua carga mental, especialmente depois do pico da pandemia. Assim, talvez possam sentir uma maior apreensão quando decidirem descarregar ou não mais uma aplicação móvel. Adicionalmente, talvez comece a existir também uma procura de valor acrescentado nas apps, algo que seja na verdade útil para o consumidor, mais do que algo que se instala e serve apenas para um único propósito uma vez. É tempo de as empresas repensarem o valor entregue numa app. Não basta que seja gratuita e esteja disponível numa store. Uma app coloca mais questões em termos de privacidade dos dados. Mesmo com as salvaguardas existentes nos sistemas operativos móveis, será sempre mais uma app a colher dados pessoais, dados de localização, a exigir cautelas extra. Os consumidores estão, evidentemente, mais cientes destes desafios em 2021 do que estavam antes. É altura da estratégia das empresas para a mobilidade passe a ter tais aspirações e receios dos consumidores em conta — simplicidade e preservação da privacidade. Sem isso, é muito provável que a criação de uma nova app se torne apenas em mais um sorvedouro de recursos, sem qualquer possibilidade de retorno do — muitas vezes vultuoso — investimento. |