Henrique Carreiro em 2021-10-12
O talho tem à porta a indicação clara: ‘Aceitam-se encomendas por WhatsApp’. Parece um sistema moderno para uma empresa de pequena dimensão estar mais perto dos hábitos dos respetivos clientes, mas como se terá comportado o negócio no dia do grande apagão que incluiu o WhatsApp e todas as restantes empresas do grupo do Facebook? Provavelmente, o sistema de encomendas parou. E como esta, milhões de outras empresas foram afetadas em termos dos seus negócios quando estes serviços estiveram em baixo perto de sete horas
De súbito, muitas empresas notaram como estavam dependentes de serviços de consumo que podem falhar – e falharão em algum ponto do tempo, devido à sua crescente complexidade. A equipa de engenharia do Facebook veio explicar entretanto, pelo menos parcialmente, o que levou ao grande apagão. Na verdade, uma sequência de infortúnios, que se seguiram a uma configuração mal feita em routers de “backbone”. Devido à forma como as empresas do Facebook têm os serviços de rede configurados nos data centers , o problema espalhou-se em cadeia, e os serviços do Facebook estiveram fora da Internet por todo aquele tempo, incógnitos, sem serem reconhecidos. Se o Facebook e restantes empresas do grupo tirarão lições deste grande apagão, os seus utilizadores andariam mal-avisados se eles próprios não as tirassem também. A primeira e mais evidente é que se os fornecedores deste tipo de serviços dependem de redundância para garantir que os respetivos serviços não param, os utilizadores deverão fazer o mesmo. É certo que quem depende de Instagram, por exemplo, para a respetiva atividade, pode não ter necessariamente alternativa, especialmente se tiver uma base de seguidores expressiva. Ainda assim, é indesculpável atualmente que uma empresa que vende produtos ou serviços ao público, não tenha o seu site de comércio eletrónico. Por outro lado, para as comunicações, se o WhatsApp é uma ferramenta quase universal, é também verdade que existem alternativas credíveis em serviços como Telegram ou Signal. Provavelmente, este terá sido um dia de glória para estas plataformas, com milhões de utilizadores descobrindo que necessitavam de uma alternativa. Na verdade, até o CEO do Instagram, Adam Mosseri, teve de recorrer ao Twitter para conseguir contactar com os milhões de clientes, enquanto o seu próprio serviço estava em inativo. |