Sofia Santos, Senior Consultant, Michael Page em 2021-2-17
Não é novidade para ninguém que o ano de 2020 foi bastante atípico
Esta alteração mundial das medidas de segurança e flexibilidade vieram impactar a forma como os profissionais vêm determinadas marcas e empresas. Isto significa que o EVP (employee value proposition) sofreu algumas alterações e as empresas do nosso mercado, têm feito um esforço para corresponder às novas necessidades dos seus colaboradores, ou seja, têm trabalhado o seu employer branding - uma tendência em crescimento no que diz respeito aos recursos humanos que se tem tornado numa das prioridades, e conceitos-chave para as equipas de gestão de recursos humanos e de marketing das empresas. A verdade é que o processo de recrutamento e seleção se tem tornado cada vez mais complexo. Hoje em dia, já não são apenas os empregadores que procuram os colaboradores perfeitos. Na hora de escolher o local onde querem trabalhar, também os candidatos valorizam um conjunto de aspetos – além do salário e da possibilidade de progressão na carreira – que tragam valor adicional à experiência de emprego. Isto significa que, com este cenário de insegurança que se instalou em março de 2020, os colaboradores passaram a dar verdadeiramente importância a fatores como benefícios de seguros, de poupança reforma, flexibilidade, estabilidade, desenvolvimento de carreira, autonomia, work-life balance, saúde mental, identificação com os seus managers, entre outros. A diversidade, equidade e inclusão permitem que as pessoas se revejam verdadeiramente na sua organização. Adotar práticas inclusivas demonstra aos funcionários que os seus líderes realmente se preocupam com a sua força de trabalho. Isso ajuda na transparência e mantém as equipas com um maior sentimento de responsabilidade. No que diz respeito às empresas na indústria tecnológica, o cenário é similar. Apesar de considerarmos que as empresas tecnológicas, na grande maioria, estavam bem preparadas para um cenário de remote-working e relativamente bem equipadas com benefícios ajustados aos seus colaboradores, houve claramente um esforço adicional para se ajustarem a esta nova realidade em que vivemos. Um dos principais fatores, já há muito tempo debatido, foi a flexibilidade. Sendo o COVID-19 um dos maiores transformadores digitais, esta autonomia de gestão do local e horário de trabalho foi muito bem aplicado e bem visto pelos colaboradores de 93% dos nossos clientes na área de IT. Por outro lado, a cultura da empresa sofre também algumas alterações. Num tempo em que a cultura das empresas é vivida, não apenas pelos seus colaboradores e candidatos entrevistados, mas também pelos seus familiares, o foco orienta- se cada vez mais para o equilíbrio entre obrigações pessoais e os compromissos de trabalho em casa. Para os empregadores, a preocupação está claramente mais assente no engagement e na promoção da marca da sua empresa pois, num mercado tão dinâmico como o nosso de IT, percebem que a diferença entre um colaborador permanecer na sua equipa ou sair, é mais do que um salário chorudo e a flexibilidade que, agora, todos oferecem. Numa época em que o recrutamento e o aliciar para novas oportunidades é mais acessível, se não conseguirmos criar a sensação de pertença nos nossos colegas, a probabilidade de uma saída é ainda maior. Em 2021, esperamos ver mais empresas com pessoas focadas no design da cultura organizacional e envolvidas no desenvolvimento da estratégia da Marca do Empregador, é por aqui que se conseguem diferenciar de tantas outras empresas cool e na vanguarda. Para uma empresa que deseja obter resultados impactantes de engagement, retenção e lealdade, essas funções serão essenciais para ativar e implementar mudanças. Como em todas as vertentes de gestão de pessoas, existem desafios sobre as estratégias a implementar para aumentar ou simplesmente trabalhar o nível de engagement dos nossos colegas, até porque é difícil implementar apenas medidas que agradem a 100% dos colaboradores. Contudo, existem pequenos passos como sessões de team building, facilidade e transparência na comunicação interna, nem que seja algo tão simples como uma plataforma de criação de conteúdos internos, seja para o cumprimento de procedimentos de compliance ou apenas para manter as equipas atualizadas sobre o que acontece na empresa; ferramentas de trabalho ajustadas à realidade de home-office, eventos virtuais e presenciais, quando a pandemia assim permitir, entre outras recompensas positivas do dia-a-dia. |