2016-3-10
A cloud está a migrar para a periferia da rede, onde até equipamentos como routers poderão tornar-se infraestruturas de suporte a cloud e virtualização, numa evolução a que se dá o nome de the fog (o nevoeiro)
Dentro do nosso alcance está o ócio dos cidadãos da Grécia antiga, tornado possível pelos nossos escravos mecânicos, que ultrapassam largamente os doze a quinze por cada homem livre, lá. Estes escravos mecânicos vêm em nosso auxílio. Quando entramos numa sala, ao toque de um botão uma dúzia ilumina-nos o caminho. Outro escravo senta-se vinte e quatro horas por dia junto ao termostato, regulando o calor da nossa casa. Outro, senta-se noite e dia no nosso refrigerador automático. Fazem arrancar os nossos carros; funcionar os nossos motores; brilhar os nossos sapatos. Cortam-nos o cabelo. Praticamente eliminam o tempo e o espaço pela sua diligência.
A IoT (Internet of Things) origina volumes gigantescas de dados, mas não é prático transferir tais quantidades de dispositivos da periferia para a cloud. Nem sequer é necessário, porque muitas análises críticas não exigem armazenamento e armazenamento de escala da cloud; por vezes, até, quando chega a altura de serem analisados na cloud, a oportunidade de agir sobre eles pode ter desaparecido. Fog computing complementa a cloud por forma a processar estes dois exabytes de dados gerados diariamente pela IoT. Processando os dados mais próximo de onde são gerados e necessários resolve os desafios da explosão dos volumes de dados, da respetiva variedade e velocidade. Acelera também a velocidade de resposta a eventos, eliminando uma viagem de ida e volta à cloud para análise. Evita a necessidade de largura de banda adicional, ao retirar o tráfego de rede do centro da rede. Aumenta também a proteção dos dados mais sensíveis, ao analisá-los dentro do perímetro da empresa. Em última análise, as organizações que adotarem fog computing, ganham uma visibilidade mais rápida e mais profunda do negócio, levando a uma agilidade de negócio incremental, níveis de serviço mais elevados, e melhores níveis de segurança. Apesar do nome de nevoeiro, o objetivo do fog computing é, afinal, proporcionar maior visibilidade a aspetos dos negócios difíceis de medir, ou mesmo opacos. E esse é, provavelmente, um motivo para este nevoeiro ter vindo para ficar. Henrique Carreiro Docente de cloud computing e mobilidade empresarial na Nova Information Management School |