Gregor Hophe, Enterprise Strategist at Amazon Web Services em 2021-7-28

OPINIÃO

Como desenvolver uma estratégia de sucesso em cloud?

Entregar aos clientes uma estratégia bem-sucedida pressupõe todos os pontos fortes de uma organização, bem como as restrições sob as quais opera. Não é algo que se possa copiar e colar, seja de um modelo ou de outro cliente

Como desenvolver uma estratégia de sucesso em cloud?

É fundamental apoiar os clientes a articular a sua estratégia. Que questões devem colocar? Quais são as decisões críticas que devem tomar? Por onde podem começar? Quando é que devem seguir a estratégia definida e quando devem ajustá-la às novas circunstâncias? Dentro do âmbito e da complexidade das organizações modernas de TI, estas são perguntas essenciais e que devem ser feitas.

A partir desta troca de informação, e da nossa experiência, aprendemos vários aspetos que ajudam a tornar uma estratégia bem-sucedida. Também descobrimos algumas dificuldades comuns que importa partilhar.

1.ª dimensão: um objetivo

A estratégia é uma ferramenta que ajuda a organização a atingir um conjunto de objetivos. Por mais óbvio que possa parecer, esta é também a primeira dificuldade mais comum: "estratégias" que não são realmente estratégias.

No caso de uma estratégia de cloud, podemos ter algo como "vamos transferir 80% da nossa carga de trabalho para a cloud até ao final de 2021” ou “vamos reduzir os custos da nossa infraestrutura em 30%.” Ambas são metas excelentes e facilmente alcançáveis graças à tecnologia e abordagens modernas. No entanto, não as podemos considerar como estratégias.

É muito fácil cair nesta ‘armadilha’, mesmo para organizações já com alguma maturidade, uma vez que estas ‘estratégias’ parecem ser extraordinárias. Mas só o são porque não passam de um desejo – e desejar algo é grátis. Como descrevo no meu livro A Estratégia da Cloud, a maioria dos desejos não se tornam realidade. E é por isso que precisamos de estratégias reais. A efetividade de uma estratégia passa por responder a perguntas como que workload vai migrar primeiro? Estamos a investir na modernização das aplicações antes de as mover ou substituir completamente? Como lidará com as interdependências?

Estratégias que apenas definem um objetivo, mas falham em descrever um caminho viável, são como colocar um ponto numa tela em branco e dizer que é ali onde queremos estar.

2.ª dimensão: o caminho

Entre as muitas definições que existem do termo estratégia, eu volto frequentemente à minha: “uma estratégia consiste numa série de decisões significativas: aquelas em que a pessoa poderia ter ido para a esquerda, mas foi para a direita.”

Estas decisões são como uma bifurcação numa estrada. Saber onde a estrada se divide significa saber quais as decisões disponíveis e quais as opções que cada caminho representa.

Na realidade, as estratégias não são linhas retas. Uma migração da cloud pode começar com um levantamento e uma transferência de aplicações, seguidos de uma nova arquitetura incremental para quebrar o monólito e, finalmente, reescrever vários serviços para serem nativos da nuvem. Noutra bifurcação, é possível, primeiro analisar cuidadosamente o seu inventário de TI e depois selecionar a melhor opção para cada workload. Todas são opções viáveis. A estratégia é definida pelas que acaba por escolher.

As estratégias são como um caminho do ponto A ao ponto B. Embora conhecer os dois pontos seja útil, o caminho dita as decisões críticas que terão de ser tomadas e, desse modo, a sua estratégia. Alguns caminhos podem levar a um beco sem saída ou a ter que fazer grandes desvios, por isso é bom usar a sabedoria quando traçarmos o caminho.

3.ª dimensão: o terreno

Os últimos tempos mostraram-nos que percorrer um caminho não é tão fácil quanto desenhá-lo num mapa. Pode haver um tesouro escondido numa ilha no canto do mapa, mas o caminho para lá chegar tem tempestades. O mesmo se aplica à estratégia de negócio e à estratégia de cloud: pode haver um atalho válido, mas acaba por ser um passeio na corda bamba, onde um único passo em falso pode causar inúmeros atrasos.

Num ambiente de negócios e tecnologia, não se trata apenas de uma questão de dar um passo em falso. O chão sobre o qual estamos pode desabar: uma pandemia pode mudar drasticamente o comércio, passando do físico para canais online. Pode, ainda, fazer com que o novo normal seja trabalhar a partir de casa. As evoluções dos produtos podem tornar as abordagens existentes obsoletas ou abrir novos caminhos. A concorrência também irá atuar e tornar os nossos objetivos e caminho originais menos atraentes.

A cloud oferece muitos recursos que podem ajudar a lidar com a incerteza. Aplicações escaláveis e uma infraestrutura flexível contribuem para preparar mudanças repentinas na procura entre os canais. Canais de entrega de software bem oleados tornam muito mais fácil implementar soluções que abordem mudanças nas necessidades do cliente ou do mercado.

A estratégia deve ir além de uma simples apresentação do caminho escolhido. Deve, também, mostrar o terreno em que ele assenta. Esta terceira dimensão permite perceber se se está a caminhar em encostas suaves, com muita liberdade de movimento, ou a escalar um penhasco muito íngreme.

Ao adicionar esta dimensão, há elementos importantes que passam a integrar a estratégia: o esforço da execução (o caminho mais curto é muitas vezes o mais íngreme), o risco (quão tolerante é a estratégia contra inevitáveis passos em falso) e a resiliência contra eventos externos (o que acontece se o terreno mudar cinco metros para a direita).

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