A apresentação do Apple Watch deixou muita gente com “mixed fellings”.
Não se trata de saber se, comparativamente com o Samsung Gear S, é um melhor ou pior “relógio”. Aliás o casamento entre os relógios agora lançados e os respectivos smartphones faz com que, ao escolher o telemóvel, se acabe por escolher qual o relógio que “casa” com ele. Logo, comparações a este nível são irrelevantes.
O iWatch é falado mesmo antes do iPhone, antes de 2007, e de alguma forma a Apple já teve o seu iWatch, tendo tido a oportunidade de fazer aquilo que sempre fez bem, estar 2 passos à frente no mercado de consumo.
Quando a Apple lançou o iPod Nano (v6), em 2010, esteve na verdade a um passo de ter o seu iWatch, ou a um passo de lançar uma tendência no consumo. Tinha o conceito básico, quase toda a tecnologia e a dimensão física de um relógio e de, alguma forma, realizou o conceito de um “relógio inteligente”.
Muitos fabricantes de acessórios apressaram-se a lançar pulseiras de todo o género para transformar o iPod Nano 6 num relógio de pulso. Não era fácil, porque a Apple não facilitou em termos do chassis, mas mesmo assim muitos consumidores compraram o Nano e usaram-no ao pulso como o seu relógio. Tinha algumas características interessantes, entre as quais uma aplicação da Nike que era um pedómetro: era levíssimo, tinha todas as funções do iPod e era um relógio. Faltou portanto apenas um pequeno salto para o iWatch: introduzir algumas características cuja tecnologia até já estava disponível, refazer o design do chassi e, em 2011, poder-se-ia ter tido o iWatch, uma revolução na altura. Afinal lançaram um iPod maior. Steve Jobs morreu e a Apple colocou o relógio no congelador.
Todas as reviews sobre o IWatch são à partida, e não dispondo ainda do aparelho para testes, favoráveis.
A comercialização é só em 2015 e só nessa altura se vai saber mesmo o principal “mistério” do iWatch, que é a sua autonomia.
Esse era o ponto desfavorável do Nano, e na verdade não estamos habituados a ter de recarregar os nossos relógios.
Mas, no final, ficam dois pontos amargos na apresentação deste iWatch: o design que não ficará para a história, nem terá lugar no MoMa (Museu de Arte Moderna de Nova York), onde se podem apreciar alguns modelos da Apple; e o timing falhado, após vários concorrentes e 3 anos perdidos. |