Jorge Bento em 2022-7-08
Como jornalista, nunca escondi que, de todos dos debates, fóruns e mesas-redondas das várias publicações IT da nossa Editora, nenhuma me dá mais prazer em moderar do que este fórum com os leitores do IT Channel
Possivelmente, porque os intervenientes são mais espontâneos ao não sentirem a responsabilidade de falar para potenciais clientes, mas, sobretudo, porque a conversa decorre como as “cerejas”, sem um rumo pré-definido e sempre com participações muito relevantes. Dos vários temas abordados nesta tertúlia destaco um que diz respeito à capacidade dos vários Parceiros colaborarem entre si. Sabemos que as empresas portuguesas são, tradicionalmente, muito pouco abertas a interagir com os seus concorrentes; diria mesmo que os cidadãos estão muito pouco disponíveis para trabalhar em conjunto, mesmo quando isso é do seu óbvio interesse. A reunião de condomínio deve ser o ponto alto anual do associativismo do cidadão português (neste caso, porque é forçado). Definitivamente, não está no nosso ADN cultural ter a iniciativa de nos associarmos, algo que, de acordo com antropólogos, explica em boa parte o sucesso das sociedades do norte da Europa, a partir de onde irradiou o formato de organização do trabalho, da produção e do comércio que conhecemos globalmente. Para prestadores de serviços nas áreas tecnológicas – e é isso que, crescentemente, os Parceiros são –, mesmo que não tenham a motivação imediata de estabelecer relações estratégicas com outras empresas do mesmo setor, pelo menos estabelecer relações táticas para projetos concretos é, hoje, fundamental. Ninguém pode ter as competências internas para endereçar todos os projetos, e, mesmo que as tivessem, não há recursos humanos disponíveis com o grau de preparação e especialização necessários. Um acelerador no mercado português para a formação de Parceiras táticas ou mesmo estratégicas é o facto de Parceiros nacionais relevantes terem vindo a ser adquiridos internacionalmente e outra cultura de gestão se começar a fazer sentir. Pessoalmente, não gostava que todas as empresas importantes no Canal de IT tivessem a decisão estratégica ou a propriedade sediada fora do país. Como tal, é cada vez mais importante que os nossos empresários comecem a trabalhar verdadeiramente em conjunto, para ganhar massa crítica ou para serem mais eficientes na sua oferta junto do cliente final.
Diretor do IT Channel |