Nada de revolucionário ocorreu na Apple após Steve Jobs Tim Cook, CEO da Apple, lidera os destinos da empresa desde finais de 2011.
Como seria de esperar, o CEO e a sua equipa fazem uma gestão competente da empresa.Sob o ponto de vista da Gestão, os acionistas não poderiam estar mais contentes com um CEO do que estão com Tim Cook.
Mas a maré pode mudar a qualquer momento e 2015 vai por a prova a liderança de uma empresa onde não existem mais revoluções criativas, apenas evoluções sobre produtos e conceitos criados no tempo de Steve Jobs.
Os 5 problemas que a Apple não vai admitir:
1 - Estamos sem ideias
Com a brutal frontalidade e ironia que sempre o caracterizaram, Larry Ellison, fundador da Oracle, referiu-se à gestão Apple pós Steve Jobs como: -“I’d like to paint like Picasso, what should I do? Should I use more red?”
A falta de ideias geniais começa a fazer-se sentir na Apple, independentemente de quantas versões gigantes do iPhone 6 são lançadas, ou se temos agora um iPad em miniatura e um iPod Nano de pulso (Apple Watch).
Nenhum projeto verdadeiramente disruptivo avançou após Steve Jobs.
Temos máquinas com processadores mais rápidos, ecrãs de maior resolução e sistemas operativos que juntam features às que já existiam. Na verdade nada de novo, porque tudo é uma evolução do que foi criado até 2011.
Com metade do volume de vendas dependente do iPhone ( ± 100 bilions $usd), a Apple tem ainda conseguido convencer milhões de utilizadores a trocar os seus smartphones por novas versões cada vez lançadas com um menor intervalo, mas a repetição desta fórmula tem um limite.
2 - Os nossos clientes estão fartos de versões novas
Os lançamentos da Apple, de novas versões, estão a ficar parecidos com os da indústria automóvel, “Venham ver: trocamos o ar aos pneus!”.
Se ainda existem aderentes para trocar de smartphones com um ano, existe agora um pujante comércio de segunda mão. Em Setembro, e antes do lançamento do iPhone 6, o mercado de segunda mão da versão 5 do iPhone explodiu 671% face ao mês anterior, de acordo com a NextWorth.
Este número crescente de pessoas que preferem uma boa oportunidade de preço por uma tecnologia que tem um ano, em vez de correr para o retalhista mais próximo, ganha em cada lançamento mais adeptos entre utilizadores que anteriormente eram compradores de equipamentos novos.
Para os resellers, comprar Apple é comprar um produto já fora de prazo, tão perto está um novo release que a gestão de stocks é um problema.
A contabilidade é frenética: desde o início do século foram 6 iPods, 2 iPods mini, 7 iPods nano, 4 iPod Shuffle, e desde 2007 foram 10 iPhones e 6 iPads desde 2010. Nenhum mercado aguenta tanto lançamento sem cansaço.
3 - A privacidade e segurança tornaram-se um problema
É inútil dizer que as vedetas de Hollywood são tontas, e esse foi, de forma mais polida e política, a primeira reação da empresa à violação de contas Apple ID.
A “maçã” tem uma grande reputação de segurança, em parte ganha pela base de linguagem Unix do OSX, em parte devido ao “ecossistema” fechado de apps, e em parte porque o esforço para derrubar o sistema não era tão compensador aos hackers num mercado restrito de utilizadores elitistas.
Mas este cenário mudou nos últimos anos, e a Apple é atualmente guardiã de dados pessoais e bancários de mais de 230 milhões de pessoas.
Quando nos finais de 2011 o iCloud substituiu o exclusivo serviço pago @me, a Apple abriu as contas a todos os utilizadores, permitindo inclusive que usem e-mail de outros providers e com as passwords destes e-mails, para abrir contas maioritariamente usadas por utilizadores iPhone.
Regras rígidas de registo viraram 2 campos de preenchimento, e para não dificultar quem ainda usava passwords “medievais”, foram pedidos requisitos mínimos.
O “buraco dos fundos” parece ter sido a aplicação “find my iPhone” (a Apple nunca revela assuntos relacionados com segurança ), que de acordo com o site Engadget permitia um número indeterminado de tentativas de passwords.
Fotos de vedetas nuas tornaram-se virais na Internet porque o conteúdo é “simpático” de divulgar, mas nunca se teve a informação da quantidade de contas violadas, com acesso não só aos álbuns de fotos, mas a outras informações pessoais relevantes que os utilizadores colocam na “nuvem”, o que pode incluir dados financeiros e outros dados sensíveis dos utilizadores.
Uma mancha na até agora imaculada reputação de segurança da Apple, e um mau serviço prestado a todos os serviços Cloud.
4 - iPad é o filho problema
A vendas dos iPad seguem o padrão das vendas dos iPod, estão em quebra.
Independente da versão mini, as receitas estão em queda há três trimestres consecutivos e a previsão é que o próximo trimestre siga a tendência, até por canibalização do iPhone 6 Plus.
Se todo o universo tablet sofre agora de crescimento lento, o iPad sofre mesmo de uma queda abrupta de 5,9 bi $usd para 5,3 bi $usd no último trimestre.
A previsão da IDC para todo o ano de 2014 é de uma queda homologa nas vendas de 12,7%.
A razão deste comportamento é um prenúncio do que pode vir a acontecer com o iPhone muito em breve. O período de recompra dos iPad está a aumentar, eles não tem muito por onde avariar ou deteriorar, e a necessidade sentida pelos users da Apple para comprar o último modelo é cada vez mais reduzida.
No mercado dos tablets é preciso também considerar que a Samsung e outros fabricantes tem sido rivais crescentemente mais importantes, com produtos mais acessíveis e fiabilidade do Android melhorada.
O "gap" entre iOS e Android já foi maior, e está a encortar.
5 - Adeus iTunes, o Download morreu
Lançado em 2003, o iTunes Store teve o mérito de dar à industria discográfica um modelo de negócio para a era digital, num mundo que parecia estar à beira da implosão, dominado pelo Napstar e inúmeros files share servers ilegais.
Com um sistema de direitos de autor protegido (DRM) e baixos custos de distribuição (33%), as editoras tiveram no iTunes uma sobrevida para as suas receitas, e os artistas passaram a programar os seus lançamentos para o universo da loja de música mais bem sucedida da história: a Apple.
Mas a maré está a mudar novamente, o sentido de propriedade de uma obra musical por parte do ouvinte (tenha sido comprada legalmente ou pirateada) está a desaparecer, sobretudo para as novas gerações.
Não importa se detemos a música, importa se ela está sempre disponível online.
YouTube, Spotify, Vevo e Zune são hoje os grandes serviços de música por streaming e estão a fazer estragos, tanto na indústria discográfica, que já não obtém as margens de 0,66€ por música comprada, como nas contas da Apple.
As receitas do iTunes Store baixaram 6% de 2013 para 2014 e essa tendência não vai parar aqui. Os consumidores que ainda valorizam a propriedade estão a ser substituídos por jovens que se satisfazem apenas com a disponibilidade. |