2023-8-03

BIZ

Os quatro riscos que vão impactar as organizações na segunda metade de 2023

Os Chief Risk Officers inquiridos no relatório do Fórum Económico Mundial dão conta de um conjunto de riscos em diversas áreas, nomeadamente relações geopolíticas, economia, política interna, sociedade e tecnologia

Os quatro riscos que vão impactar as organizações na segunda metade de 2023

O Fórum Económico Mundial lançou o seu primeiro ‘Global Chief Risk Officers Outlook’, o relatório que identifica as maiores e mais prováveis ameaças ao crescimento económico na segunda metade do ano.

O relatório revela que os Chief Risk Officers (CRO) estão agora mais preocupados com a “volatilidade contínua nas relações geopolíticas e geoeconómicas”, antecipando “convulsões à escala mundial”.

A investigação de junho teve por base a avaliação do nível de volatilidade em cinco áreas distintas: relações geopolíticas, economia, política interna, sociedade e tecnologia.

Os CRO selecionaram um conjunto de riscos que teriam um “impacto severo” nas organizações até ao final de 2023.

Indicadores macroeconómicos

No passado mês de junho, o Banco Mundial estimou um crescimento do PIB mundial de 2,1% para 2023, em comparação com os 3,1% verificados em 2022.

Apesar de estar em queda, a inflação continua ainda a ter impacto em alguns países, impactando também o cenário de risco económico. Como consequência, as taxas de juro estão agora no seu valor mais alto na Europa, provocando um aumento do valor dos empréstimos. Quase um quarto dos CRO inquiridos considera que é “altamente provável” que a crise da dívida “tenha um impacto severo” nas suas organizações.

Por outro lado, são poucos os CRO que olham para o desemprego como um dos principais riscos para a sua organização. Metade dos países da OCDE relata inclusive recordes nas taxas de mercado.

Interrupção da cadeia de abastecimento

Mais de metade dos inquiridos destacou as interrupções na cadeia de abastecimento de determinados recursos, como os combustíveis, como altamente prováveis de ter um impacto severo nas organizações nos próximos meses. 

O fenómeno climático El Niño pode contribuir para interromper a produção agrícola e levar à escassez de água. Alguns dos CRO inquiridos colocam ainda a possibilidade de uma nova crise energética proveniente de choques geopolíticos.

Conflitos armados e uso de armas

Metade dos CRO acredita que os conflitos armados terão um grande impacto na sua organização nos próximos seis meses, com interrupções indiretas no comércio e nas cadeias de abastecimento. A invasão russa da Ucrânia é um dos exemplos mais recentes, uma vez que, apesar de ocorrer num determinado espaço geográfico, tem efeitos colaterais e afeta outros países devido às interdependências globais.

Mudanças regulatórias, aplicação de lei, incluindo desenvolvimentos de transição verde e inteligência artificial

Metade dos CRO inquiridos considera que as alterações regulatórias, de conformidade e aplicação, como possíveis desenvolvimentos regulamentares relacionados com alterações climáticas e tecnologias de IA, podem revelar-se um risco no próximo semestre do ano.

“O maior risco é a falta de compreensão sobre o ritmo da mudança e as implicações”, explicou um dos CRO inquiridos, numa altura em que os riscos éticos e sociais são cada vez mais complicados de gerir, como é o caso das tecnologias de inteligência artificial. Na opinião geral dos CRO, o desenvolvimento e a implantação de inteligência artificial está já a “superar” a gestão desses potenciais riscos e a capacidade de resposta construtiva por parte da sociedade.

Gerir riscos

As empresas que pretendem construir uma boa estratégia de gestão de riscos têm de estar alerta para as ameaças a longo prazo.

“O foco excessivo em riscos de curto prazo, como a crise do custo de vida, pode nos distrair do que deveria ser uma abordagem de longo prazo e grande angular. Um foco muito específico nos riscos que provavelmente dominarão os próximos seis meses pode distrair-nos facilmente de lidar com os grandes riscos que determinarão o futuro”, explica Peter Giger, diretor de riscos do Zurich Insurance Group, que participou na investigação.

A inteligência artificial é um dos exemplos, sendo necessário mitigar ou adaptar possíveis mudanças que esta nova tecnologia pode trazer à vida das empresas.

Na visão de Peter Giger, “compreender como é que os riscos se podem conectar e até amplificar uns aos outros é um passo importante para definir estratégias de mitigação e decidir onde investir os recursos escassos”. O principal foco passa por aumentar a resiliência empresarial de forma que as empresas consigam gerir “ativamente o lado negativo e positivo das mudanças nos ambientes de negócios”.

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