2016-3-16
O setor da saúde tem dado passos importantes na organização eletrónica dos recursos e na sua desmaterialização, o que significa oportunidades crescentes para os prestadores de TI desta área
Diversas tendências tecnológicas estão a convergir para facilitar todos os processos envolvidos no setor da saúde, seja do ponto de vista da desmaterialização dos processos clínicos, da interoperabilidade ou do tratamento dos dados. O envolvimento do paciente na monitorização da sua própria saúde é também uma das maiores tendências, tendo em conta a proliferação dos wearables e a emergência da Internet of Things (IoT). Vários investigadores defendem mesmo que 2016 deverá marcar o início de uma nova era a este respeito.
A importância da desmaterialização
A saúde é um tema que inspira cuidados na recolha de dados clínicos em suporte informático. Este setor encontra-se perante uma transição dos processos em papel para o Processo Clínico Eletrónico. Neste contexto, a natureza confidencial e privada das fichas clínicas exige atenção redobrada na desmaterialização de processos de gestão da informação. A transmissão e o armazenamento de dados clínicos têm de ser salvaguardados de acordo com a legislação em vigor e melhores práticas.
A eficiência, segurança, coerência, automatização e consolidação de todo o percurso, desde que o utente é admitido até receber alta médica (e o seu acompanhamento posterior), sem esquecer a comunicação de relatórios internos e externos, são vantagens de destaque do Processo Clínico Electrónico.
As lacunas dos antigos processos em papel, notavelmente as discrepâncias entre a prescrição de exames e a receção efetiva dos resultados pelo médico (por vezes extraviados) ou a ilegibilidade, ou redundância da informação, são prevenidas pela emissão eletrónica dos pedidos de exames. A responsabilidade de encaminhamento dos pedidos deixa de pertencer às várias pessoas envolvidas na ação, transitando para o sistema informático, que desempenha esta função automaticamente, embora nem sempre dispense a intervenção humana nas pontas do processo.
Simplificação e interoperabilidade
Os diversos departamentos, como os de investigação e desenvolvimento, clínicos, de apoio ao utente e financeiros, têm a ganhar quando podem comunicar dados importantes entre si. As organizações veem simplificada a partilha de dados externamente sobre reclamações, fichas de doentes, processos clínicos (completos ou parciais), requisições de fornecedores e relatórios governamentais.
As unidades necessitam cada vez mais de serviços que permitam ao utente, de forma simples e gratuita, aceder ao perfil clínico on-line, à marcação de consultas, à prevenção de riscos para a saúde e recomendações gerais destinadas a melhorar a qualidade de vida.
Um processo clínico eletrónico implica que a informação cruze variados sistemas, de diversos fabricantes. A interoperabilidade assume uma dimensão fundamental para que a transmissão seja possível e os dados cheguem ao seu destino com segurança, precisão e em tempo útil. Estes fatores tem impacto na qualidade do serviço prestado aos utentes.
Apesar de essencial, a interoperabilidade compõe uma parcela significativa dos orçamentos de TI. Standards internacionais como a família “HL7 Health Level Seven” asseguram uma plataforma comum de comunicação de dados clínicos, fiável, entre sistemas de vários fabricantes. Resultados de exames ficam habilitados a serem transmitidos diretamente entre sistemas (de entidades diferentes), ou introduzidos na ficha eletrónica que reúne todo o historial do paciente.
Simplificação e interoperabilidade
Os diversos departamentos, como os de investigação e desenvolvimento, clínicos, de apoio ao utente e financeiros, têm a ganhar quando podem comunicar dados importantes entre si. As organizações veem simplificada a partilha de dados externamente sobre reclamações, fichas de doentes, processos clínicos (completos ou parciais), requisições de fornecedores e relatórios governamentais.
As unidades necessitam cada vez mais de serviços que permitam ao utente, de forma simples e gratuita, aceder ao perfil clínico on-line, à marcação de consultas, à prevenção de riscos para a saúde e recomendações gerais destinadas a melhorar a qualidade de vida.
Um processo clínico eletrónico implica que a informação cruze variados sistemas, de diversos fabricantes. A interoperabilidade assume uma dimensão fundamental para que a transmissão seja possível e os dados cheguem ao seu destino com segurança, precisão e em tempo útil. Estes fatores tem impacto na qualidade do serviço prestado aos utentes.
Apesar de essencial, a interoperabilidade compõe uma parcela significativa dos orçamentos de TI. Standards internacionais como a família “HL7 Health Level Seven” asseguram uma plataforma comum de comunicação de dados clínicos, fiável, entre sistemas de vários fabricantes. Resultados de exames ficam habilitados a serem transmitidos diretamente entre sistemas (de entidades diferentes), ou introduzidos na ficha eletrónica que reúne todo o historial do paciente.
Recolher informação em tempo real
A mobilidade é outra tendência tecnológica relevante neste setor, estando diretamente relacionada com a monitorização da saúde em tempo real, possível através dos dados provenientes de fontes dispersas, tais como wearables, smartphones e medidores de glicose. Integrá-los e correlacioná-los permite obter uma visão holística e em tempo real da saúde do paciente.
A tecnologia móvel pode ainda auxiliar na gestão de risco, através da monitorização dos sinais vitais dos pacientes e da sua resposta aos tratamentos.
Além do mais, o acesso crescente dos pacientes a dispositivos que monitorizam a sua saúde faculta um diagnóstico sem que o paciente tenha a necessidade de se deslocar ao consultório.
Analítica ao serviço da integração de dados
As ferramentas de analytics e intelligence baseadas em Machine Learning podem tirar partido dos dados reunidos, cruzá-los, fazer previsões e revolucionar a compreensão de fenómenos da saúde humana através da análise de vastos volumes de dados de qualidade ímpar. O conhecimento extraído pela via informática serve como suporte de apoio à decisão.
Aliás, os softwares de análise de dados são particularmente úteis para este setor, pois ajudam as unidades hospitalares a não desperdiçar os dados que recolhem e produzem diariamente, em quantidades massivas, e a transformar toda a informação recolhida em conhecimento útil e valioso. Esta é, aliás, uma das principais preocupações dos CIOs e responsáveis de TI destas áreas. As soluções de analítica, visualização e reporting são, pior isso, cada vez mais necessárias. As unidades públicas, por exemplo, necessitam deste tipo de ferramentas para reportar todos os dados da atividade ao Ministério da Saúde. A jusante de tudo isto está não só a possibilidade de disponibilizar um melhor serviço aos utentes, como uma maior produtividade das unidades hospitalares, uma vez que, depois de trabalhada, toda esta informação é extremamente útil para a gestão, que passa a poder antecipar determinados cenários.
Por outro lado, a coleção de dados em bruto em big data lakes a partir de sensores disseminados, nas pulseiras fitness dos utentes, nos smartphones, até aos sistemas clínicos das organizações de saúde, oferece um manancial de dados prontos a aproveitar.
Apoio à Gestão
A boa gestão dita que a medição dos resultados é imprescindível. Para facilitar o esforço de aproximação entre os níveis de decisão política e gestão hospitalar, os índices das atividades são passíveis de ser medidos, a coberto dos sistemas eletrónicos. A contabilização de resultados demonstra a eficácia de políticas e ações. Permite premiar o bom desempenho e rever o mediano. Este controlo permite ganhar uma nova perspetiva sobre a coesão de equipas e a coerência da sua atuação, em torno de objetivos e planos de ação partilhados numa lógica de benefício do utente. Indepentemente das mudanças de ministros e de eleições.
Em última análise, a contabilização financeira permite quantificar e avaliar onde e como se gasta e consomem recursos no sistema, e com que produtividade. Desta forma, contribui-se para a transparência do sistema, alavancando melhorias que se refletem nas contas finais. Os resultados podem então ser comparados com as referências nacionais e internacionais.
A digitalização da informação médica de pacientes promete ser um passo fundamental para transformar a gestão de doença num processo de gestão da saúde dos utentes.
As tecnologias de apoio à atividade clínica percorreram um longo caminho desde o sistema inaugural “SONHO”, lançado em 1994 e do “SINUS”, ou dos mais recentes “SAM” e “SAPE” construídos numa camada web sobre os primeiros.
O Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHLN), que inclui os Hospitais de Santa Maria e de Pulido Valente, é um exemplo de evolução digital. Sob a batuta do CIO, João Louro, o grupo tem em curso um programa global de rollout do Processo Clínico Eletrónico a todos os 61 serviços clínicos do CHLN. A transição abrange blocos operatórios, serviços de internamento, hospitais de dia e ambulatório.
Este programa de interesse estratégico com a duração prevista de dois anos representa um investimento de três milhões de Euros. A sua candidatura ao programa SAMA 2020 (Sistema de Apoio à Modernização e capacitação da Administração Pública) foi aprovada.
A organização renovou todos os equipamentos do data center (400 servidores, 30 aplicações, 150 TB de storage, backups, monitorização, segurança, core de rede, central telefónica) e mais de 40% dos três milhares de computadores pessoais nos últimos 3 anos. Tudo em nome da fiabilidade.
Em curso prossegue a substituição das redes de switching e wireless e a renovação dos restantes computadores pessoais.
Estão a ser implementados mecanismos de tolerância a falhas nos servidores, no storage e na rede para melhorar a resiliência. Para minorar o impacto em caso de falha e reduzir os tempos de recuperação, estão a ser produzidos planos de contingência por área. Todos os equipamentos e aplicações estão cobertos por contratos e planos de manutenção.
Com vista a assegurar o funcionamento sem falhas do ambiente tecnológico com a dimensão e o volume de atividade do Centro Hospitalar Lisboa Norte são necessárias soluções informáticas comprovadas, arquiteturas resilientes e manutenção preventiva devidamente programada.
O CHLN produziu um conjunto de melhorias a nível de organização e processos, devidamente suportadas por tecnologia: foram criados níveis de coordenação intermédios, o que permite aumentar a autonomia de decisão e responsabilização. Foi estabelecida uma estrutura de gestão de programa e de controlo/reporting das atividades informáticas internas e dos fornecimentos de bens e serviços. Também foi implementado um sistema de gestão de incidentes e pedidos de serviço, o que permite agilizar a comunicação entre as equipas e os utilizadores.
O Serviço de Sistemas de Informação do CHLN encontra-se num período de transição com vista a adoptar a norma ISO20000. Dele resultará a criação de um catálogo de serviços e uma hierarquia de classificação de problemas para melhor diferenciar incidentes, problemas, pedidos de serviço e pedidos de alteração, com melhor controlo dos níveis de serviço.