Rui Damião em 2021-7-14

BIZ

Mesa Redonda

O crescimento do mercado de servidores, armazenamento e virtualização

Depois de um 2020 em que o crescimento pode não ter sido o desejado, as previsões apontam para um crescimento de dois dígitos nos próximos cinco anos para o mercado de servidores empresariais. Cisco by Comstor, Érre Technology, HPE, Lenovo, Schneider Electric e StorageCraft partilham a sua visão sobre o presente e o futuro do mercado de servidores, armazenamento e virtualização

O crescimento do mercado de servidores, armazenamento e virtualização

2020 foi um ano relativamente parado para o mercado de servidores empresariais em resultado das prioridades durante a pandemia, tendo vários mercados ocidentais registado uma ligeira contração. No entanto, com o desconfinamento, o voltar ao escritório e o acelerar da digitalização da economia, é esperado um crescimento de dois dígitos nos próximos cinco anos.

Em Portugal, para além da iniciativa privada, é preciso recuperar sistemas públicos envelhecidos. O Plano de Recuperação e Resiliência, que será operacionalizado em breve, contém a componente de Transição Digital com verbas acima dos 2,4 mil milhões de euros, tanto para o setor privado como para o setor público; no último caso, já está definida uma parte substancial para as infraestruturas core de IT.

Toda esta transformação digital exige que o data center se adapte e evolua porque, mais do que nunca, são necessários recursos crescentes de processamento e armazenamento, que têm de estar on-premises para poderem servir o negócio e as organizações em tempo real, já que a cloud pública é utilizada como um complemento, e não como uma substituição da computação de proximidade.

Prioridades

As prioridades das organizações durante a pandemia levaram a que 2020 fosse um ano relativamente flat para o mercado de servidores empresariais. A primeira metade de 2021, no entanto, pode ter assistido a outra realidade, uma vez que a azáfama da pandemia acalmou e as organizações puderam pensar melhor na realidade das suas operações.

Ana Carolina Cardoso, Iberian IT Channel Director da Schneider Electric, refere que “sem dúvida, 2020 mostrou a resiliência do mercado de IT como um todo. Demonstrou e expôs a necessidade de investimento em armazenamento, ferramentas de colaboração e dados. O que sentimos foi que houve uma aceleração da digitalização das empresas e uma necessidade grande do ponto de vista de servidores e os fabricantes de servidores não venderam mais porque não tinham, o que também resultou na aceleração da mudança para a cloud pela velocidade com que precisam de crescer. Do ponto de vista das infraestruturas, houve a necessidade de ferramentas de colaboração, de acesso remoto aos dados que estavam nas empresas, e sentimos o impacto do crescimento do servidor, no redimensionamento de data center e, principalmente, em edge computing. Sentimos um crescimento de pequenos data centers, da necessidade de resiliência e, principalmente, de remodelação que vai continuar a existir em 2021”.

Pedro Rosa, Data Center Solutions Architect da Comstor, que, nesta mesa-redonda representa a Cisco, indica que 2020 “foi um ano muito atípico, com muitos projetos adiados para 2021, mas com muitos projetos que não estavam previstos a aparecerem, nomeadamente projetos de VDI para responderem às necessidades do trabalho remoto. Muitas empresas viram o VDI como algo para os utilizadores acederem de uma forma segura e, ao mesmo tempo, protegerem os dados da empresa e adotaram estes projetos. Ao mesmo tempo, notámos um crescimento em software-defined networking e houve várias empresas que começaram a apostar mais na virtualização das redes para responder às necessidades do trabalho remoto. Hoje, vemos que há projetos que deviam ter acontecido em 2020 que não aconteceram e que estamos a vê-los passar para este ano; no entanto, estão um pouco atrasados por causa dos problemas relacionados com a disponibilidade de semicondutores, que estão a atrasar a entrega de muito material”.

Ainda que a StorageCraft não tenha uma presença direta no mercado de servidores, “a realidade é que recebemos bastantes sinais do mercado; ao estarmos na área do licenciamento de software de proteção de dados, e a partir do momento em que existem novos servidores, há novos dados para proteger e conseguimos ler isso no negócio de licenciamento”, explica Vasco Sousa, Channel Account Manager da StorageCraft. “No que respeita à primeira metade de 2021, o mercado está a trabalhar e a funcionar de uma forma mais regular do que em 2020, especialmente ali com os soluços que arocorreram no final do primeiro trimestre. Noto uma continuidade de negócio bastante maior, com as restrições que vemos a nível dos semicondutores. Tendencialmente, naquilo que diz respeito ao cliente final, não vemos suspensões de projetos ou a ficarem pendentes; não teve nada a ver com aquilo que foi 2020. Está a ser um 2021 bastante positivo”.

Nuno Afonso, CTO da Érre Technology, afirma que no mercado alvo onde atua – as PME na área da indústria – “houve uma continuação, que vem desde 2020, de retração do investimento que diz respeito a este negócio mais tradicional de servidores, armazenamento e virtualização. Ou seja, a nível de hardware, sentimos uma retração que continua este ano. Os clientes da área da indústria continuam muito cautelosos e todos os investimentos são muito ponderados. Optam por manter a base de infraestruturas computacionais inalteradas e os investimentos que temos visto estão muito focados na segurança dos dados e no acesso remoto a esses mesmos dados. A nível de serviços, curiosamente, não sentimos tanta retração. Temos aqui uma procura mais dinâmica de serviços para otimizar as infraestruturas que, no fundo, não são trocadas para permitir que funcionem o melhor possível e respondam às necessidades dos clientes e temos assistido a uma procura muito acentuada de serviços de migração para a cloud”.

Volumes de dados

É sabido que os volumes de dados gerados pelas organizações é cada vez maior, o que leva a uma maior necessidade de tratar esses dados. Importante perceber, no entanto, se essa necessidade está ou não a levar à substituição dos equipamentos mais antigos, o tipo de organizações que está a apostar nas soluções on-premises e, também, para que tipo de reais necessidades.

Luciano Zoccoli, Solution Architect Infrastructure Solution Group – Iberia da Lenovo, diz que “o que vemos é que os nossos clientes estão a efetuar esta renovação tecnológica continuando a trocar equipamentos. No entanto, esta troca de equipamentos leva a algumas indicações específicas, ou seja, não é uma troca por troca, mas tenta-se melhorar tecnologicamente. O primeiro ponto onde todos estão a canalizar a sua renovação é para all-flash; quando temos operações de all-flash, cada cliente tem que ter uma solução all-flash on-premises, não vai ter uma solução all-flash na cloud, porque esta solução tem a latência e a velocidade que são importantes para dar resposta àquilo que são os requisitos dos clientes que estão dentro do data center. Continuamos a ver que há uma compra efetiva de armazenamento para o data center e os projetos também têm alguma capacidade de misturar alguns requisitos para aquilo que são soluções híbridas, ou seja, que têm uma capacidade de armazenamento dentro do data center, mas também que se possa estender através de ligações à cloud”.

Ana Carolina Cardoso salienta que “algumas empresas tiveram que se adaptar e fazer investimentos e, talvez, através da modernização do que já tinham. Houve empresas que sofreram mais com a crise, tiveram mais dificuldades em fazer novos investimentos e tiveram que se adaptar, o que levou alguns investimentos a serem atrasados para este ano. O bom que isto trouxe foi uma nova vertente; temas como software, digitalização, acesso remoto ou serviços digitais que antes eram um bicho de sete cabeças – principalmente no mercado industrial. Como as pessoas não estavam dentro das suas empresas, tiveram que adotar novas ferramentas digitais. Houve uma modernização na colaboração, na forma de gerir os serviços – de melhor gerir e otimizar. Houve uma grande abertura e visibilidade nos problemas; as empresas foram expostas a temas de cibersegurança, foram expostas a temas de falta de armazenamento e de ferramentas e tiveram que correr e remodelar”.

Vasco Sousa afiança que, “em termos das necessidades, vejo uma procura na componente de segurança. Ainda há uns dias vimos um ataque que se tornou mediático pelas consequências que podia trazer na área da saúde. Vemos os clientes cada vez mais sensibilizados, com preocupações a nível de proteção contra ataques de ransomware. Uma das novidades em termos de funcionalidades que procuram é o tema da imutabilidade dos dados; estamos a falar de dados que estão escritos e não podem ser alterados nem apagados durante o período que definimos de retenção. Se tradicionalmente falávamos de uma política de backups que era 3-2-1 – ou seja, três cópias, em dois media diferentes e uma delas offsite –, hoje podemos falar de 3-2-1-1 em que o último um é com um dos formatos a ser imutável, podendo ser respondido de várias formas. Vemos este tipo de preocupação cada vez mais no top of mind dos CTO. As organizações que têm vindo a apostar nestas soluções estão na área da construção, distribuição, por exemplo”.

Luís Rilhó, Product Category Manager da HPE, refere que “o tipo de necessidades que temos vindo a assistir nos nossos clientes não tem sido muito diferentes do que foram no passado, no período pré-pandémico. Naturalmente que os clientes atuais olham para diferentes tipos de opções, mas diria que os clientes optam por implementar novas soluções por dois motivos básicos: ou porque o equipamento que têm está a chegar ao fim de vida e precisam de renovar ou de mais capacidade, ou porque têm uma nova necessidade de negócio. A pandemia trouxe algumas necessidades novas, nomeadamente na virtualização, suporte de clientes remotos, alguma necessidade adicional na área de segurança, mas, para todos os efeitos, continuaram a existir os projetos que já estavam planeados. Houve indústrias que aceleraram os seus investimentos; houve indústrias que não tiveram dinheiro para acelerar o seu investimento e tiveram que ficar quietas e apenas renovaram os contratos de manutenção. Não sentimos nada de especial que pudesse mudar a transformação normal”.

Pedro Rosa indica que “muitas das organizações estão a mudar o armazenamento tradicional para soluções de hiperconvergência e, cada vez mais, há projetos nesse sentido. Os clientes finais estão a olhar para esta componente com bastante frequência. De qualquer maneira, há cada vez mais dados e as empresas têm que aumentar a sua capacidade de armazenamento. Se formos a ver, a indústria está um pouco mais parada, mas há outros setores que estão a apostar no IoT que está a trazer muitos dados. Cada vez mais, as organizações vão ter de tratar desses dados e vão ter que ter esses dados no próprio data center até porque, quando estamos a falar de fábricas, se os dados forem para uma cloud e voltarem pode ser o tempo suficiente para uma fábrica parar e isso não pode acontecer. Também estamos a ver empresas de retalho e distribuição a pôr mais dados no edge; vamos ver cada vez mais os supermercados inteligentes e a informação tem de estar junto desse supermercado. Assim, cada vez mais, vamos ver um aumento de dados no data center – seja local ou no edge”.

Armazenamento e virtualização

O mercado de armazenamento vai assistindo a algumas inovações – ou, por outro lado, algumas inovações que começam a ser adotadas pelas organizações. Ao mesmo tempo, o tema da virtualização é cada vez maior e o data center tradicional caminha cada vez mais para uma virtualização quase total.

Em termos de inovação no mercado, Luciano Zoccoli (Lenovo) refere que, “hoje, toda a gente ouve falar de NVMe; é a tendência do mercado e é aquilo que se aproxima mais à novidade do mercado. Traduz-se em alta performance e baixa latência, desde que esteja perto de onde está a ser feita a computação. Também temos a tendência do crescimento da capacidade de discos – seja de NVMe, mas também de discos de alta capacidade. A tendência passa por os dados precisarem de alta performance, onde se pode responder com NVMe end-to-end, seja computação, o canal de comunicação ou onde os dados são armazenados. A outra linha de armazenamento de informação, para guardar de forma ‘bruta’ porque a informação é ouro, é feita em armazenamentos com menos performance, mas com grande capacidade. A virtualização do armazenamento não tem tido grande adesão por parte do mercado; a maneira mais fácil para virtualizar o armazenamento é através de soluções de hiperconvergência”.

Vasco Sousa (StorageCraft) indica que “a tecnologia de armazenamento com imutabilidade de dados assegura que vou conseguir sempre retornar a um momento anterior a um ciberataque; esses dados estão salvaguardados. Se falarmos da componente de virtualização – e pegando no tema da hiperconvergência – temos vindo a trazer alguns benefícios no segmento médio de mercado com as soluções. Não conseguimos responder a um ambiente hiperconvergente, mas na questão do benefício da escalabilidade – seja um ou cem ‘teras’ de cada vez – conseguimos fazê-lo com zero reconfigurações. Não dando os benefícios de um sistema hiperconvergente, temos uma fração do preço para uma situação convergente onde se consegue facilmente escalar a infraestrutura na componente de armazenamento. Podemos ter soluções de storage desenhadas de raiz para disaster recovery, mas integrados nativamente antiransomware”.

Pedro Rosa (Comstor) nota a “migração da storage tradicional para soluções de hiperconvergência. Essa é uma tendência que temos estado a notar cada vez mais. Outras tendências que estamos a notar é o desaparecimento de pedidos de discos tradicionais por discos SSD e já começamos a ter pedidos para discos NVMe. Esta é a tendência e acredito que, no próximo ano, os próprios discos NVMe vão substituir os discos SSD. Logicamente, os discos mecânicos vão continuar a existir para arquivos ou para backups, mas cada vez vemos mais as empresas a pedir soluções com discos NVMe para responder às suas necessidades. Por outro lado, começamos a ver alguns projetos interessantes na virtualização das redes; acho que é um mercado muito interessante, até para facilitar a própria gestão e a segurança e começamos a ver pedidos para esse tipo de projetos”.

Pegando na experiência da Érre Technology, Nuno Afonso afirma que “os projetos de renovação de storage têm sido mais frequentes. A migração daquilo que são os discos rotacionais para SSD ou NVMe tem sido mais corrente. Os clientes optam por prolongar o tempo de vida de servidores e, no fundo, apostam financeiramente na troca de storage que é, tradicionalmente, um dos pontos mais lentos das infraestruturas. Também temos vindo a notar uma procura cada vez maior no armazenamento dos dados de backup de forma imutável, normalmente ou em container S3 na cloud ou, em alguns casos mais residuais, com Linux on-premises. A nível de storage tem sido muito por aqui: a troca para discos SSD ou NVMe e a forma de proteção contra ransomware com backups de forma imutável”.

O fator cloud

Durante a pandemia, a cloud ganhou uma nova vida que, naturalmente, impactou o mercado de servidores e de armazenamento. No entanto, as estratégias de cloud híbrida podem abrir a porta para que o mercado de servidores e de armazenamento se mantenham relevantes. Luís Rilhó (HPE) explica que “há algum interesse dos clientes em olhar para soluções as- -a-Service. Neste contexto existem várias, e a cloud pública é uma delas, mas também podemos fazer isso na casa dos clientes. Temos vindo a sentir algum interesse em olhar para este tipo de tecnologias”. No caso da HPE, “também somos um fornecedor de hardware para os fornecedores de cloud – tanto nacionais como internacionais. Acabamos por sentir um investimento neste tipo de equipamentos para suportar as suas soluções. Temos feito projetos bastante interessantes para suportar os clientes dos nossos Parceiros locais que oferecem equipamentos para clouds públicas ou empresariais e que endereçam determinados nichos neste negócio. Estamos num período diferente do que é o habitual porque houve um grande investimento em tecnologia e existiram clientes que tomaram opções por implementar em casa ou cloud porque tinha de ser já; não foram opções pensadas, tiveram de se ‘safar’”.

Nuno Afonso refere que, “no que diz respeito à adoção de clouds públicas, o que estamos a assistir nos clientes é uma migração quase total para Office 365 e o aproveitar das clouds públicas para ter serviços de disaster recovery ou armazenamentos de backup fora da organização. Tudo o que vemos na indústria, a migração de tudo o que é produtivo ou crítico para o negócio é praticamente inexistente para uma cloud, seja por medo de perder segredos de negócio ou por dificuldade de comunicações. Muita da indústria não está localizada nos centros de Porto e Lisboa com comunicações totalmente redundantes. A latência é essencial e, em conjunto com as comunicações, são temas muito complicados para muitas empresas”.

Ana Carolina Cardoso (Schneider Electric) diz que “o primeiro ponto assenta no híbrido, na convivência entre a cloud pública e a cloud privada ou data center on-premises ou edge. Para um gestor de IT, hoje, está muito mais complexo. Um ponto está claro: nem tudo vai para a cloud pública. Ainda vão continuar a existir muitos data centers, muito edge computing, que vão continuar dentro das empresas. Algumas operações, por temas de segurança, de níveis de processamento e de velocidade, têm de estar a nível local. A junção do híbrido com multicloud e, também, on-premises será o foco nos próximos anos”.

Plano de Recuperação e Resiliência

O Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) já aprovado pressupõe verbas acima dos 2,4 mil milhões de euros, tanto para o setor privado como para o setor público. Assim, é preciso perceber qual será o real impacto no mercado, assim como as oportunidades para as empresas.

Nuno Afonso espera que o impacto do PRR “seja elevado. Por aquilo que já li do Plano de Recuperação e Resiliência, o foco está na transformação digital; há uma verba dedicada à administração pública, mas também há uma verba dedicada a empresas privadas. Neste ponto, tudo o que tenha a ver com a modernização dos processos de negócio, de transformação digital e adaptação às novas necessidades dos consumidores irá seguramente necessitar de investimento no IT. Esperamos que as empresas se candidatem, consigam obter os seus fundos de forma célere e simplificada e, no fundo, que possam potenciar negócio para os integrados mais próximos do cliente final. A formação dos colaboradores também poderá contribuir não só para um aumento da utilização dos equipamentos informáticos, como também para uma melhor compreensão de como o IT pode auxiliar os negócios”.

Luciano Zoccoli explica que “o que se passou no último ano e meio fez acelerar muitos processos [de transformação digital], mas muitos desses processos não são os corretos; os clientes tiveram que os fazer, que se desenrascar, e agora espera-se que com mais calma os clientes repensem e acertem o passo. Para isso há fundos, há dinheiro. Neste momento, o mercado está um bocado na expectativa destes fundos para fazer os famosos investimentos. A questão é esta: os clientes têm de tomar esta decisão estratégica novamente. Creio que aqueles que sobreviverem vão investir. O negócio mudou. As soluções estratégicas que trazem valor para os clientes, é aí que se pode obter mais sucesso. Os Parceiros têm um desafio muito grande porque houve uma aceleração muito grande no mercado” e são os Parceiros que apoiam os seus clientes.

Pedro Rosa refere que, “se calhar, esta é a última grande oportunidade que Portugal tem para fazer o processo de digitalização. Vamos ter de ser muito competentes para fazermos este processo. Os Parceiros, quando falarem com os clientes finais, têm que ter uma estratégia não para o imediato, mas a longo prazo. Quando fizermos estes projetos, temos de pensar muito bem no que é que queremos fazer – até porque o futuro passa pela cloud híbrida. Temos de pensar como é que nós queremos responder a estas alterações de trabalhar remotamente, como é que vamos garantir que todos os trabalhadores têm o mesmo nível de experiência, quer estejam no posto de trabalho, quer estejam a trabalhar em casa. Como é que vamos conseguir garantir que os utilizadores estão seguros e a organização tem os dados protegidos. Cada vez mais, temos de olhar para ferramentas que nos permitam ter a visibilidade e que nos permitam ter um único ponto unificado de gestão de toda a nossa infraestrutura – seja cloud, edge ou data center”.

Luís Rilhó afirma que “vamos receber uma quantidade de dinheiro incrível e o desafio é fazer coisas sem dinheiro. Fazer coisas com dinheiro, se calhar, não é assim tão desafiante quanto isso. Diria que vamos ter que tirar partido deste investimento que vai aterrar no país e ajudar os nossos Parceiros a implementar estes projetos nos nossos clientes. Este é que vai ser o verdadeiro desafio; a quantidade de dinheiro vai ser tão grande que vamos todos ter muito trabalho. Mais uma vez, somos uma indústria privilegiada porque fomos privilegiados durante a pandemia e vamos voltar a ser por estes fundos; uma parte dos fundos é para a transformação digital. Não acho que seja a última oportunidade, mas espero que se consiga tirar partido de todos estes fundos da União Europeia e o desafio é gastá-los bem e executar os projetos. Os projetos digitais vão ter de acontecer”.

Papel dos Parceiros

Como é habitual, os Parceiros terão um papel fundamental junto dos seus clientes. Com toda a conjuntura que se vive, os desafios e as oportunidades para os Parceiros são várias e, em conjunto com os fabricantes, o Canal tem de se adaptar às novas realidades.

Pedro Rosa, da Comstor, refere que “há muitas oportunidades para os Parceiros; vão surgir muitas oportunidades. Vai haver muito dinheiro, muitos projetos e, com certeza, muitas oportunidades. Acho que há mais oportunidades porque os próprios fabricantes já oferecem soluções de pay-per-use. Os próprios Parceiros poderão começar a dar um pulo e serem eles, também, um service manager. Em termos de desafio, hoje, é a falta de equipamento que está a atrasar projetos e faz com que os próprios Parceiros tenham mais dificuldade no seu dia a dia”.

Luís Rilhó, da HPE, indica que “as oportunidades vão ser muitas. Foco-me nos desafios porque nos próximos dois, três anos vamos ter muitas oportunidades de mercado e a oportunidade para crescer é enorme. Acho que o desafio é as competências e ter as pessoas formadas e que consigam executar os projetos para ajudar os clientes a fazer os investimentos necessários e de forma adequada e ter uma massa crítica com formação adequada para levar os projetos a bom porto. Urge – e isto não é novo – ter a formação adequada”.

Luciano Zoccoli, da Lenovo, afirma que “as oportunidades vão ser muitas, mas para os Parceiros que investirem; investirem nos seus clientes, na capacidade de responder naquilo que são os requisitos dos clientes, que invistam no conhecimento das ofertas dos fabricantes e nas necessidades dos clientes, entender essa necessidade é um fator fundamental. Ajudar os clientes finais a responder aos concursos vai ser um desafio para os Parceiros. Os Parceiros que investirem nestas áreas vão ser os Parceiros que vão ter um melhor sucesso perante o mercado”.

Ana Carolina Cardoso, da Schneider Electric, explica que “uma das oportunidades passa por agregar a infraestrutura que, do ponto de vista de investimento não adiciona muito, mas do ponto de vista de eficiência e sustentabilidade é core. Para os Parceiros que hoje não têm essa proatividade na parte de infraestrutura, a minha recomendação é começar a olhar para ela. Um segundo tema que vemos muito é a parte as- -a-Service, tanto a parte de software e armazenamento as-a-Service, como também pensar na infraestrutura como um serviço; como posso agregar serviço em tudo o que vendo”.

Vasco Sousa, da StorageCraft, salienta que “os Parceiros conhecem bem os desafios. Passa neste momento por identificar projetos prioritários para os clientes. Nos próximos meses vamos assistir a muito, muito trabalho nesta componente de semearem e identificarem oportunidades de negócio e que tenham efeitos multiplicadores nos negócios dos seus clientes finais. Em termos de áreas de aposta, refiro a componente da cibersegurança porque para além de serem um dos segmentos de mercado que tem mais rápido crescimento tem uma quantidade maior de oportunidades a surgir. Do conhecimento que tenho, não existe uma concorrência tão grande porque não há Parceiros que tenham as competências necessárias para trabalhar neste segmento. Mesmo numa componente de virtualização, de servidores ou de storage, há sempre um elemento de cibersegurança que pode ser um foco diferenciador na apresentação do projeto”.

Por último, e na qualidade de Parceiro, Nuno Afonso, da Érre Technology, diz que “o maior desafio é a retração económica global; a disponibilidade para investir tem sido reduzida. Como oportunidades, destacamos o possível impacto do Plano de Recuperação e Resiliência na economia; o desbloquear dos investimentos no pós-COVID que, seguramente, as empresas estão, neste momento, em retenção serão obrigadas a investir; a transformação digital; a cibersegurança; e a evolução para arquiteturas de alta disponibilidade, no fundo, adaptar o IT às novas necessidades das organizações”.

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