Mercado europeu de smartphones deverá recuperar 7% em 2024

A última investigação da Canalys projeta que as vendas de smartphones na Europa, excluindo a Rússia, aumentarão 7% em 2023, atingido 132 milhões de unidades. Prevê-se ainda que, em 2027, a taxa de crescimento anual do mercado europeu de smartphones diminuirá para 2%, que é quando os volumes recuperarão para os níveis de 2022.

Segundo a Canalys, o resto de 2023 continuará a ser um desafio; no entanto, o próximo ciclo de renovação e a redução das pressões económicas vão ser os fatores impulsionadores do crescimento do volume na Europa. As previsões da Canayls apontam para uma queda do mercado em 13% este ano com as vendas limitadas, muito devido ao prolongamento da vida útil dos dispositivos e dos ciclos de compra, bem como ao aumento da pressão com os mercados de segunda mão e aos elevados níveis de inventário.

“As condições continuam difíceis para o mercado europeu de smartphones, mas a queda da inflação e a melhoria dos níveis de inventário semearam as sementes do otimismo”, disse Runar Bjørhovde, analista da Canalys. A melhoria dos níveis de inventário dos Canais e a estabilização do declínio da procura permitirão o regresso do crescimento do mercado no próximo ano. 

Bjørhovde indica que a Europa Central e Oriental, Itália, Espanha e Portugal são as regiões que apresentam as maiores oportunidades de curto prazo para os fornecedores de smartphones, motivado pelos ciclos de renovação mais curtos e pela posição positiva do Canal relativamente a novas propostas e à venda de smartphones de marcas emergentes. Já os mercados como o da Alemanha, de França e dos países nórdicos, que são orientados para o segmento de mais de 800 dólares, “começarão a crescer no segundo semestre de 2024, à medida que as pressões económicas diminuírem”, projeta o analista da Canalys.

“Embora estes mercados tenham registado as maiores quedas no segundo trimestre, as suas bases instaladas substanciais conduzirão a um ressurgimento das vendas à medida que os dispositivos atingem o fim do seu ciclo de vida e necessitam de uma atualização”, refere Bjørhovde. “Prevemos a recuperação na temporada de compras do fim de ano em 2024”.

Neste sentido, Bjørhovde recomenda que, perante a concorrência intensa no segmento topo de gama, dominada pela Apple e pela Samsung, outros fornecedores devem apostar em “segmentos diferentes para estabelecer a sua presença”. O analista da Canalys explica: “as oportunidades abriram-se na faixa de preços abaixo dos 200 dólares, uma vez que a Samsung a desprioritizou e muitos outros fornecedores estão a abandonar o segmento de preços porque estão a lutar com a rentabilidade. Há procura neste segmento em toda a região, mas só há espaço para dois ou três fornecedores de sucesso, uma vez que o segmento requer economias de escala e uma estreita colaboração com o Canal para ter sucesso”.

“Vários fornecedores também estão a ampliar o seu alcance ao utilizador final, fortalecendo as suas posições para quando o crescimento retornar”, afirma Bjørhovde. Um exemplo apontado é o investimento reforçado pela Samsung e pela Google no segmento B2B, procurando equiparar-se ao Apple’s Distributor Partner Program. A Motorola, por sua vez, considera prioritário o crescimento no segmento de consumo e está a investir mais em recursos de desenvolvimento de marketing para o Canal. 

Acrescenta ainda que “o panorama dos fornecedores na Europa está a diminuir. Para ter sucesso, os fornecedores precisam de um forte suporte de vendas omnicanal num amplo Canal. Isto precisa de ser combinado com portfólios que atendam aos requisitos locais em termos de preços e especificações”.

A longo prazo, o mercado de smartphones é de “crescimento cíclico moderado”, o que irá desafiar “os atuais modelos de receitas para os fornecedores e para o Canal”.

O analista prevê também que “a vida útil mais longa dos dispositivos, as regulamentações rigorosas destinadas a reduzir o volume de novos dispositivos e o aumento da procura por dispositivos usados e recondicionados forçarão os fornecedores a procurar novas oportunidades para gerar receita e permanecer lucrativos”.

Neste contexto, os fornecedores devem “assumir um maior controlo dos ciclos de vida dos dispositivos” com o objetivo de atender às tendências e de reter oportunidades de receita. A venda de peças sobressalentes originais, a promoção de trocas de dispositivos no Canal e a oferta de dispositivos recondicionados pelo fornecedor são algumas sugestões referidas por Bjørhovde para os fornecedores. 

“Em última análise, os fornecedores que demonstrarem resiliência no atual ambiente de mercado e capacidade de adaptação rápida às novas regulamentações provarão ser fortes Parceiros de longo prazo para o Canal”, conclui Bjørhovde.