2014-12-12

BIZ

Relatório da Economist e da SAP

Internet tem mais valor para a economia global do que sectores tradicionais

A Internet tem mais valor para a economia global do que sectores tradicionais como a agricultura e a energia. Esta é uma das conclusões do relatório “A Economia Hiperconectada”, realizado pela Economist Intelligence Unit e patrocinado pela SAP

Internet tem mais valor para a economia global do que sectores tradicionais

Relatório analisa impacto da hiperconectividade – ligação de pessoas, lugares, empresas e “coisas” através da Internet - na economia, nas empresas e nos comportamentos

De acordo com este relatório, e embora as estimativas sobre o contributo da Internet para o Produto Interno Bruto variem, é consensual que a contribuição da Internet representou mais de 3,4% do PIB das maiores economias do mundo entre 2010-2011 e está a crescer rapidamente, estimando-se que em 2016 o valor da Internet duplique em relação aos números de 2010. Um cenário que converte a Internet numa parte importante da economia global e com um impacto pronunciado nas taxas de crescimento económico.

Este relatório, que se baseou em entrevistas realizadas a especialistas mundiais na área económica e em pesquisas de diferentes relatórios, teve como objectivo avaliar o impacto económico da hiperconectividade, bem como analisar a forma como as empresas e os seus líderes começam a adaptar-se à hiperconectividade, uma realidade do panorama macroeconómico, empresarial e social, em que as pessoas, lugares, organizações e objectos (“coisas”) estão hoje interligados como nunca, graças à Internet, à tecnologia móvel e à “Internet of Things”.

As outras conclusões relevantes deste relatório são:

A adopção contínua da Internet e das tecnologias móveis beneficiará todas as economias, mas será particularmente de grande valor para os países em desenvolvimento

Menos de metade da população mundial tem acesso à Internet, mas os benefícios económicos e sociais de uma utilização mais vasta são impressionantes: estudos no sector sugerem que se as economias em desenvolvimento aumentarem a utilização da Internet para os mesmos níveis dos países ricos, as taxas de crescimento dos seus PIB se situariam nos 72% e seriam criados 140 milhões de empregos. Deste modo, salvar-se-iam milhões de vidas com a melhoria dos cuidados de saúde e centenas de milhões de pessoas sairiam da situação de extrema pobreza.

Existem também provas sólidas de que a utilização crescente de smartphones pode contribuir para o crescimento económico, sendo que muitos mercados emergentes já utilizam amplamente os telemóveis, para operações bancárias ou informação empresarial. É certo que os países em vias de desenvolvimento precisam de investir bastante em infraestruturas para usufruírem do potencial da Internet, mas a recompensa que poderão obter será enorme.

O impacto económico da “Internet of Things” ainda está por determinar

A hiperconectividade terá um crescimento explosivo, estimando-se que o número de “coisas” conectadas (excluindo PCs, tablets e smartphones) aumente 30 vezes entre 2009 e 2020. A nível empresarial já existem evidências da eficiência e da redução de custos proporcionada pela produção inteligente, de que é exemplo a General Motors, ou pelas campanhas de marketing altamente direccionadas, mas ainda é cedo para quantificar os benefícios finais, existindo no entanto poucas dúvidas da mudança profunda que está em curso.

A hiperconectividade é uma boa notícia numa escala macroeconómica, mas é um desafio para alguns negócios

O crescimento da hiperconectividade já atingiu alguns sectores duramente. A maior parte das vendas de livros e música actualmente realizam-se online, causando problemas aos retalhistas tradicionais, bem como à imprensa e à indústria da música, que se vêem abandonados pelos seus clientes. Muitos outros sectores de actividade serão forçados a fazerem alterações profundas nos próximos anos, à medida que aumentam as ofertas alternativas em todos os sectores, desde o aluguer de viaturas à reserva de hotéis. Isto forçará muitas empresas, se não à maioria, a adaptarem os seus negócios às novas tecnologias e a conviverem com o online. Um exemplo deste facto é o caso do fabricante de roupa desportiva Nike que lançou um site e serviços online para acompanhar os seus dispositivos wearables de fitness e tornar-se consultor sobre estilos de vida.

A hiperconectividade está a acelerar a globalização e pode promover o regresso da produção industrial aos países desenvolvidos

As cadeias de fornecimento de multinacionais já não estão reservadas às grandes empresas, pelo que ao mesmo tempo é uma oportunidade e uma ameaça para as empresas em todo o mundo. No entanto, a longo prazo, a automatização extrema, proporcionada pela hiperconectividade, pode levar a que a produção regresse aos países desenvolvidos.

Mais do que uma plataforma para a actividade económica, a hiperconectividade é um novo ambiente cultural para todo o comportamento humano

O impacto da hiperconectividade no comportamento humano ainda não se revelou na sua totalidade, todavia as empresas devem estar sensíveis às mudanças dos valores sociais e às expectativas dos clientes, à medida que o impacto da mesma vai evoluindo. O impacto final permanece incerto: por um lado, não é evidente que a hiperconectividade aumente, por exemplo, o círculo social das pessoas ou que estas mudarão os seus comportamentos apenas porque podem fazê-lo. Além disso, as compras no online são pouco significativas (ainda que estejam em rápido crescimento) quando comparadas com o retalho tradicional. Por outro, tudo pode mudar com uma rapidez extraordinária e as mudanças podem ser bastante profundas. No espaço de cinco anos, a Internet tornou-se no meio principal para as pessoas em idade universitária, por exemplo, encontrarem par e, em muitas áreas da educação, substituiu totalmente os livros em papel. De igual modo, a nova transparência permitida pela Internet já forçou mudanças para todos, desde administrações públicas a empresas.

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