2024-7-13
Estudo revela que, até 2030, a inteligência artificial poderá automatizar 30% das horas de trabalho
Num contexto de mercados de trabalho cada vez mais sob pressão e de abrandamento da produtividade, a Europa e os EUA enfrentam mudanças significativas na procura de mão de obra e de competências, impulsionadas pela IA e pela automação de processos. O novo estudo publicado pelo McKinsey Global Institute (MGI), intitulado “A new future of work: The race to deploy AI and raise skills in Europe and beyond”, revela que, num cenário de adoção, em termos médios, da IA generativa será possível automatizar até 30% das horas de trabalho atuais graças a esta tecnologia, até 2030. Se olharmos num cenário até 2035, este valor poderá atingir os 45% na UE e os 48% nos EUA, de acordo com os dados revelados, uma mudança que afetará significativamente ambos os mercados de trabalho. À medida que esta tecnologia continua a revolucionar o mercado de trabalho, a procura de profissionais com novas competências irá evoluir em conformidade. Nos setores de STEM e da saúde, prevê-se que a procura por profissionais aumente 18 a 30% até 2030. Em contraciclo, os empregos nos setores da produção, do apoio ao cliente e das vendas deverão diminuir até 2030. “Para se manterem competitivas as empresas terão de se focar na formação e nos processos de reskilling dos seus colaboradores”, afirma Benjamim Vieira, sócio da McKinsey, em comunicado. “Prevê-se que a procura por competências tecnológicas, sociais e emocionais venha a aumentar, enquanto as competências físicas, manuais e cognitivas básicas irão diminuir nos próximos tempos. Além disso, foi identificada uma carência de competências avançadas em TI, análise de dados, pensamento crítico e criatividade, que obrigará a uma requalificação global da força de trabalho existente”. O estudo refere que, num cenário a médio-prazo, as empresas e organizações irão enfrentar mudanças profissionais significativas, com cerca de 12 milhões de profissionais a mudar de emprego, tanto na Europa como nos EUA. Isto significa uma mudança ao dobro do ritmo pré-pandémico, o que irá afetar particularmente as classes com salários mais baixos, que irão necessitar de novas competências para conseguirem ambicionar empregos mais bem remunerados. “Gerir esta transição de forma responsável irá exigir quer os líderes da indústria, quer aos agentes políticos um maior investimento na formação e na melhoria das competências dos seus trabalhadores, ao mesmo tempo que concentram os seus esforços na implementação de soluções de IA. A implementação da IA só será bem-sucedida se envolver as pessoas. As pessoas devem estar no centro da transformação para que as promessas de melhoria da produtividade se tornem realidade no futuro”, afirma Duarte Begonha, sócio da McKinsey, igualmente em comunicado. A análise da McKinsey sugere que a adoção acelerada da IA generativa, associada a uma deslocalização proativa dos trabalhadores, poderá ajudar a Europa a atingir uma taxa de crescimento anual da produtividade na ordem dos 3% até 2030. No entanto, a adoção lenta poderá limitar este crescimento aos 0,2%, mais próximo do atual nível de produtividade na Europa Ocidental. Segundo o estudo, esta transição irá requerer não só novas competências técnicas e de engenharia, como também uma maior adaptabilidade da força de trabalho às novas funções. Por último, o estudo destaca quatro prioridades fundamentais para os líderes empresariais no contexto da automatização e da IA generativa. Em primeiro lugar, compreender o potencial destas tecnologias para melhorar e automatizar o trabalho. Em segundo lugar, planear estrategicamente a transição da força de trabalho. Por outro lado, dar prioridade ao desenvolvimento do talento adequado e, em último lugar, dar continuidade à formação sobre tecnologias de automatização para maximizar o seu impacto na empresa. |