Rui Damião em 2023-9-13

BIZ

O IT Channel em Itália a convite da Schneider Electric

Data centers têm de se “transformar rapidamente para se manter na vanguarda”

Os data centers são necessários para as pessoas e as organizações – é por aí que passa grande parte da informação atualmente –, mas são muitas vezes vistos como um dos grandes consumidores de energia sem produzir um produto tangível

Data centers têm de se “transformar rapidamente para se manter na vanguarda”

A Schneider Electric juntou jornalistas de 16 países europeus – o IT Channel foi um dos convidados – para partilhar a sua visão sobre como o mercado de data centers – um dos que mais gasta energia – se pode tornar mais sustentável, reduzindo o desperdício de energia.

No Schneider Electric Cooling Hub em Conselve, na zona norte de Itália, Marc Garner, Senior VP, Secure Power Division Europe na Schneider Electric, partilhou que o objetivo do evento e do convite está ligado à importância do cooling nos data centers na sustentabilidade e, ao mesmo tempo, ao papel do data center na era da inteligência artificial.

Europa e a soberania energética

A mudança da energia fóssil para energias alternativas já começou e estamos num ponto de inflexão. No entanto, a curto prazo, temos uma crise de energia e não é possível esquecer a crise climática a longo prazo.

A Europa está a tornar-se menos atrativa para investimento estrangeiro, que desceu 15%; em comparação, o investimento estrangeiro nos Estados Unidos aumentou 18%. Marc Garner refere que a causa é a crise energética e dá como exemplo o aumento dos preços dos dois lados do Atlântico: na Europa, os preços de energia aumentaram 1.100%; nos Estados Unidos cresceram 200%.

Marc Garner, Senior VP, Secure Power Division Europe na Schneider Electric

Ainda que a produção de eletricidade na União Europeia esteja a tornar-se mais verde, 70% da energia do ‘velho continente’ vem de combustíveis fósseis. A Europa, diz Marc Garner, não tem soberania energética, com apenas 20% do gás natural e petróleo (oil) a ser extraído dentro da União Europeia.

A forma como produzimos energia é ineficiente”, afirma Garner, explicando que 60% dos sistemas de energia end-to-end baseado em fósseis é perdido, para além de mais de 80% das emissões de CO2 mundiais estarem ligadas à produção e consumo de energia. Assim, “a segurança da energia e a sustentabilidade são os lados da mesma moeda”.

Garner refere que os desafios climáticos, a geopolítica e o stress sob as cadeias de valor criaram níveis recordes de volatidade nos preços de energia e 2023 ainda oferece o mesmo risco.

Crescimento do mercado de data centers

Os data centers ‘vieram para ficar’, mas com o crescimento da procura pela digital, a indústria de data centers é cada vez mais criticada porque consome grandes quantidades de eletricidade e de água, emite carbono e produz lixo sem produzir produtos tangíveis.

Marc Garner partilhou que, até 2025, a pegada elétrica de todos os data centers deverá aumentar 50% e, no mesmo período, espera-se um crescimento de 500% em termos de dados gerados. Até 2040, espera-se um crescimento de 140 vezes no tráfego IP.

Espera-se que, nos próximo oito anos, a União Europeia assista a um crescimento exponencial do mercado de data center. Segundo o Senior VP, Secure Power Division Europe na Schneider Electric, entre 2022 e 2030 os requisitos da cloud e do edge deverão crescer quatro vezes e o tráfego de Internet deverá multiplicar-se por cinco. Até 2030, o valor económico dos serviços de cloud nos 27 Estados-membro da União Europeia deverá atingir os sete mil milhões de euros. 

A tecnologia – de uma forma geral – e a inteligência artificial – em particular – estão a ajudar o crescimento do mercado de data centers. Estima-se que, entre 2023 e 2026, as receitas mundiais de IA dupliquem, atingindo os 300 mil milhões de dólares. Até 2025, metade dos data centers dedicados a serviços de cloud vão implementar robôs avançados com capacidades de inteligência artificial e machine learning.

Marc Garner refere que o mercado está a mover-se na direção correta, mas “ainda há muito por fazer”. A União Europeia conta com políticas climáticas e de energia – como o Green Deal, o REPowerEU e o objetivo de tornar o continente europeu climate-neutral até 2050. Também o mercado de data centers procura tornar-se mais sustentável, nomeadamente através do Climate Neutral Data Center Pact, do frameworks de auditoria e o objetivo de tornar o mercado climate-neutral até 2030.

A eletricidade 4.0 é, segundo Garner, o combustível para um mercado de data center mais sustentável e resiliente, onde o digital torna “o invisível visível”, elimina os desperdícios e aumenta a eficiência em conjunto com a eletricidade, a “energia mais eficiente” e o “melhor vetor para a descarbonização”.

Assim, é necessário acelerar a eletricidade 4.0 através da eficiência energética – onde a energia poupada pelo digital significa edifícios eficientes –, da eletrificação, de energia verdes – como energias renováveis – e da flexibilidade.

Num ambiente incerto, o setor [de data centers] tem grandes oportunidades, mas está constantemente a evoluir e a mudar e é necessário transformar rapidamente para se manter na vanguarda”, afirmou Marc Garner. “Não há falta de energia; há demasiado desperdício de energia”.

 

O IT Channel marcou presença em Itália a convite da Schneider Electric

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