2021-6-16
Segundo as previsões da Canalys, o mercado de smartphones está a recuperar, mas o pós-pandemia apresenta novos desafios e constrangimentos no fornecimento
A pandemia causou mudanças permanentes que modelaram uma nova sociedade e um novo mercado de smartphones. De acordo com dados recentes da Canalys, prevê-se que o mercado de smartphones cresça 12% entre 2021 e 2022, com a venda de cerca de 1,4 mil milhões de unidades. O crescimento do mercado de smartphones representa uma grande recuperação em relação a 2020, em que as vendas caíram 7%, no seguimento de restrições derivadas da pandemia Covid-19. “A resiliência da indústria de smartphones é incrível”, disse Ben Stanton, Research Manager da Canalys. Com a distribuição de vacinas e a contenção da pandemia em curso, a retoma de fornecimento de componentes deverá potenciar a indústria de smartphones. Stanton explica que “os Smartphones são essenciais para manter as pessoas conectadas e entretidas, e são tão importantes dentro de casa como fora” e acrescenta que “em algumas partes do mundo, as pessoas não têm tido a possibilidade de gastar dinheiro em férias e dias fora nos últimos meses e em vez disso muitas gastaram o seu dinheiro num novo smartphone”. São, no entanto, vários os constrangimentos no fornecimento de componentes que, inevitavelmente, vão limitar o crescimento do mercado de vendas de smartphones. “Os pedidos em atraso estão a aumentar”, clarifica Stanton, porque “a indústria está a lutar por semicondutores, todas as marcas vão sentir o aperto”. O crescimento de anual entre 2020 e 2021 foi de 12%, de forma mais acentuada na América Latina (18%), mas espera-se que entre 2021 e 2022 aumente apenas 5%, destacando-se na região Ásia Pacífico (12%) e com uma descida de 2% na América do Norte. “Há um forte impulso devido aos aparelhos 5G, que representaram 37% das remessas globais no primeiro trimestre, e que devem perfazer 43% no ano inteiro (610 milhões de unidades)”, esclarece Ben Stanton, “isto vai ser impulsionado pela intensa competição de preços entre fornecedores, com muitos a sacrificar outros recursos, como tela e alimentação, para acomodar 5G num dispositivo o mais barato possível” e conclui que“até ao final do ano, 32% de todos os dispositivos 5G vendidos terão custado menos de 300 dólares. É hora de uma adoção em massa”. Devido ao outbreak de Covid-19 na Índia, nos últimos meses, os vendedores relocalizaram-se para outras regiões. Com a normalização do mercado, a deslocalização passa a ser insustentável. Os vendedores deverão passar a priorizar regionalmente, focando-se nos mercados mais desenvolvidos como a China, os EUA e a Europa Ocidental, e descurando na América Latina e África. Mas mesmo nas áreas geográficas mais privilegiadas, vão ser muitos os constrangimentos, levando os vendedores a priorizar o Canal de distribuição. Com as várias readaptações, são inevitáveis as consequências para o mercado. “Durante a pandemia, os Canais tiveram de se transformar ou morrer e isto forçou a inovação”, alega Stanton e completa “os países desenvolvidos viram um aumento online, que forçou os retalhistas a reavaliar as suas estratégias offline. Como resultado, muitas lojas vão fechar este ano e, para aquelas que permanecerem abertas, o seu propósito vai ter de ser reinventado para o atendimento ao cliente e cumprimento de entregas, à medida que os clientes usam mais Canais durante o processo de compras”. O Research Manager da Canalys conclui que “o novo normal para a indústria de smartphones é tão implacável e competitivo quando o antigo”. |