2020-2-09
Os receios de propagação do coronavírus já estão a levar ao cancelamento de megastands em eventos europeus, como é o caso de 50 empresas no ISE 2020 incluindo a LG, ou a Ericsson no MWC. Este é seguramente apenas o início de um impacto maior.
O RAI de Amesterdão, recinto do ISE 2020, tenta sensibilizar os visitantes para não viajar para os seus eventos se apresentarem sintomas de gripe
O Integrated Systems Europe (ISE) fez saber este domingo que são mais de 50 as empresas que não vão abrir os seus stands ao público, maioritariamente expositores de origem asiática, o mais relevante dos quais a LG Electronics.
O ISE é o segundo maior evento europeu de tecnologia em numero de visitantes (90,000) , apenas superado pelo MWC em Barcelona, e ambos já estão a ser vitimas de cancelamentos por parte de expositores e visitantes.
A LG já tinha anunciado na passada sexta-feira que, devido ao surto de coronavírus, se decidiu ausentar do ISE, que começa esta semana no RAI de Amesterdão e onde tinha um dos maiores stands desta gigantesca feira.
Em comunicado, a empresa afirmou que, após a declaração da Organização Mundial de Saúde (OMS) de que o surto de coronavírus é uma emergência de saúde pública internacional, se decidiu retirar do evento.
"A LG lamenta ter que tomar essa decisão difícil, mas a segurança de seus colaboradores e clientes continua sendo sua prioridade número um", afirmou a empresa. "Com a recomendação da OMS para que as pessoas promovam o distanciamento social, a LG acredita que a decisão mais responsável é evitar a participação em grandes eventos públicos até que a situação se estabilize".
Parte do gigantesco stand da LG no ISE em 2018 Alguns dias após a LG anunciar que também não iria ao MWC de Barcelona no final deste mês, também devido a preocupações em torno do coronavírus, a Ericsson segue o mesmo caminho, apontando as mesmas razões de segurança dos seus colaboradores. Outras empresas estão também a reduzir presenças em eventos internacionais e a diminuir o número de colaboradores deslocados. Só neste primeiro semestre de 2020 ( período que os especialistas consideram de maior propagação do vírus) a agenda mundial tem mais de 120 eventos internacionais de grande dimensão na área das TI, parte dos quais em países orientais, e será previsível que alguns destes sejam suspensos, e outros vejam reduzidas as presenças de expositores, congressistas e visitantes. Empresas como a Microsoft, a Google e a Apple estão a proceder à revisão de viagens de colaboradores, para já apenas para a Ásia. Tim Cook, CEO da Apple comunicou numa call com analistas, que as viagens ao oriente estão agora restringidas apenas a "business-critical situations". Visto que já estão registados casos de contágio entre europeus que não saíram do continente, é provável que nos próximos meses se verifiquem alterações no dia-a-dia interno das multinacionais, que se caracteriza por viagens constantes dos seus executivos entre filiais. Seguramente o uso de videoconferência e outras plataformas colaborativas vai aumentar como alternativa à constante exposição dos colaboradores aos riscos associados aos aeroportos e aviões, até que a situação de saúde pública seja revertida. |