Rui Damião em 2020-3-17

BIZ

Como as empresas portuguesas estão a trabalhar remotamente

Por estes dias, grande parte das organizações em Portugal estão a trabalhar de forma remota. Ainda que o conceito em si não seja novo, para muitas empresas é a primeira vez que se está a experienciar algo do género

Como as empresas portuguesas estão a trabalhar remotamente

 

A força das circunstâncias assim o exige. Numa tentativa de conter a propagação do COVID-19, também conhecido como Coronavírus, grande parte das forças de trabalho encontram-se em casa a trabalhar para manter as operações a andar.

A situação apanhou muitas organizações desprevenidas e sem saber exatamente o que fazer. Para muitas empresas existe o conceito de que se ninguém estiver no escritório, o negócio pode parar.

Nos últimos tempos, as empresas têm assistido a uma mudança na forma de trabalhar. Há mais mobilidade, os colaboradores até podem passar mais tempo fora do escritório, mas o trabalho remoto, ou teletrabalho, não chegou à larga maioria das organizações.

No caso da PHC Software, Ricardo Parreira (na fotografia à esquerda), CEO da empresa, refere que “o trabalho remoto já era uma realidade”, adotando uma “metodologia própria e com regras definidas”, onde os colaboradores “não tinham uma avaliação de desempenho negativa” e a função permitia que o trabalho remoto fosse uma realidade.

Rita Cadillon, Diretora de RH da Primavera BSS, explica que os colaboradores da empresa já tinham a possibilidade de trabalhar de forma remota. “Todos [os colaboradores] têm as condições para o fazer e todos utilizam, mas obviamente uns mais do que outros porque há colaboradores que preferem ter a rotina de sair de casa e de estar em contacto direto com as equipas”, indica.

Hélder Bastos, Managing Director da Asus Portugal, explica que “enquanto empresa tecnológica” que sempre encararam o “teletrabalho como uma oportunidade de aumentar a motivação e a produtividade”. Neste sentido, desde 2008, ano em que a empresa se estabeleceu em Portugal, que “o teletrabalho tem vindo a ser praticado por cerca de 90% dos colaboradores nas mais variadas situações”.

Serviços presenciais no mínimo

Com a necessidade de existirem medidas de contenção do COVID-19, as empresas alteraram a sua forma de trabalhar. No caso da GSTEP, onde a equipa não trabalhava a partir de casa como atualmente, todos os 45 colaboradores se encontram em teletrabalho. Carlos Cardoso, CEO da GSTEP, afirma que, atualmente, não há nenhum colaborador a trabalhar nas instalações da empresa.

A Primavera também não tem ninguém nas instalações da empresa; “até o atendimento telefónico e o suporte informático conseguirmos transferir para home office”. No entanto, diz Rita Cadillon (na fotografia à direita), se for necessário, há “sempre alguém de prevenção que se pode deslocar aos escritórios da empresa”. 

Na PHC, dos 207 colaboradores, 96% encontra-se em trabalho remoto, fruto das medidas adotadas. “Estamos a eliminar todo o contacto físico desnecessário e reuniões são apenas permitidas remotamente”, refere Ricardo Parreira. Os restantes 4% encontra-se nas instalações da empresa que “pelas suas funções têm de estar presentes”. “Estas pessoas rendem-se por escalas, de forma a garantir a continuidade do trabalho. Está também sempre presente um administrador da empresa e uma pessoa dos recursos humanos. É o contacto físico mínimo”, diz.

Atualmente, a Asus Portugal, indica Hélder Bastos, tem a totalidade dos seus colaboradores em teletrabalho “em virtude da responsabilidade social que sentimos e nos é devida para a comunidade face à atual conjuntura”. 

Adaptação é uma dificuldade

A adaptação a uma nova realidade é uma dificuldade para qualquer pessoa. O ser humano demora o seu tempo a adaptar-se e neste caso não é exceção.

Ricardo Parreira explica que a adaptação a não estar no mesmo local é “a principal dificuldade”, mas “felizmente a tecnologia ajuda-nos muito”. “Estamos sempre em contacto e, para ultrapassar a falta de presença física, temos uma reunião ao final do dia via videoconferência, entre todos, em que faço um ponto de situação e qualquer um pode colocar questões”, afirma.

O grande desafio atual será mesmo a adaptação à nova rotina, e ao facto de estarmos todos separados nos nossos novos ‘escritórios’”, indica Carlos Cardoso (na fotografia à esquerda). A GSTEP adotou algumas medidas para minimizar o impacto do trabalho remoto, tendo criado grupos virtuais “tanto de trabalho como para momentos de descontração” e prepara-se para “iniciar em breve uma série de iniciativas de exercícios físicos em streaming”, de forma a zelar “pelo bem-estar físico e emocional de todos os colaboradores”.

No caso da Primavera, Rita Cadillon acredita que a maior dificuldade se prende “com a questão do isolamento social que quem está em casa sente neste momento”. Apesar de existir toda a tecnologia necessária para trabalhar tal como se os colaboradores estivessem no escritório, “falta a possibilidade de interagirmos pessoalmente”.

Contando com uma equipa que já está “rotinada em teletrabalho”, a Asus acredita que as dificuldades se foram esbatendo ao longo dos anos. No entanto, esta é a primeira vez que 100% dos colaboradores estarão duas semanas completas neste regime de trabalho. “Embora ainda não tendo sentido as primeiras dificuldades, estamos conscientes e preparados para responder rápida e eficazmente na procura de soluções de modo a que o fluxo normal do negócio não sofra abrandamentos”, refere.

Acompanhar as equipas

Hélder Bastos (na fotografia à direita) aconselha as empresas a fazer investimentos em soluções assentes em infraestruturas cloud, flexíveis e certificadas em termos de segurança, complementada pela aquisição de dispositivos de elevada portabilidade e autonomia. Depois, a “gestão por objetivos é de significativa importância, assim como o controlo remoto através da definição de procedimentos de avaliação, mecanismos de resposta, promoção de calls em grupo para um maior sentimento de pertença à equipa”.

Carlos Cardoso afirma que se as empresas ainda não adotaram o teletrabalho, e se for uma medida viável para a continuação dos respetivos serviços, “devem equacionar e apostar neste novo formato”.

Já Rita Cadillon refere que é “importante acompanhar as equipas, criar rotinas de reunir virtualmente todos os dias”. A Diretora de RH explica que “este aspeto da rotina é determinante: acordar à mesma hora, arranjarmo-nos como se fôssemos trabalhar, fazer pausas e não nos distrairmos com os afazeres domésticos no tempo de trabalho; devemos procurar fazer os mesmos horários do nosso habitual dia-a-dia".

Ricardo Parreira indica que as organizações devem garantir “a segurança das pessoas e implementem formas de trabalho remoto”. “É importante lutarmos todos contra o vírus, e essa luta é tanto pela segurança como pela continuação da atividade económica”, alerta o CEO da PHC, acrescentando que é preciso manter “as empresas a trabalhar e a produzir, com a máximo segurança para as pessoas”.

ARTIGOS RELACIONADOS

Revelado ataque de spam a propósito do Coronavírus
SECURITY

Revelado ataque de spam a propósito do Coronavírus

LER MAIS

O impacto do COVID-19 na indústria de IT
BIZ

O impacto do COVID-19 na indústria de IT

LER MAIS

COVID-19: trabalhar remotamente pode ser um risco?
SECURITY

COVID-19: trabalhar remotamente pode ser um risco?

LER MAIS

Recomendado pelos leitores

Estudo revela que apenas 17% das empresas portuguesas utilizam IA
BIZ

Estudo revela que apenas 17% das empresas portuguesas utilizam IA

LER MAIS

Quase metade dos colaboradores recorre a IA generativa para adquirir novas habilidades
BIZ

Quase metade dos colaboradores recorre a IA generativa para adquirir novas habilidades

LER MAIS

Inetum Solutions nomeia novo CEO
BIZ

Inetum Solutions nomeia novo CEO

LER MAIS

IT CHANNEL Nº 112 NOVEMBRO 2024

IT CHANNEL Nº 112 NOVEMBRO 2024

VER EDIÇÕES ANTERIORES

O nosso website usa cookies para garantir uma melhor experiência de utilização.