2016-6-24
Os britânicos votaram para sair da UE. Venceu o nacionalismo, perdeu a União. A Escócia votou para ficar, o que pode representar a sua separação do Reino. A questão que se nos coloca é: "and now what?"
Num referendo decisivo para o Reino Unido e para toda a União Europeia, a noite foi longa. Sem sondagens à boca da urna, dependemos de resultados que vieram a conta-gotas a partir das duas da manhã, vindos das cidades mais pequenas até às grandes metrópoles, que só de manhã revelaram a tendência definitiva na contagem global. Os resultados apurados até ao momento dão perto de 51,9% para o “Leave”, o que constitui a confirmação dos piores receios dos europeus. Mas nem todas as nações britânicas votaram pelo “Sair”. A Irlanda do Norte e a Escócia votaram claramente para ficar, com perto de dois terços dos votos para o “remain”, o que representa uma perfunda demarcação da Inglaterra. A primeira-ministra, Nicola Sturgeon, afirmou na 4ª feira que “se os britânicos votarem maioritariamente na saída e os escoceses na permanência, será vital que a Escócia fale diretamente com os seus parceiros europeus sobre como proteger o seu lugar na Europa e no mercado único”, o que constitui uma espécie de “grito de Ipiranga” dos escoceses. Mas a divisão não é só entre as nações britânicas. Mesmo dentro de Inglaterra a divisão é entre gerações e entre os grandes centros urbanos como Londres (75% pelo "remain"), Liverpool ou Manchester, contra as cidades mais pequenas e regiões rurais, maioritariamente pelo Brexit. É uma divisão entre passado e futuro, e ganhou o passado. O real impacto económico a prazo deste referendo na economia europeia parece ser difícil de prever. Para já, as reações dos mercados foram de grande nervosismo, à medida que os resultados foram sendo conhecidos. Os investidores começaram a reagir rapidamente durante a noite, tendo a Libra chegado a cair perto de 10% face ao dólar, um valor não registado nos últimos 30 anos. Os futuros norte-americanos estão a negociar com quedas perto dos 5% ( Nasdaq) , todas as bolsas europeias abriram com fortes quedas e Londres afunda neste momento perto de 9%. As restantes bolsas europeias estão ou em linha ou ainda mais vermelhas. O primeiro-ministro britânico David Cameron acaba de anunciar a sua demissão. Os líderes Europeus cedo começaram a marcar posição: para o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, os 27 vão permanecer unidos e reforçar a integração europeia: “Para todos os restantes países, a União continua a ser o quadro para o nosso futuro comum". Resta conhecer a resposta dos líderes europeus: um acordo do tipo Norueguês ou um Farewell Goodbye? |