2016-4-27

BIZ

A Maçã implodiu?

O valor da Apple implodiu 8 por cento em poucos minutos. Qual a surpresa? É preciso chocar contra uma parede para saber que ela lá está? O declínio das vendas da empresa há muito que era antecipado. Este é um ponto de viragem e pode já não ter regresso.

A Maçã implodiu?

Na abertura dos mercados de 4ª feira, 27 de Abril, a cotação da Apple implodiu 8 por cento e foi notícia um pouco por todo o mundo.

Na véspera, a Apple tinha divulgado resultados do seu primeiro trimestre e comunicou aquilo que há mais de 2 anos se calculava, embora não fosse possível establecer o momento exato: as vendas do iPhone estão a cair e logo um tombo de 16 por cento na comparação homóloga.

A verdadeira notícia não é de hoje certamente, tem alguns anos, e reside na incapacidade da Apple ser disruptiva como foi no passado com Steve Jobs, o que leva à maturidade dos seus produtos e a um inevitável declínio.

Pode acontecer a qualquer fabricante, pensará e bem o leitor.  Aconteceu com a Samsung no passado recente, entre outros fabricantes de IT de consumo, mas nenhum depende em 60 por cento da faturação de uma só linha de produto, que durante 9 anos só conheceu crescimento.

Em declarações ao New York Times, um analista (Toni Sacconaghi) não poderia ter sido mais claro: “There’s no question that Apple’s best days are behind it”.

A par da queda de vendas de 10 milhões de iPhones no primeiro trimestre de 2016 (de 61,2 milhões para 51,2 milhões), as más noticias não se ficam pelos smartphones. O iPad continua a tendência de uma descida dos últimos 2 anos, com uma queda de 12,6 milhões para 10,2 milhões de unidades no espaço de um ano, representando uma queda de 19 por cento, e também os Mac caíram 12 por cento, aqui possivelmente a única surpresa a registar.

“Tivemos um trimestre muito concorrido e desafiante”, disse Tim Cook numa call conference com os investidores da Apple. “Apesar da pausa no crescimento, os resultados demonstram uma execução excelente da nossa equipa perante os ventos contrários da macroeconómica.”

Palavras “normais” de um CEO que tem de explicar aos acionistas porque 22 por cento dos lucros se evaporaram num ano, quando na verdade o ano não foi macroeconomicamente desfavorável (pese o dólar), pelo menos nada comparado com a adversidade do crash económico de 2008 a que a Apple resistiu, apresentando sempre crescimento com novos produtos revolucionários.

O que Tim Cook não quer explicar é o facto de dirigir uma companhia sem novas ideias (exceto para o seu headquarter), ou melhor, sem as ideias verdadeiramente brilhantes que fizeram a diferenciação da Apple  desde 1977.

A futura sede da Apple foi a única verdadeira novidade nos anos de Tim Cook

Se o futuro é competir com a Samsung e com a Huawei, então não há futuro para a Apple que conhecemos.

Claro que os utilizadores de Mac nunca abandonarão a marca porque todo o ecosistema integrado da Maçã é para eles demasiado gratificante e fiável para pensar em qualquer opção que não seja Apple, mas a maioria da atual faturação do gigante de Cupertino não advém desse ecossistema alimentado por esses utilizadores de Mac, mas sim de simples compradores de smartphones que são muito mais suscetíveis a modas de consumo e à oferta da concorrência.

“There’s no question that Apple’s best days are behind it”….

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