2018-10-24
Falar dos resultados da distribuição é falar do setor do IT como um todo. Na distribuição, para a esmagadora maioria do que é transacional, boas notícias para a distribuição são boas notícias para todo o setor das tecnologias
O ano 2017 foi um ano de “boom” para a generalidade dos distribuidores. No painel de 25 distribuidores que servem de barómetro para a atividade de IT em Portugal registamos um número recorde de crescimento da última década com um aumento de 15% de volume de vendas face ao ano anterior, 2016, e também um aumento da rentabilidade para a esmagadora maioria das empresas de distribuição, assim como um ligeiro aumento do número de colaboradores destas organizações. A distribuição é composta por uma enorme diversidade de atividades, sendo que cada vez menos temos distribuição no estrito sentido da palavra – que nos remete para a logística e para a componente financeira –, mas cada vez mais para uma oferta complementar de serviços aos Parceiros na área do valor acrescentado. Pela terceira vez o IT Channel publica os dados de vendas dos distribuidores com o objetivo de estabelecer um barómetro da atividade, nos seus indicadores principais, que nos permita extrapolar para toda a atividade de Canal e Parceiros em Portugal.
Os 25 maiores distribuidoresO Top Channel não deve ser lido como um ranking, uma ordenação das empresas de distribuição pela “pole position” da faturação, porque a distribuição é muito mais complexa que isso. Distribuidores de Valor Acrescentado (Valued Added Distributors – VAD) não podem ser comparados com os grandes distribuidores de volume (broadline distributors), e os distribuidores que se especializaram em setores e marcas específicas dificilmente podem ser comparados com qualquer das outras classes. A própria definição clássica de um distribuidor broadline está hoje posta em causa com algumas destas grandes empresas a disponibilizarem serviços de valor acrescentado aos seus Parceiros e, inclusivamente, a participarem do processo de entrega de soluções junto do cliente final em conjunto com o seu Parceiro, algo quem vem tornar mais complexa qualquer análise ao setor. O Top 5O ranking dos principais distribuidores de volume conheceu em 2017 uma mudança de líder, com a Tech Data a ultrapassar a CPCdi em volume de negócios. Esta multinacional, destacada pela revista Fortune com a mais “respeitada” no seu setor, cresceu em Portugal 24%, o valor mais expressivo entre todas as suas congéneres, num grupo que em conjunto cresceu 14,5%.
Neste Top 5 da distribuição deveria figurar a Ingram Micro, com um volume de faturação de 55 milhões de euros em 2017, realizados por 27 colaboradores. No entanto, este dado não pode ser usado na tabela porque não foi possível determinar o ano anterior e, assim, não é cumprido um critério base de inclusão no Top Channel, que são dois anos completos de faturação declarada. Acreditamos que no próximo ano já o seja possivel e que, pela primeira vez, possamos incluir este importante distribuidor. E as “estrelas” são os VADA distribuição de Valor Acrescentado “brilhou” em 2017 e cresceu mais do dobro dos outros distribuidores. O conjunto das empresas que se posicionam dessa forma cresceu mais de 30% face ao período homólogo e tem o melhor registo de rentabilidade, com quase 2% de resultados líquidos face ao seu volume de negócios. No topo da lista está, e por uma grande distância, a americana Arrow ECS, com 67,3 milhões de euros e um crescimento de 23,4%, seguida da nacional Minitel, com 8,4 milhões e um crescimento de perto de 30%. Empresas como a SOON, com 20% de crescimento, Exclusive Networks com + 30%, Ingecom com + 44%, e Ajoomal com 28,6%, vêm confirmar que o grande crescimento provém dos setores tecnologicamente mais complexos, como a segurança, sistema de continuidade e redes, que são segmentos totalmente empresariais. E os importantes que faltamNunca seria possível quantificar a malha total da distribuição, sobretudo na capilaridade de pequenas representações integradas em empresas cujo core não é a distribuição. Mas há ausências de peso que o leitor certamente notou, a mais relevante de todas é a GTI. O distribuidor espanhol especializado em software voltou a não revelar ao IT Channel os seus números em Portugal e como a sua faturação é essencialmente intracomunitária escapa ao radar do depósito notarial das contas. A GTI nunca integraria o Top 5, mas acreditamos que ocuparia um lugar destacado em volume de vendas. Outra ausência por motivos de política multinacional, mas com menor impacto no calculo global, é a Westcon. MetodologiaO Top Channel é baseado nas contas públicas das empresas de distribuição, e portanto, no que vulgarmente designamos por “depósito de contas”, que por lei deve ser efetuado até 31 de julho e que é assim apurado pelo nosso parceiro Informa D&B a partir do registo notarial. O processo considera apenas dois parâmetros: o volume de negócios total e o resultado líquido, ou seja, os lucros após o apuramento de impostos. O número de colaboradores é uma informação voluntariamente comunicada por cada empresa. Em todos os setores de atividade existem empresas que retardam o depósito de contas, ou por dificuldade interna de fecho dos números, ou porque deliberadamente não querem que estes dados sejam do conhecimento dos mercados onde operam, acabando por fazê-lo em anos sequentes e apenas para evitar consequências tributárias. No setor da distribuição de IT, a grande maioria das empresas agem de forma transparente em relação aos seus resultados (mesmo a maioria das multinacionais cotadas em bolsa colaboraram neste painel dentro das suas restrições internas). Existem, porém, empresas cuja atividade comercial, embora tendo por base a equipa portuguesa, é feita maioritariamente por faturação intercomunitária. Nestes casos, ou a empresa colabora desagregando o que são as vendas em Portugal ou seria errado publicar os dados locais conhecidos, porque não refletiriam a real dimensão do negócio. Várias empresas nessa circunstância colaboraram, fornecendo voluntariamente as vendas realizadas em Portugal, mas da parte de outros distribuidores, e pelo terceiro ano consecutivo, isso não foi possível. Embora o IT Channel tenha informação relativamente fiável sobre o valor da faturação intracomunitária para Portugal destes distribuidores, ela só poderia ser publicada com a validação destas empresas. A sua ausência não altera de forma expressiva as conclusões deste Top Channel. Determinar o volume total da atividade da distribuição no nosso setor em Portugal também é especialmente difícil, porque o Canal fora do grupo dos grandes distribuidores torna-se “híbrido”, com empresas cujo core não é a distribuição, mas que representam fabricantes e, pelo menos no plano formal, têm alguma atividade de distribuição.
O que dizem os distribuidoresTech Data
jp.di
Ingecom
Arrow ECS
Minitel
|