PCs: reinventar modelo de negócio ou sair de cena

Para a consultora, os fabricantes que decidirem continuar a ter um papel no mercado de PCs deverão abraçar rapidamente uma série de mudanças e traçar alternativas, uma vez que o mercado já atingiu um ponto de saturação.

"O modelo de negócio de PCs como tradicionalmente o conhecemos acabou. Os cinco principais fabricantes de PCs ganharam 11% de quota de mercado durante os últimos cinco anos: de 65% em 2011 para 76% na primeira metade de 2016, mas isto não equilibra a despesa e o lucro", afirma Tracy Tsai, research vice president da Gartner. "Embora isto não signifique que o mercado de PCs esteja acabado, a base instalada destes equipamentos continuará a decrescer nos próximos cinco anos, com uma erosão contínua das'receitas e lucros' dos fabricantes".

Para a analista, o modelo que atualmente conhecemos, onde o ganho de quota de mercado se baseia na competição de preços como forma de estimular a procura, já não será viável nos próximos cinco anos.

"Os fabricantes de PCs atuais têm de se ajustar às novas realidades que estão a moldar o consumo, além de que os próprios utilizadores de PC continuam a estender o tempo de vida dos seus equipamentos até ao fim, as aplicações de PC empresariais e o armazenamento estão a migrar para a cloud e não dependem tanto da performance de um PC e, crucialmente, o preço e as especificações não são suficientes para os utilizadores comprarem um PC novo - uma nova e melhor experiência do consumir é a única diferenciação", sublinha Tracy Tsai.

Para ajudar as empresas a adotarem alternativas que se adaptarem ao mercado de PCs, a Gartner identifica quatro estratégias alternativas que os fabricantes podem implementar.

1. Os mesmo produtos e o mesmo modelo de negócio

Esta  alternativa é a mais conservadora, onde o fabricante implementa uma operação de negócio atual e vende um equipamento atual. Porém, esta abordagem requer grandes volumes capazes de gerar lucros suficientes como forma de cobrir os custos do negócio, portanto, num mercado em queda, uma consolidação dos fabricantes é inevitável. Esta abordagem permite que o negócio de PCs continue a correr, mas aporta grandes riscos, principalmente devido ao facto da própria Intel e Microsoft estarem a focar-se em alternativas.

2. Os mesmos produtos mas um novo modelo de negócio

Para a Gartner, esta alternativa sugere que os fabricantes de PCs formem uma nova equipa capaz de experimentar novos modelos de negócio e de receita, como por exemplo o PC-as-a-Service. Neste cenário, o modelo de negócio é ágil e permite margem de manobra para os riscos inerentes.

3. Novos produtos e o mesmo modelo de negócio

Ao manter o mesmo modelo de negócio, os fabricantes conseguem, de forma mais conservadora, explorar novas ofertas de produtos e novas oportunidades de mercado, tais como PCs inteligentes, com mais sensores e sensibilidade ao toque. É uma forma gradual dos fabricantes de PCs se expandirem para novos produtos, com base no seu modelo de negócio atual.

4. Novos produtos e um novo modelo de negócio

Esta é a alternativa que a Gartner considera mais agressiva em termos de transformação, visto que implica inovações a nível de operações e produto. Com esta abordagem, os fabricantes de PCs são capazes de estabelecer uma nova unidade de negócio para uma gestão diferente e de explorar novas soluções tecnológicas como forma de criar uma nova linha de produto. Isto significa que as marcas terão de trabalhar com novos Parceiros de Canal e fabricantes independentes de software.

"Alguns fabricantes poderão precisar de toda uma nova estratégia de negócio e produto para darem a volta a esta situação", explica Tracy Tsai. "Os fabricantes de PCs deverão identificar as suas principais competências, avaliar os seus recursos internos e adoptar um ou mais modelos de negócio e produtos inovadores para permanecer ou abandonar o negócio de PCs".