Faz agora meio século que Gordon Moore publicou um paper onde estabeleceu para si e para a indústria de microchips uma previsão que na verdade era um objetivo: dobrar a capacidade de processamento todos os anos.
A formulação inicial da Lei de Moore foi depois alterada pelo próprio, mas a questão que se coloca é até onde é possível ir. Há quem diga que a Lei de Moore vai desaparecer em breve.
Em 1965 a pergunta que se colocava era de quantos componentes (transístores, resistências, condensadores e bobinas) se podia colocar num circuito eletrónico no futuro e a resposta de Moore foi publicada num artigo de 3 páginas na revista "Electronics Magazine", ditando a famosa Lei.
Todos os anos o número de componentes irá duplicar!
Esta meta esteve na base da empresa que ajudou a fundar mais tarde, a Intel, e marcou profundamente o modo como hoje nos relacionamos com a tecnologia da informação.
Mais tarde o próprio Moore reformulou a sua lei (um downgrade para 2 anos), mas a Intel continuou a ter que gastar quantidades crescentes em pesquisa e nas suas fábricas para atingir esta meta de crescimento exponencial. O mesmo, claro, aconteceu com os seus rivais.
Em 2013, o anterior chief-architect da Intel, Bob Colwell, previu que a Lei de Moore estaria "morta” em 2022, o mais tardar.
O problema, explicou, é que é difícil encolher os transístores além de um certo ponto.
Especificamente, ele disse que "será impossível justificar os custos necessários para reduzir o comprimento do transístor para menos de 5 nm".(± 10.000 vezes mas fino que um cabelo).
"A quantidade de esforço que vai ter que ser feita não vai trazer um retorno substancial", disse.
Pode o futuro confirmar o que o reputado Bob Colwell afirmou, porque na verdade o que se fez nestes 50 anos em termos eletrónicos foi miniaturizar cada vez mais uma tecnologia inventada em 1947 por dois engenheiros da Bell Labs e tornada prática em 1954 pela Texas Instruments ao introduzir o acessível silício como elemento semicondutor do transístor.
Para outros líderes da indústria, a Lei de Moore foi um marco fundamental no passado da indústria de semicondutores, mas que já não faz sentido como orientação para o futuro.
"É natural que a capacidade de computação de um microprocessador continue a aumentar, mas o foco tem de ser o que as pessoas podem fazer com essa capacidade", afirma Laurence Bryant da britânica ARM, que desenvolve e produz processadores para empresas como a Samsung e Apple.
Essa ideia é partilhada pelo fundador da iniciativa "All Things Digital", Andrew McAfee do MIT. "Não é irrelevante se a densidade de transístores por chip continua a aumentar ao mesmo ritmo exponencial nos próximos 50 anos - isso seria positivo - mas o nosso futuro e o progresso da Era Digital não dependem muito disso, mas mais em melhorar as nossas abordagens com software e algoritmos".
Na verdade não é particularmente interessante saber dentro de quanto tempo a lei de Moore vai falhar. O importante é que ele criou para toda a indústria mais do que uma “lei”, um objetivo mensurável de desenvolvimento da microeletrónica que lhe permitiu a si ler hoje este artigo num computador ou num tablet que pesa menos de uma tonelada, que não ocupa toda uma sala e que não precisa de meia dúzia de engenheiros de bata branca para lhe darem assistência.
Obrigado, Mr. Moore. |