Margarida Bento em 2018-10-29
A International Association of Microsoft Channel Partners recebeu passado dia 24 de outubro mais de 50 Parceiros, em Lisboa, num evento centrado nos correntes desafios e tendências para os recursos humanos na área da tecnologia, com foco na escassez e retenção de talento
Francisco Caldas, Executive Recruiting Manager da Microsoft Portugal
Já não é novidade para ninguém que o setor da tecnologia sofre de um problema de escassez de talento – problema que se tem vindo a agravar à medida que a transformação digital ganha tração aumenta a procura de pessoal altamente qualificado, e a oferta não cresce para acompanhar esta tendência. Como agravante, a digitalização de setores tradicionalmente não tecnológicos leva estes desafios muito para lá do IT, rarefazendo ainda mais a oferta de pessoal qualificado. Tudo isto está a levar a uma mudança fundamental na relação entre as empresas e os colaboradores, a forma como trabalhamos, e mesmo os próprios modelos de negócio. Foi com isto em mente que a International Association of Microsoft Channel Partners (IAMCP) reuniu mais de 50 Parceiros num evento dedicado aos "Desafios e Excelência dos Recursos Humanos nas Tecnológicas Portuguesas". O evento contou com dois painéis focados na valorização e retenção de talento, bem como uma keynote na qual Francisco Caldas, Executive Recruiting Manager da Microsoft Portugal, apresentou 5 tendências para os recursos humanos.
1. A guerra pelo talentoA escassez de talento traz aos profissionais uma liberdade de escolha sem precedentes, tornando a sua aquisição e retenção excecionalmente desafiante. Porque falar de talento nada mais é que falar de pessoas, a retenção de talento está intrinsecamente ligada à promoção da satisfação e felicidade dos colaboradores. Num mercado onde as qualificações de um indivíduo estão em alta procura e baixa oferta, se este tiver a possibilidade de se mudar para um ambiente que o satisfaça mais, não o hesitará em fazer. Isto vem criar um nível extra de concorrência entre as empresas: não só pelo cliente, mas também pelo talento. O colaborador torna-se então numa espécie de cliente – quando anteriormente a sua satisfação era importante somente no que toca à sua produtividade, agora torna-se num ponto fulcral para o negócio já que pode fazer a diferença.
2. A ascensão do botCom a proliferação e crescente sofisticação da inteligência artificial, os bots vêm assumir mais e mais tarefas de natureza repetitiva que anteriormente eram conduzidas por pessoas. Isto traz consigo vantagens e desvantagens, inclusive para o colaborador. Ao assumir tarefas repetitivas que consumiam demasiado tempo e esforço, a automação passa a agilizar o trabalho a muitas pessoas. Por outro lado, temos a muito debatida questão do desemprego. É verdade que estas evoluções tecnológicas levarão igualmente à criação de mais emprego. Mas também é um facto que estes postos não serão assumidos pelas pessoas a serem substituídas pela automação. É necessário portanto investir, não só na educação “tradicional”, como também na requalificação, de forma a que estes profissionais possam manterem-se integrados no mercado de trabalho.
3. O ritmo da mudançaVerifica-se uma grande mudança não só nas qualificações da força de trabalho como também nas qualificações necessárias para gerir esta força de trabalho. E como acontece com qualquer cenário de disrupção, organizações que não acompanharem estas transformações ficarão inevitavelmente para trás. Existe uma necessidade premente de mudar os modelos de negócio, não só na componente de produção e serviços mas também no funcionamento interno das empresas. E quanto mais rápido o fizerem, mais vantagem terão em relação à concorrência - tanto no mercado como na corrida ao talento.
4. Diversidade e inclusãoExiste uma sensibilidade crescente para questões de diversidade e inclusão no local de trabalho, e numa área em que a retenção de talento é um assunto precário, este pode ser um fator crucial para uma empresa. Estudos estatísticos demonstraram que os colaboradores se sentem mais satisfeitos e são mais produtivos num força de trabalho que consideram diversificada e inclusiva, com "melhorias no desempenho ao longo do tempo", segundo Francisco Caldas. Como tal, uma organização inclusiva terá maior facilidade em adquirir e reter talento do que outra que, com condições semelhantes, não o seja.
5. Fluidez e flexibilidadeA tendência é cada vez mais para o freelancing, horários de trabalho flexíveis e trabalho a partir de casa e/ou a longa distância. Esta é já a expectativa de muitos profissionais nas áreas tecnológicas, por motivos de gestão do trabalho, conveniência, e work-life balance. Constitui, portanto, um fator importante na atractividade de uma empresa como entidade empregadora. Contudo, este não é apenas um fator restritivo: pode também ajudar a facilitar a aquisição e retenção de talento. Por exemplo, se uma empresa tiver a capacidade de suportar trabalho a longa distância, as suas possibilidades de recrutamento serão muito mais alargadas, podendo recrutar pessoas que de outra forma se restringiriam a empresas perto do seu local de residência.
O IT Channel é Media Partner do evento Desafios e Excelência dos Recursos Humanos nas Tecnológicas Portuguesas. Poderá ler uma cobertura completa do evento na edição de Novembro .
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