Rui Damião em 2023-2-24
A V-Valley organizou o V-Valley World, um evento dedicado aos Parceiros nos vários países onde opera, e convidou a Channelnomics a partilhar uma perspetiva do mercado e do Canal de IT em Portugal, Espanha e Itália
A V-Valley – que pertence ao grupo Esprinet – realizou esta quinta-feira o V-Valley World, um evento online dedicado aos seus Parceiros portugueses, espanhóis e italianos. Na sua nota de abertura, Alessandro Cattani, CEO do grupo Esprinet, relembrou que há muito a acontecer neste momento na indústria de distribuição, com muitas oportunidades e desafios. “Percebemos, há algum tempo, que as coisas estão a mudar. Em 2011, estabelecemos a V-Valley, a nossa empresa focada no mercado de soluções”, explicou. A V-Valley atingiu, no conjunto dos seus mercados, vendas no valor de mil milhões de euros durante 2022. “Nos últimos quatro anos, quase duplicámos as nossas receitas desde 556 milhões de euros para mais de mil milhões”, referiu Alessandro Cattani. Crescimento no sul da EuropaA V-Valley convidou Larry Walsh, CEO e Chief Analyst da Channelnomics, que partilhou uma visão do mercado de IT atual no sul da Europa, especialmente em Portugal, Espanha e Itália. Walsh começou por partilhar que o sul da Europa é um “segredo bem guardado em termos de oportunidades de crescimento para o Canal”. “Durante os próximos cinco anos, a maioria dos mercados do sul da Europa vão expandir-se ao mesmo ritmo, ou mais depressa, que o mercado global da União Europeia ou a economia mundial”, explica Larry Walsh. Os vários analistas da indústria esperam um crescimento robusto dos gastos em IT por várias razões. Nos próximos cinco anos, os gastos de IT vão continuar a crescer a um ritmo saudável – entre 3% a 6% anualmente – enquanto as empresas continuam a investir em tecnologias avançadas, na otimização dos processos tecnológicos e atualização das suas infraestruturas e capacidades. Os gastos de IT em Portugal, Espanha e Itália vão crescer entre 1,5% e 3%, que é “uma taxa muito saudável para economias maduras. Ouvimos muitas vezes que é difícil crescer numa economia que tem uma infraestrutura robusta e muitos gastos em legacy, mas Itália, Espanha e Portugal têm muitas oportunidades de crescimento e por boas razões”. A indústria nestes três países ainda se vê a braços com um shortage de talento e isso leva a uma procura por automação. “As tecnologias estão a virar-se para a tecnologia para preencher os processos e os trabalhos para os quais não se consegue encontrar pessoas”, diz Walsh. “Setores dependentes de tecnologia – como as telecomunicações, turismo, agricultura e manufatura – precisam de novas capacidades e atualizações de sistemas para se manterem produtivos e competitivos”, explica o CEO e Chief Analyst da Channelnomics. Como noutras partes do mundo, a inflação no sul da Europa é um fator a ter em conta. Muitas empresas estão a virar-se para a transformação digital como um meio de construir novas infraestruturas e capacidades para manter os seus custos e servir os seus mercados e, também, gerar lucro. Esta tendência tem lugar em todo o espetro – desde as mais pequenas empresas às maiores e também no setor público. Incerteza económica com crescimentoÀ semelhança de outras regiões, também o sul da Europa enfrenta um período de incerteza económica. “Este não é um fenómeno novo, temos visto nos últimos anos e mesmo antes da pandemia vimos uma mudança nos modelos económicos”, partilha Larry Walsh. Os modelos de baixo crescimento foram os que tiveram mais sucesso na última década, mas os indicadores já não são o que eram. Estes indicadores “estão a apontar para uma nova tendência, que, talvez, a economia não esteja tão má, que a economia está a comportar-se de forma diferente que está a levar a diferenças nas perspetivas”. Citando números do Fundo Monetário Internacional (FMI), Walsh refere que apenas uma grande economia vai diminuir em 2023 e o sul da Europa está muito mais saudável, onde nenhum dos países deste mercado deverá encolher nos próximos anos. Segundo o FMI, a economia portuguesa cresceu mais de 6% em 2022 e espera-se que cresça pouco menos de 1% em 2023. Em 2024, o crescimento da economia nacional deverá situar-se acima dos 2%. Para estes crescimentos na região, muito contribui o NextGenEU para ajudar na recuperação da pandemia; Portugal, Espanha e Itália estão entre os principais beneficiários, recebendo 55% dos fundos europeus. O NextGenEU será aplicado a diferentes indústrias e setores e muitos desses gastos vão ser investidos em tecnologia, o que indica, uma vez mais, que a tecnologia está a ser um meio para aumentar a produtividade do negócio e gerar novas oportunidades. Perspetivas para o CanalLarry Walsh afirma que estas tendências são conduzidas pelo Canal e a perspetiva é positiva. “Isso deve-se a produtos e serviços tecnológicos cada vez mais complexos e a um shortage de talento em todo o sul da Europa”, diz. “Mais de 80% dos fabricantes de tecnologias e quase três quartos de resellers e integradores esperam ver um crescimento de receitas significativo – acima dos 5%. Acreditamos que 2023 vai, na verdade, ser um bom ano”, partilha Walsh. Mas, na verdade, este número apenas diz parte da história. “Um quarto das empresas espera crescimentos a dois dígitos e muitos até de 20%. Isto não parece um ano de recessão; isto parece ser um período muito robusto”, afirma Larry Walsh. “O mercado do sul da Europa tem, aproximadamente, 40% das competências tecnológicas necessárias para as necessidades atuais e futuras e os Parceiros fornecem uma experiência holística com várias marcas, cobrem a falta de talento e otimizam os processos. O Canal é a resposta para o shortage de competências e para a complexidade tecnológica”, assevera o CEO e Chief Analyst da Channelnomics. |