O Fórum de Economia Digital, organizado pela ACEPI, arrancou ontem, dia 22, no Centro de Congressos de Lisboa, com um debate centrado em diagnosticar os entraves e as possibilidades da digitalização dos negócios em Portugal. De uma economia digital forte resulta uma maior competitividade económica, da qual as PMEs são as principais beneficiárias e os principais agentes - mensagem sublinhada por todos os intervenientes.
“O mercado português tem apetência por tecnologia nova”, disse, Pedro Adão da Fonseca, assessor do secretário de estado adjunto da Economia, colocando do lado das empresas a responsabilidade de trazerem os seus negócios para o universo da web e de aderirem ao desafio lançado pelo programa “PME Digital”, iniciativa do ministério da economia que pretende acelerar a competitividade das pequenas e médias empresas.
É por via destas que a economia digital pode catapultar-se, em Portugal, para valores semelhantes aos de mercados como o do Reino Unido: apesar de 7 milhões de portugueses utilizarem a Internet de forma assídua, apenas 2 milhões a utiliza para compras online. Na União Europeia, Portugal ocupa a 22ª posição no ranking de países onde mais se compra electronicamente.
Os entraves
Se, por um lado, são ainda poucos os consumidores que optam por comprar online, por outro as próprias empresas ainda não complementaram a sua oferta com uma loja virtual (só 6% das microempresas, por exemplo, têm uma plataforma de venda online). Os entraves ao desenvolvimento da economia digital em Portugal têm assim dois sentidos – do lado da procura e da oferta. Quanto aos consumidores, de acordo com Teresa Moreira, da direcção-geral do consumidor, existem dois motivos para a “fuga”: “porque houve uma má experiência ou por falta de acesso à internet”.
Via de internacionalização
A comercialização online, de serviços ou produtos, é a forma mais fácil, rápida e económica de uma empresa se internacionalizar – não será por acaso que as empresas com comércio electrónico são as que exportam mais. “As empresas devem alargar o seu mercado e encontrar no digital um canal próprio, porque há um elevado número de utilizadores”, defendeu o CEO dos CTT, Francisco Lacerda. “A oferta na Internet permite vender em todo o mundo”, disse, identificando um importante “efeito sistémico”: os retalhistas têm que transitar para o digital para que a própria economia digital possa dar o salto.
Um impulso chamado Cloud
A pouca capacidade de investimento das PME foi um dos problemas identificados pelo novo presidente executivo da Portugal Telecom, Armando Almeida, e é a este nível que a cloud se assume como uma das maiores impulsionadoras da economia digital. João Couto, director-geral da Microsoft Portugal, alertou para a forma como as tecnologias na ‘nuvem’ podem “acelerar todo o processo de transformação digital das empresas com um investimento reduzido”, e contribuir para contrariar o facto de só 11% das PME terem um site de comércio electrónico. A venda online não pode, no entanto, ser encarada como “mais um canal”, para o responsável da Microsoft, que defendeu que este tem que ter uma estratégia própria e em sinergia com os demais - porque todos são importantes ferramentas de comunicação com os clientes.
Economia Digital em Portugal 2009-2017 (Estudo ACEPI/IDC)
- Já há 7,5 milhões de internautas em portugal (70% população) e, até 2020, serão 9 milhões (84% da população);
- Em 2020, cerca 50% dos utilizadores de Internet serão compradores online. Em 2015 esse número já será de 40%;
- Em 2015, teremos pela primeira vez um gasto médio por utilizador superior a mil euros, mas o Reino Unido continua a ser o país europeu com o valor mais alto (2 250 euros);
- Em 2020, o comércio electrónico B2C será superior a 5 mil milhões de euros;
- Em 2020, o comércio electrónico B2B/B2G será superior a 85 mil milhões de euros;
- Em 2020, o comércio electrónico total será superior a 90 mil milhões de euros. |