Entre várias conclusões que nasceram do encontro destaque para as formas de otimização do potencial das PMEs através das Tecnologias de Informação e Comunicação. Neste campo, ficou patente a necessidade do aumento de promoção das TIC junto das PMEs para divulgação e partilha de casos em estudo de forma a demonstrar a importância estratégica do investimento em TIC.
Foi ainda debatida a necessidade de criação de um programa governamental que insira jovens técnicos em PMEs de forma a sensibilizar estas empresas para as mais recentes tendências e potencialidades das tecnologias de informação e comunicação e como forma de atualização de competências dos próprios quadros da empresa. Tornou-se ainda óbvia a necessidade de conceção de websites funcionais e de catálogos online, além de alargar o espetro de promoção de serviços e produtos para uma escala mundial, ultrapassando assim as fronteiras do mercado nacional.
Neste campo, vingou ainda a ideia de que as PMEs nacionais podem promover o seu crescimento estabelecendo parcerias com multinacionais para garantirem que os seus produtos aproveitam oportunidades de negócio em diferentes mercados. As parcerias não se devem todavia restringir a acordos com grandes empresas. As parcerias com startups ou com jovens empreendedores devem ser encaradas como mais valias que fomentam a inovação e a diferenciação num mercado cada vez mais competitivo e exigente.
No que respeita a empreendedorismo, o encontro acabou por deixar em cima da mesa recomendações no sentido de criar sistemas de divulgação e promoção de registo de patentes junto de PMEs, investigadores e startups, de criação pelos governos de sistemas de incentivos financeiros para que as PMEs possam registar essas patentes, a necessidade de promoção de uma cultura de inovação e de empreendedorismo no nosso país, e de relações mais próximas entre multinacionais e universidades, fomentando a partilha de informação mais prática. Outra das conclusões tem que ver com a necessidade de negociar e melhor dirigir os fundos de investimento para que seja possível criar mais empresas de base tecnológica responsáveis pela criação de emprego.
O evento serviu ainda para sublinhar a necessidade de integrar o ensino de informática no ensino obrigatório e de disponibilizar um tablet ou portátil desde o primeiro ano de ensino. Além disso, as empresas devem levar a cabo projetos junto das camadas mais jovens para começar desde cedo a motivação para ciências exatas. De resto, fica patente a necessidade de sensibilização dos alunos jovens para que estes fiquem a saber que as TIC são uma boa opção de emprego. Esta ideia pode ainda ser materializada no aumento do contacto entre os alunos e o tecido empresarial, fomentando mis oportunidades de interação: desde estágios de verão a oportunidades de colaboração em projetos específicos, até aos tradicionais estágios académicos e profissionais. A articulação entre Universidades e empresas é mais um passo no sentido de redução do desemprego e de evolução profissional dos alunos. A criação de um MBA IT em Portugal foi outra das ideias discutidas.
Por outro lado, concluiu-se que a melhoria dos ordenados é essencial para conseguir manter os talentos e os melhores profissionais da área dentro de portar, impedindo a imigração. Ao mesmo tempo, parece ser óbvia a necessidade de alinhamento do discurso político com as necessidades das empresas e das organizações no que respeita a TIC: se os políticos insistem em reduzir orçamentos e exigir cortes em tecnologia na Administração Pública, estão naturalmente a passar a mensagem de que as TIC não são encaradas como driver de futuro.
Foram apresentadas propostas especificamente dirigidas ao emprego, como a (re)qualificação de indivíduos, que têm como principal desafio aumentar o awareness para a área tecnológica. O objetivo é diminuir o gap entre a procura e a oferta de trabalho em TI, e inclui ações para a sensibilização dos jovens. Alguns intervenientes, como Isabel Casaca Martins da CRITICAL Software ou João Gabriel Silva da Universidade de Coimbra revelaram exemplos de iniciativas já em curso.
A cimeira veio ainda reafirmar a importância dada ao trabalho conjunto das entidades públicas e privadas, no sentido de facilitar ações concretas e mobilizar a colaboração das várias partes interessadas.
Rui Serapicos, Managing Partner da CIONET, afirma que “as medidas apresentadas na cimeira Grand Coalition for Digital Jobs foram recolhidas e serão apresentadas no documento de forma a estarem disponíveis para toda a sociedade civil”. A FCT, entidade que gere a Coligação de Emprego Digital a nível nacional, vai acompanhar o cumprimento destas e de muitas outras medidas a implementar. A CIONET trabalhou também com alguns dos seus membros para a construção de planos de ação específicos a implementar nas empresas Portuguesas que tenham interesse e capacidade.
O evento juntou mais de noventa organizações nacionais, desde representantes do tecido empresarial nacional (quer multinacionais, como grandes, pequenas e médias empresas e startups) académicos e líderes de algumas das maiores universidades de engenharia, entidades governamentais e associações de promoção de informação e conhecimento. Durante a cimeira, foram abordados quatro temas: Agenda Digital e Crescimento Económico; Realinhamento de Talentos: Educação, Formação e Requalificação; E-skills, Emprego Digital e Procura Futura; e Novos Drivers de Emprego: Atração de “Geradores” de Emprego Digital. Para cada um deles foram apresentadas propostas de medidas a implementar no país, quer governamentais como a nível das próprias empresas. |