Maria Beatriz Fernandes em 2022-2-11

VENUE

Reportagem

Building the Future: o futuro da transformação digital começa agora

A quarta edição do evento da Microsoft juntou 365 oradores em 180 sessões para discutir os principais desafios e oportunidades do futuro dos negócios e da revolução digital, das pessoas e do planeta, e da educação e skilling

Building the Future: o futuro da transformação digital começa agora

O evento português Building The Future, que conta com o patrocínio principal da Microsoft, construção da imatch, e que decorreu entre os dias 26, 27 e 28 de janeiro, “terminou, mas a construção do futuro não para”, afirmou a Microsoft Portugal na sua página de Twitter. Numa transmissão live, a apresentação do evento a partir do Capitólio, em Lisboa, esteve nas mãos de Filomena Cautela e o resultado foi um total de 21 mil participantes online em 66 países.

Segundo Andrés Ortolá, General Manager da Microsoft Portugal, “Portugal é um país de empreendedores e de inovadores” e “ao longo destes três dias, aprofundámos a necessidade de acelerar os processos de Transformação Digital e de desenvolvimento de competências”. Em entrevista ao Podcast IT Channel Weekly (episódio 9), Teresa Virgínia, CMO & PR Lead da Microsoft Portugal, disse acreditar que esta foi “a melhor edição de sempre”.

Muito foi discutido durante a quarta edição do evento, e, na impossibilidade de resumir as 180 sessões que o Building the Future ofereceu, focamo-nos nas principais ideias dedicadas ao Canal e aos Parceiros, aos negócios – oportunidades e desafios – e, essencialmente, ao futuro da transformação que hoje se vive.

O primeiro dia do evento foi totalmente dedicado ao tema “Beyond&Future” e, entre oradores dos quatro cantos do mundo, a discussão recaiu sobre o futuro dos negócios e do universo tecnológico e digital. Não é novidade que a transição digital é um tema na ordem do dia, no topo das prioridades das empresas, sobretudo as PME – a maioria do tecido empresarial português –, que, inevitavelmente, ainda estavam a planear esta transição, quando uma força maior obrigou a uma rápida adaptação. A digitalização vai exigir investimento, competências e capacidade de ação, temas que subiram para cima da mesa durante o painel SMB Transformation.

A revolução das PME portuguesas

“Aquilo que nós apanhamos nos últimos 18 meses, é quase aquilo que teríamos em alguns anos de trabalho, e o tecido empresarial português não estava pronto para esta revolução”, reflete Maria Malhão, Small Medium Business Lead na Microsoft. Estela Brandão de Bastos, CEO e Owner BDM na Visual Thinking, acrescenta que, “à boa portuguesa, houve um desenrascanço, o que não quer dizer que tenha sido feito da melhor forma”.

“Quando uma enorme quantidade de empresas no nosso país são micro e pequenas empresas, a transformação digital é muito mais do que um projeto one-shot”, continua. É um “tecido empresarial complexo e é difícil ter um padrão comum”, pelo que cada PME tem capacidades digitais e de investimento “completamente diferentes”, complementa Maria Malhão.

Mais, detalha que “temos microempresas que nem sequer têm acesso à Internet” e “que estão num formato muito presencial”. Nesse caso, a solução não deverá passar por introduzir tecnologia “e esperar que corra bem”; “há toda uma transformação do modelo de negócio que é necessária ser feita”, para que os próprios empresários sejam capacitados e percebam o potencial e a mais-valia que conseguem tirar da tecnologia, completa Maria Malhão.

Neste sentido, é de notar que a “tecnologia é um acelerador, mas se os empresários não tiverem a capacitação e não conseguirem perceber como é que a tecnologia os ajuda, é um modelo que não vai funcionar. Algumas PME já são born in the cloud e por isso já têm uma aptidão natural, mas a grande maioria não”.

Mais do que transformação digital - capacitação e colaboração

O panorama é moldado pelo facto de grande parte das nossas empresas terem sido fundadas “entre os anos 70 e 80 e, portanto, a geração mais velha está na liderança. A transição geracional que estamos a fazer também é complexa na questão digital”, refere Alexandre Meireles, Board Member na Startup Portugal. Completa: “o ponto-chave do sucesso, primeiro, é vender o produto – as pessoas já ouviram tanto falar de transformação digital e estão mais do que convencidas. Depois, fazer a implementação do processo, e, depois, o acompanhamento da implementação para dar continuidade”.

Segundo o painel, uma possível solução, que fortaleceria o tecido empresarial português, teria a ver com a colaboração entre as várias pequenas empresas, uma vez que, verticalmente, muitas se enquadram na mesma área de negócio e se complementam, mas estão “pulverizadas”.

Tendo em conta que os problemas de uma pequena empresa poderão ser o mesmo de uma outra na mesma área, e, se calhar, “em conjunto conseguem ultrapassar”, por isso “faz todo o sentido a colaboração”, diz Maria Malhão, acrescentando que, no caso da Microsoft, empresa que representa, têm “uma rede de Parceiros muito vasta, com dimensões e capacidades diferentes”, dos quais há “Parceiros que trabalham as pequenas e médias empresas, e outros as microempresas – não é a mesma coisa trabalhar com uma empresa com cinco a dez pessoas e outra com 200, mas todas elas estão na categoria de PME. Temos Parceiros específicos e especializados para cada uma delas”.

Maria Malhão olha, ainda, para a necessidade de ver a transformação de forma holística e não apenas como sendo apenas digital. “Os líderes têm de olhar para aquilo que são os novos modelos de negócio. Há uma parte que incorpora o digital e a tecnologia e que vai fazer acelerar os negócios, mas há outra que tem muito a ver com a gestão e com a forma de olhar para o mercado”, reitera. “Os empresários têm que se convencer de que a gestão por intuição tem de acabar e temos de gerir com base em dados e informação relevante”, acrescenta Estela Brandão de Bastos.

Alexandre Meireles termina com algumas ideias relativas ao futuro dos donos de empresas e do comboio de investimento que está a caminho. De uma maneira geral, os empresários vão ter que pensar na sua posição “porque vamos precisar de menos recursos”, pelo menos para fazer os trabalho de hoje” e isto “é um debate que temos de ter”. Além disso, com o PRR, “não podemos correr o risco de desperdiçar esta oportunidade única de restruturar a economia portuguesa”, agora que “há capital disponível para fazer a transição digital”.

Um ano de balanço positivo

A quarta edição do Building the Future contou com uma equipa de cerca de 170 pessoas na organização, 150 mil visualizações únicas, 365 oradores em 180 sessões, com 48 sponsors, 60 startups ao longo de mais de 65 horas de transmissão online, 12 mil pessoas conectadas entre si, 1.700 reuniões, mais de 20 mil interações nos chats, 650 reuniões em speed networking, 300 entrevistas do Job Pitch Challenge, e, ainda, a atribuição da distinção Melhor Empresa Para Trabalhar Em TI 2022, da autoria da Teamlyzer, à Microsoft Portugal”, disse a empresa organizadora em comunicado.

Mesmo em contexto pandémico, “voltámos a fazer um evento extremamente inovador, recorrendo, inclusivamente, pela primeira vez em Portugal, a um sistema de realidade aumentada orgânica. Além destas novas tecnologias, que fazem a diferença, tivemos, também, através do digital, a oportunidade de ter uma série de speakers nacionais e internacionais a partilhar histórias e testemunhos que acreditamos serem vitais para inspirar e desafiar a sociedade e economia portuguesas. A Filomena Cautela voltou a dinamizar todo o evento, e sentimos essa energia a ecoar nos chats que estiveram ao rubro durante os três dias”, reforçou Teresa Virgínia. Finalmente, Andres Ortolá conclui: “assistimos ao que de melhor se faz no país e testemunhámos como a transformação digital é o motor do futuro”.

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