Rui Damião em 2025-2-19

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Building the Future: “Não estamos a ser substituídos; estamos a ser promovidos”

Como é habitual no início de um novo ano, Lisboa recebeu o Building the Future e focou-se na inteligência artificial e como é que a tecnologia pode ajudar as organizações

Building the Future: “Não estamos a ser substituídos; estamos a ser promovidos”

Garry Kasparov no palco do Building the Future 2025

O Pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa, voltou a receber o Building the Future. O evento – que já está na sua sétima edição – teve como objetivo mostrar como se pode transformar a Inteligência Artificial (IA) em insights humanos.

Andrés Ortolá, General Manager da Microsoft Portugal, a principal promotora do Building the Future, subiu ao palco do evento e falou da história da Microsoft nos últimos anos. Depois de vários marcos, 2025 é o ano da inteligência artificial, diz o General Manager.

Ortolá dá o exemplo da eletricidade, onde os países que souberam utilizar a eletricidade no início da tecnologia, estão, de uma forma geral, melhor do que aqueles que, por uma razão ou outra, não a souberam aproveitar. “A tecnologia é a mesma – a eletricidade –, mas a sua utilização não foi”, diz.

Neste sentido, há países que têm uma capacidade de inovar, mas nem todos têm a capacidade de colocar a tecnologia em utilização. “Temos uma oportunidade em Portugal. A tecnologia está aqui. Temos de garantir que a conseguimos utilizar”, explica.

É preciso democratizar tecnologia”, refere Ortolá. Há uma maior capacidade para criar plataformas e é possível dar informações diversas para criar insights para a população e para as organizações. No entanto, é preciso simplificar esta utilização, para ajudar as pessoas a serem mais produtivas.

Andrés Ortolá, General Manager da Microsoft Portugal

Simultaneamente, também é necessário reimaginar os negócios. Segundo a Gartner, até 2028, 33% das empresas vão incluir Agentes de IA. Estes agentes vão mudar a forma como os colaboradores vão trabalhar nas suas organizações, alterando, também, os próprios negócios e permite reimaginar as empresas como elas são.

Andrés Ortolá afirma que é preciso ter competência em escala. Estima-se que 8% do total de trabalhos atuais vão desaparecer, mas acredita-se, também, que vão ser criados 14% mais trabalhos. As competências vão ser cada vez mais relevantes, numa altura em que 75% das pessoas já utilizam IA no seu local de trabalho.

Por fim, Ortolá anunciou o PME.AI, um programa para ajudar as pequenas e médias empresas a democratizar nas suas operações, a reimaginar os seus negócios e, também, a formar competências em inteligência artificial.

Cooperação entre humano e máquina

Garry Kasparov, Grande Mestre de xadrez e considerado um dos melhores jogadores de todos os tempos, também marcou presença no Building the Future onde abordou a forma como a IA se encontra com os insights humanos.

Em 1985, Kasparov jogou contra vários computadores de xadrez que eram, na altura, demasiado fracos para os principais jogadores. Kasparov jogou mais de 20 jogos em simultâneo e ganhou todos.  Em 1996, Kasparov jogou contra apenas um computador – o primeiro jogo contra o computador da IBM – e ganhou a partida, ainda que tenha perdido o primeiro jogo para o computador. No ano seguinte, em 1997, teve lugar a famosa partida contra o Deep Blue da IBM que viu, pela primeira vez, um computador ganhar contra um dos principais jogadores de xadrez do mundo.

Kasparov reconhece que a os vários jogos com o Deep Blue não são nada de especiais para os standards do xadrez atual, mas que a máquina soube capitalizar os erros de Kasparov, que cometeu mais erros que o seu oponente ‘digital’. “As máquinas têm de fazer menos erros. Só isso”, explica Kasparov.

Em 1998, Garry Kasparov olhou para aquele que seria o futuro do xadrez: humano mais máquina. Esta visão do jogo pode e deve ser aplicada à relação com a inteligência artificial. Kasparov defende uma visão de inteligência aumentada em vez de inteligência artificial, até porque “artificial faz lembrar os filmes, os robôs”.

Esta inteligência aumentada deve começar com “máquinas de força bruta a seguir instruções humanas”. Depois, “as máquinas mais inteligentes trabalham em conjunto com especialistas para utilizar processos superiores”. O último passo, diz, são “os operadores a guiar grupos de algoritmos de IA”.

Para terminar a sua apresentação, Kasparov partilhou sete pontos que considera essenciais para a relação com as máquinas. O primeiro é que as máquinas não precisam de ser perfeitas, apenas melhor do que os humanos. Depois, os humanos devem definir os problemas. Em terceiro lugar, a relação humano-máquina precisa de processos de colaboração superiores. De seguida, a inteligência deve ser humana, onde os humanos ficam mais inteligentes.

O quinto ponto apontado pelo Grande Mestre é que as interfaces inteligentes e a tecnologia de low-code é mais fácil de utilizar e precisa de menos capacitação para a próxima geração de trabalhos. Em sexto lugar, as explicações de IA vão diminuir até que a inteligência se consiga explicar a si própria. O último ponto é que a IA vai permitir que os humanos sejam mais criativos e estratégicos, ou seja, “mais humanos”.

Para concluir a sua apresentação, Kasparov escolheu uma mensagem otimista: “não estamos a ser substituídos; estamos a ser promovidos”!

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