Jorge Bento e Marta Quaresma Ferreira em 2025-2-13

ENTREVISTA

Tem A Palavra

“Uma das skills essenciais em todas as empresas e Parceiros é a capacidade de aprendizagem”

Este mês o IT Channel dá a Palavra a Aroa Ruzo, Country Manager da Schneider Electric Portugal. Numa altura em que a bandeira da sustentabilidade é cada vez mais uma marca do passado, presente e futuro da organização, as atenções viram-se também para o mercado de data centers, que se posiciona como um segmento estratégico da Schneider Electric em Portugal. O desenvolvimento, formação e certificação dos Parceiros de Canal, defende Aroa Ruzo, é uma das estratégias para levar o negócio cada vez mais longe

“Uma das skills essenciais em todas as empresas e Parceiros é a capacidade de aprendizagem”

Aroa Ruzo, Country Manager da Schneider Electric Portugal

A Aroa iniciou funções como Country Manager da Schneider Electric em Portugal a 1 de julho de 2024. Como é que está a correr este processo?

Tem sido um processo maravilhoso. Portugal é um país fantástico. A abertura das pessoas e a multiculturalidade que existe no país é muito forte. No primeiro dia em que cheguei senti-me como se estivesse em casa. Dentro da Schneider Electric encontrei uma equipa incrível. Temos pessoas com muitíssima experiência, com 35, 25, 15 anos no mercado e também muitas pessoas novas que estão a entrar.

O ano passado arrancámos com o programa de trainee. Nos últimos seis meses, desde a minha chegada, já incorporámos mais de dez pessoas neste programa. Também apostámos muito nos programas de recém-licenciados que temos globalmente. Estamos também à procura dessa multiculturalidade nas diferentes geografias. Mas a verdade é que fui muito bem acolhida porque há pessoas com muita experiência no mercado e que me ajudaram para fazer um onboarding muito mais rápido do que eu esperava.

Como é que correu o ano de 2024 para a Schneider Electric em Portugal?

O ano de 2024 foi bom para o setor do IT. Se é certo que, historicamente, estão a chegar muitos players ao mercado português, também há muitos Parceiros. Uma coisa de que gosto muito, falando especificamente dos Parceiros de IT, é a capacidade que tiveram de se reinventar e desenvolver o potencial do e-commerce. Comparando até com outras áreas da empresa, o seu avanço foi muito mais rápido do que o mercado em geral. Acho que fizeram bons investimentos e aprenderam e exploraram este mercado muito rápido.

De que forma é que a Schneider Electric olha para o mercado português ao nível de inovação e de sustentabilidade?

Acabamos de ser reconhecidos como a empresa mais sustentável do mundo. Para nós é parte da essência da nossa empresa. Em Portugal, falamos num país que é um dos líderes na Europa na parte de implementação de políticas sustentáveis de descarbonização. De facto, tem-se vindo a bater o recorde de dias seguidos a operar com energia renovável. Para nós, [Portugal] é um enclave maravilhoso para podermos desenvolver as nossas iniciativas.

Do ponto de vista da sustentabilidade, trabalhamos muito na parte da descarbonização, que é alinhada com os propósitos que Portugal tem, e aí temos trabalhado com Parceiros distintos para, em conjunto, alcançarmos os nossos objetivos. Temos exemplos a nível global que desenvolvemos em fábricas próprias onde mitigamos essa descarbonização.

Quais são as principais áreas / soluções da Schneider Electric com maior procura por parte dos clientes portugueses?

Há muito o tema do software porque um dos desafios que agora vemos globalmente está relacionado com a gestão da informação, que está também ligada à parte da descarbonização. Primeiro precisamos de medir, e nesse campo todos os nossos materiais vêm, por defeito, com a parte de medição; depois temos de conectar todos os produtos a uma camada para que possa fazer medições e saber não só o que fazemos, mas também se estamos a melhorar com as iniciativas que temos. E aí damos conta de muitas empresas que estão a chegar até nós para perceber como é que podemos acompanhá- las nesta jornada de trabalhar os dados e a informação para que possam tomar ação sobre a parte de consumos energéticos. É uma das áreas com maior procura por parte dos nossos clientes.


“Estamos à procura de construir uma estrutura [de Canal] mais forte em termos de suporte, sobretudo porque as tecnologias no mundo do IT evoluem muito rápido e nós temos de ser cada vez mais capazes de transmitir o know-how num curto período”


Falando de data centers, em Portugal há dois mercados: o mercado empresarial local e o mercado de data center, de placement. A inteligência artificial, para vocês, é uma ‘mina de ouro’…

A inteligência artificial é fundamental no desenvolvimento global porque pode aportar muitos benefícios a todos e tornar-nos muito mais eficientes.

Mas aí estamos a falar também de novas tecnologias em data centers, estamos a falar de refrigeração líquida, por exemplo. Pode explicar-nos a sua visão para o mercado de data center aqui em Portugal?

O mercado de data center em Portugal é um dos mercados mais importantes do país. Tem também um desenvolvimento muito mais amplo e é um enclave incrível pelo tema da disponibilidade energética, que é um dos maiores desafios que os data centers enfrentam hoje, assim como pelas possibilidades de conexão com os cabos 5G que chegam.

Aí também vemos muitas variantes. Há muitas empresas que, efetivamente, já estão a trabalhar toda a parte do cooling ou a parte mais líquida; outras estão a trabalhar e a adaptar as suas próprias soluções. Ainda assim, e nesta área específica, acho que há um forte desenvolvimento por parte das empresas junto dos clientes finais.

Há também o desenvolvimento do que chamamos de colocation. Neste universo, não é só a questão da infraestrutura que o data center quer colocar, mas também o que cada um dos clientes quer implementar e como é que se conseguem adaptar. Estamos a observar a tendência de trabalhar soluções standard e depois ir adaptando, de acordo com os clientes que vão entrando nos data centers.

Crescemos muito no segmento dos data centers e vemos ainda muitas oportunidades dentro de Portugal para os próximos anos. É um dos nossos segmentos estratégicos.

Falarmos de tecnologia cooling implica ter know-how porque é algo completamente distinto. Como é que a Schneider Electric trabalha com os Parceiros ao nível deste know-how?

Para nós, os Parceiros são essenciais. Somos uma empresa que acredita em trabalhar com empresas. Para isso, o nosso maior aporte é a formação. Nós investimos muito, temos um investimento muito forte no desenvolvimento, formação e certificação de Parceiros para que possam também levar as nossas tecnologias para o mercado.

Temos uma área específica em que estamos, inclusivamente, a crescer de forma contínua no número de pessoas que têm experiências no mercado de mais de 25, 30 anos, e que estão a suportar os nossos Parceiros em todo o desenvolvimento destas novas tecnologias, sobretudo em transmitir o know-how.

Sendo a sustentabilidade uma das principais bandeiras da Schneider Electric, como é que percecionam o aumento do consumo de energia por parte dos data centers?

A parte dos data centers também já está a trabalhar muito com as novas tecnologias, em que o consumo já não é tão forte como noutras tecnologias mais antigas.

Os Parceiros, os especialistas, os colocation e demais estão dedicados a isso. O que é que acontece? Acreditamos que toda esta parte da inteligência artificial também vai trazer uma eficiência muito mais forte na utilização de dados.

No final do dia, os consumos também vão variar porque vamos ter mais informação, uma maior possibilidade de atuar e de trocar os sistemas. Também conseguimos perceber que vão existir determinadas otimizações ou eficiências.

Aroa Ruzo foi anunciada como a nova Country Manager da Schneider Electric para Portugal em julho de 2024, substituindo Victor Moure, que ocupava o cargo desde 2021

Quais as novidades mais recentes para os Parceiros portugueses e para o Programa de Canal da Schneider Electric?

Estamos à procura de construir uma estrutura mais forte em termos de suporte, sobretudo porque as tecnologias no mundo do IT evoluem muito rápido e nós temos de ser cada vez mais capazes de transmitir o know-how num curto período. Atualmente, estamos a trabalhar em sistemas, ou seja, novas formas de transmitir o nosso conhecimento aos nossos Parceiros de forma mais rápida. É aqui que entra a questão das novas tecnologias, das Parcerias de formação, do treino, das visitas às fábricas e da partilha de informação. Toda a gente se conhece no mundo do IT e há muita troca de informação. Acho que isso reflete o rápido crescimento do mercado porque as pessoas existem, essa troca é natural, é um segmento que é mais óbvio. Se calhar noutros segmentos há mais resistência, mas, no mundo do IT, a troca de informação é essencial.

Para nós, o maior desafio que agora se impõe é saber quão rápido conseguimos ser na partilha deste conhecimento. Já não podemos demorar o que demorávamos antes porque a tecnologia muda. Uma das partes enriquecedoras deste segmento é a capacidade de uma aprendizagem contínua. Hoje, uma das skills essenciais em todas as empresas e Parceiros é a capacidade de aprendizagem que temos.

Nós temos, de forma geral e para cada tipo de segmento, formações específicas, para que também seja mais concreto porque também procuramos ter profundidade.

Para ter esta profundidade não podemos ser especialistas em tudo. Procuramos ter Parceiros com profundidade e, para isso, trabalhamos nos segmentos em que cada um está.

O que é que os Parceiros portugueses podem esperar para 2025 por parte da Schneider Electric? Quais são as principais oportunidades e desafios de crescimento?

Um dos principais reptos para os Parceiros é precisamente serem capazes de aumentar o ritmo de aprendizagem e estarem continuamente ligados às novidades do mercado. É entender a importância da especialização. A especialização é ter profundidade no conhecimento. O nosso core é entregar a melhor proposta de valor para o cliente final e, para isso, necessitamos que os nossos Parceiros sejam capazes de acompanhar isso. Uma das coisas que procuramos é especialização e profundidade dos nossos Canais.

Voltando à pergunta, o maior desafio é conseguimos ter pessoas treinadas e com conhecimento para poder dar suporte aos clientes com quem temos objetivos em comum, para que a proposta de valor seja realmente transferida para o mercado.

Quais as perspetivas para os próximos meses?

Temos várias prioridades que estamos a trabalhar. Temos trabalhado na nossa estratégia open line. Estamos a trabalhar no plano estratégico, em estratégias fundamentais: pessoas - não só internamente porque quando pensamos em pessoas também pensamos nos nossos Partners, pessoas como um todo - e trabalhar com elas essa capacidade de autoaprendizagem, de gerir áreas distintas. Outra prioridade em que estamos a trabalhar é em como cobrir o mercado da melhor forma possível. Para isso temos de contar também com os Parceiros. Há partes do mercado em que temos de trabalhar e acompanhar diretamente; há outras partes do mercado em que os Parceiros chegam com muito mais profundidade. Estamos a trabalhar um pouco nisso e, como tal, segue como a prioridade principal: ser um Parceiro de sustentabilidade reconhecido, não só globalmente, mas também em Portugal. Esse é o trabalho dos próximos três meses.

Uma mensagem final aos Parceiros?

A mensagem principal para os Parceiros é que quando utilizamos a palavra Parceiro é Parceiro real. Se queremos transmitir todas estas coisas e trabalhar positivamente para o país, suportando o crescimento, temos de trabalhar juntos - marcas, Parceiros, clientes finais –, porque entre a experiência e a expertise de cada um de nós podemos construir muito mais que individualmente. Devemos trabalhar mais a consciência coletiva.

IT CHANNEL Nº 114 FEVEREIRO 2025

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