Jorge Bento e Rui Damião em 2020-11-17
A impressão tradicional tem vindo a adaptar-se à transformação digital e, à semelhança de outros setores, foi impactado pela pandemia. Este mês, o IT Channel dá a palavra a José Esfola, Diretor-Geral da Xerox Portugal
2020 é um ano atípico e que afetou todas as organizações. Dados da Canalys indicam que a área de printing no escritório sofreu durante a pandemia. Como é que a pandemia afetou particularmente o negócio da impressão no escritório? Isto é um período sem precedentes e já estamos aqui há alguns anos e temos algo que a nossa memória coletiva nunca terá experienciado. Naturalmente que a pandemia teve aqui um impacto na atividade geral do nosso negócio. Temos, de facto, um peso grande na parte da impressão, quer nos contratos mais complexos, como managed print services, ou mesmo nos mais simples; obviamente que, com as empresas a reduzirem a sua atividade no escritório, algumas a pararem mesmo a atividade do escritório, teve um impacto na nossa atividade. Já há uns anos que vínhamos nesta transição para tentarmos acrescentar ao negócio da impressão os serviços digitais, tudo o que gira à volta desta transformação digital, e aí tivemos algumas boas surpresas, mas não podemos dizer que temos uma boa pandemia. A Xerox tem feito estudos sobre o futuro do escritório. A Xerox está a preparar algo que possa dar às empresas, uma solução em que, simultaneamente, se tenha a solução clássica de escritório, mas que preveja algo para os colaboradores móveis? Sim. Temos um whitepaper, lançado em junho/ julho, que procurava dar-nos pistas sobre como é que as empresas tinham reagido e como é que viam este futuro próximo. Nós fomo-nos adaptando, reagimos muito rapidamente com a nossa oferta. Sou da opinião, e não é preciso fazer grande estudo para o perceber, que nada será como dantes, mas também temos de ter em consideração que muito daquilo que hoje dizemos que é o novo, já vinha a acontecer. Olhando aqui internamente, já tínhamos um modelo de teletrabalho, embora isto esteja sempre entendido num equilíbrio trabalho / vida e não tanto numa necessidade premente que a dado momento tivemos aqui com o tema da pandemia. Dentro da oferta de managed print services, que designamos e começámos por designar já há cerca de um ano por intelligent workplace services, e porque hoje a nossa oferta vai muito mais além do que a impressão, já oferecemos soluções de gestão, de impressão, segurança e análise de dados no sentido de monitorizar a eficiência dos processos de trabalho e dos fluxos entre papel e digital, isto tudo já assente numa estrutura de cloud. Já tínhamos esta oferta e recentemente lançámos mais serviços de hub, serviços de digital, mais serviços na área do capture and content, obviamente não descurando da parte da tecnologia, do hardware. O ambiente de escritório tradicional alterou radicalmente durante a pandemia. Como é que a Xerox se adaptou a esta situação e ao facto de o espaço de trabalho ser agora híbrido? Já tínhamos uma frase de há uns anos que o local de trabalho não é mais um local. Como dizia há pouco, o que a pandemia fez foi acelerar, do ponto de vista do mercado, uma maior perceção para essa necessidade de mobilidade. Muitas vezes, apresentarmos soluções de mobilidade adaptadas aqui ao nosso negócio, à nossa oferta, por vezes parecia um pouco subjetivo; o que é que eu consigo fazer com mobilidade no ambiente de managed print services? Com a pandemia e com este processo ficou mais do que evidente. Deixou de haver dúvidas daquilo que era subjetivo sobre os conceitos da mobilidade, da simplificação e transformação digital que o mercado ia falando, mas que por vezes pareciam mais subjetivos para alguns setores de atividade. O posto de trabalho, na verdade, não é mais um posto físico, e isso arrasta, obviamente, outras considerações. Quais é que são os grandes desafios da digitalização das organizações, dos clientes finais, que os Parceiros precisam de endereçar neste mercado de digitalização? As empresas tiveram uma necessidade quase imediata de reavaliar e fazer estas mudanças nas políticas de trabalho, que depois arrastam todas estas coisas para procurar soluções para proteger os seus negócios no mais longo prazo. Esta necessidade de digitalização dos processos, da forma de trabalhar, já vinha há muito a ser identificada. Muitas empresas não têm os recursos para o fazer, isso obviamente que dependia da capacidade de cada organização. Às vezes, para responder a grandes desafios, importa começar por pequenas coisas, pequenas mudanças de processo, pequenas áreas que as empresas vão digitalizando no seu processo de trabalho e que vão, com isto, antecipando o futuro. Claro que digitalizar é o mais simples, o transformar documentos em papel e passá-los para um arquivo digital é o mais fácil. Agora, usar esses recursos digitais que nos passam a estar disponíveis para conseguir indexar, extrair dados críticos para o negócio, para a atividade diária das empresas, das organizações e que são necessários para fazer avançar o negócio é que é o grande desafio. Não é só o digitalizar, mas depois conseguir utilizar os dados para ter informação para o negócio. Antes da pandemia, já havia um processo de digitalização das organizações; esse processo foi agora, provavelmente, acelerado. Sente que esse processo de digitalização vai continuar no pós-pandemia ou a procura por esse tipo de soluções vai diminuir? Acho que muitas destas ofertas ou destas tendências passaram do campo da oferta para o da procura. Acho que a procura vai ser cada vez maior, e isto é também um desafio para empresas como nós e para os nossos Parceiros, para se adaptarem e entenderem estas tendências e onde é que a nossa oferta encaixa nestas necessidades cada vez mais prementes e evidentes. Já tínhamos e continuamos a ter cada vez mais soluções e serviços para unir estes mundos do papel e digital, que permitem trabalhar melhor colaborativamente e potenciar mais interação entre fluxos documentais. Obviamente que estes modelos de trabalho mais híbridos, entre trabalho presencial no escritório, ou a partir de casa, implicará e arrastará uma maior necessidade de ferramentas colaborativas. Muito mais soluções a partir da cloud, obviamente também arrastará mais necessidade de soluções de segurança, melhor suporte, também, nas aplicações aos utilizadores. Quais são as grandes novidades para os Parceiros da Xerox, especialmente em Portugal? O que temos vindo a fazer neste período, que de alguma forma tem tido menos atividade, foram muitas ações de formação. No fundo, obrigámo-nos a não ter um apagão de atividade, isso foi conseguido. Aliás, recebemos os dados de market share, unidades de hardware, via IDC, e demonstram isso. Conseguimos não ter esse apagão de atividade. Já vínhamos numa trend de ajudar a preparação dos nossos Parceiros para se adaptarem a estas novas necessidades e, no fundo, terem ofertas, os skills e a força para responder a estas oportunidades. O momento foi acelerar o processo. Creio que podemos dizer, especialmente para Portugal, que esta necessidade que por vezes parecia ser mais das maiores organizações, estendeu-se rapidamente para as PME, essencialmente o mercado onde atuam os nossos Parceiros. Apesar de ser sempre difícil – e ainda para mais tendo em conta os constrangimentos a que estamos a assistir – o que esperam que 2021 traga para a Xerox e para os seus Parceiros? Estamos num ambiente de negócios em que as previsões que hoje são verdade, amanhã são mentira. Obviamente que estamos a fechar a preparação do próximo ano, e o que esperamos é que exista um retomar da atividade. Esperamos recuperar muito do que se perdeu em atividade neste período, essencialmente ali no período mais crítico dos meses de final de março, início de abril. Esta parte, de quando dizemos que nada será como antes, o que é que é esse “nada será como antes”? Porque, na verdade, todos os anos, alguma coisa é diferente do que era antes. Aqui teremos algo mais acelerado, mas para os nossos Parceiros, o que podem esperar de nós é que o suporte irá continuar. Tal como o fizemos até aqui, o nosso compromisso com o sucesso, com a estabilidade ou a sustentabilidade do negócio dos nossos clientes e Parceiros. Tomámos muitas medidas de suporte ao Canal durante estes meses e estamos preparados para continuar a mantê-las, se for caso disso, no início do próximo ano. Mas esperamos, de facto, um retomar de atividade para níveis mais consensuais com o que tínhamos no passado, e obviamente, muita oportunidade à volta da digitalização dos escritórios. É aí que estamos a apostar, é aí que estamos a fazer muita formação para a força de venda dos nossos Parceiros nos últimos tempos, sobre estas oportunidades, sobre como é que a nossa oferta se adapta a estes novos desafios, a lançar novos serviços. Todos os negócios, e especialmente os pequenos e médios, precisam de se adaptar e trabalhar de forma diferente. E isso é algo que não podemos descurar quando vamos para o mercado, e é nisso que estamos a trabalhar, a acelerar o nosso ritmo de adaptação e dos nossos Parceiros. |