Jorge Bento e Marta Quaresma Ferreira em 2024-3-11

ENTREVISTA

Tem A Palavra

“No ano passado éramos um network security; hoje somos um security for networking”

Este mês o IT Channel dá a palavra a Sónia Casaca, Country Manager da HPE Aruba Networking, que revela as principais linhas estratégicas de atuação da empresa, assim como os produtos estrela, num negócio onde os Parceiros assumem um papel central

“No ano passado éramos um network security; hoje somos um security for networking”

Sónia Casaca, Country Manager da HPE Aruba Networking

O mercado de redes empresariais, particularmente o segmento Wi-Fi, está a registar um crescimento substancial acima de outros segmentos IT. Como é que a HPE Aruba Networking está a aproveitar este momento?

A área do Edge, onde está inserido o HPE Aruba Networking, é uma das áreas de maior investimento dos últimos anos por parte da HPE. A área do Wi-Fi é, claramente, um grande desenvolvimento. Como sabemos, nos últimos anos tem vindo a alargar o espectro nas redes do Wi-Fi. As empresas cada vez mais procuram ter menos cabos nas próprias empresas e também ter os ambientes híbridos. Nós temos vindo a alavancar isto com uma série de soluções novas dentro das redes do Wi-Fi. Acompanhando toda a rede Wi-Fi, temos a gestão dessa mesma rede porque estamos em ambientes remotos; temos vários sites de empresas e, portanto, o Wi-Fi aqui é extremamente importante. O ano passado lançámos o Wi-Fi 6E, que é um ponto de passagem para o Wi-Fi 7. Na União Europeia ainda não estava o espectro de 6 GHz aberto, portanto, já temos os equipamentos com esse espectro aberto, já temos soluções no mercado, já temos clientes que adotaram essas soluções e estamos a evoluir durante o ano para o Wi-Fi 7, que é claramente a novidade dentro do Wi-Fi. Vai trazer mais rapidez, mais segurança às redes, maior confiança por parte dos clientes e o investimento em redes Wi-Fi nas suas organizações.

Com as crescentes ameaças à cibersegurança, como garante a HPE Aruba Networking a segurança das suas redes e produtos?

Na oferta nós vimos o ADN da HPE Aruba, ou da Aruba ainda na altura enquanto empresa sozinha, antes da compra da HPE, que já vinha da área da segurança, com uma das soluções de policy management que tínhamos, que era a nossa solução de ClearPass. Nos últimos três anos temos vindo a focar-nos nesse ponto, porque realmente a questão das redes tem de estar complementar com a segurança e isto até vai ao encontro de uma das várias tendências da inteligência artificial, de toda a gestão. Cada vez mais a área das redes e a da segurança têm de ser um conjunto e, por aí, também uma das partes dos nossos grandes investimentos.

Há cerca de três anos investimos numa solução que hoje se chama o EdgeConnect SD-WAN e o ano passado adquirimos uma outra solução que agora se chama EdgeConnect Secure Service Edge. Isto vem complementar o quê? Ambientes remotos, em que temos de aceder às redes de qualquer ponto de vista, em que a tendência da cloud e o crescimento da cloud está em forma exponencial – todas as empresas têm hoje as suas aplicações na cloud ou algumas aplicações na cloud. Vivemos num mundo híbrido. Achamos que realmente a cloud híbrida vai ser o que vai prevalecer. Do nosso lado da HPE Aruba Networking construímos uma arquitetura SASE, que é extremamente importante, em que asseguramos que qualquer utilizador que aceda às suas aplicações ou a qualquer dado, que hoje estão realmente no edge, aceda de uma forma segura e protegida. Nós vimos, e lançámos agora o VPN Report em 2024 por uma empresa independente, que as VPN já não são suficientes. A questão das firewalls de perímetro que tínhamos no passado, e que há uns anos foi a grande tendência, hoje não é suficiente.

Portanto, esta arquitetura de SASE vem aqui combater e posicionar-nos como uma empresa de segurança e de cibersegurança. No ano passado éramos um network security; hoje somos um security for networking.

Há uma continuação do trabalho ao nível de segurança ao aprofundarem para outras áreas?

Sim. Primeiro foi na área dos acessos: controlar os perfis de acessos, temos também controlo dos utilizadores nos acessos às aplicações; lançámos o ano passado um switch único de data center que traz Stateful Firewall, que é o CX10000, onde fizemos uma Parceria com a Pensando, onde o nosso switch é único no mercado. Temos uma solução única no mercado em que protegemos os data centers, de forma que tenha esse chip, e no chip tem Stateful Firewall, faz micro-segmentação, tem IDS, IPS; portanto, é uma solução única para proteger desde o centro até à cloud, desde onde entram os dados, onde temos os nossos dados, seja na cloud, seja no edge, para que estejam protegidos.

E isto é realmente uma evolução muito grande dentro da Aruba, da HPE Aruba Networking, onde nós estávamos muito focados só realmente no que era o Wi-Fi, só no branch, só no acesso, só no switching. Nos últimos três, quatro anos o investimento que foi feito perante a HPE foi claramente na evolução para a área da segurança.

Quais são os produtos mais inovadores da HPE Aruba Networking e o que é que os torna tão diferenciadores no mercado?

As grandes novidades são claramente os produtos que nós consideramos estrelas, por isso é que estamos a evoluir – tem a ver com as tendências de mercado. Um deles já falei aqui, é o CX 10000. Na área de data center estamos numa posição única no mercado. A HPE, que já estava numa situação madura do cloud computing, pode oferecer, juntamente com o cloud computing, um switch data center único no mercado com segurança integrada. Depois, a questão do ClearPass, que vem do passado, tem vindo a trazer evolução e faz parte de toda a segurança de qualquer rede, independentemente da infraestrutura que esteja por baixo.

A Aruba tem todas as soluções com API abertas, portanto, integra com qualquer outro tipo de solução que esteja por baixo na sua rede e o ClearPass é realmente importante para nós percebemos quem acede ao quê, quando e porque que é que acede. Temos perfis muito bem criados porque hoje as empresas têm muitas pessoas externas e precisam de ter um perfil para aceder, e não chegarmos às organizações e apenas ligarmos um cabo.

Por outro lado, a questão do SASE vai ser realmente a evolução, com as aplicações, mais uma vez, na cloud, com o trabalho remoto que nós conseguimos prever no passado. Com a questão do SASE, o SSE, com o ZTNA incluído, uma arquitetura zero trust para os nossos clientes é claramente a evolução e as soluções que nós preconizamos e de que estamos a falar diariamente aos nossos clientes para que tenham este tipo de estrutura: estrutura zero trust com ClearPass, um Edge Connect no SD-WAN e um SSE. O nosso objetivo é darmos um business continuity aos nossos clientes. Não é vender uma solução e fechar a porta; é manter uma relação com os nossos clientes e dali, conforme há tendências de mercado, novos tipos de ataque, novos tipos de ameaças, podermos colmatar e ajudar os nossos clientes.

O trabalho da HPE Aruba Networking é desenvolvido numa relação muito próxima com os Parceiros. Como é que tem evoluído esta relação, em particular junto dos Parceiros portugueses?

99% do nosso negócio é feito com Parceiros. Os Parceiros são cruciais para o nosso negócio. Nós não poderíamos fazer negócio sem eles. Os nossos principais Parceiros são portugueses, Parceiros que já trabalham connosco quase desde o início e que têm vindo a apostar. Temos Parceiros mais de monomarca, outros menos, mas, claramente, que têm vindo a acompanhar- nos ao longo dos nossos Programas de Canal, têm vindo a acompanhar-nos ao longo da nossa evolução de soluções e a adquirir as mesmas competências e capacidades de serviços para dar o melhor serviço aos nossos clientes, porque nós não temos uma estrutura muito grande para podermos fazer esse trabalho. Nós confiamos plenamente nos nossos Parceiros, criamos-lhes ferramentas, criamos-lhes enablement, criamos-lhes a capacidade de poderem prestar um serviço e poderem desenvolver esses mesmos serviços e negócios junto dos nossos clientes.

Ao falarmos de Parceiros, falamos inevitavelmente de Programas de Canal. Como é que tem evoluído o vosso Programa de Canal? Há alguma novidade para este ano?

O ano passado lançámos um programa novo que é o Partner Ready Vantage. Esse já está alinhado com a HPE e foi um Programapiloto que este ano desenvolveu novidades. Este Programa está direcionado principalmente aos Parceiros que fazem as-a-Service ou que têm soluções de as-a-Service, que têm várias competências.

Este ano lançámos uma série de especializações. Os programas anteriores - Partner Ready e o Partner Ready for Networking - mantêm-se e são um modelo tradicional de negócio. O Partner Ready Vantage é onde nós estamos realmente a fazer uma grande aposta a nível de mercado. Tem a ver com mais especialização no mercado de as-a-Service, gestão das redes, na questão de management service, na capacidade dos nossos Parceiros estarem capacitados de fazer Network-as-a-Service e de poderem também ter competências no Customer Success.

Dentro do programa Partner Ready Vantage, temos uma das nossas soluções principais dentro da HPE, que é o HPE GreenLake. Para a área de computing, o HPE GreenLake, um HPE Hybrid Cloud, e depois um HPE GreenLake for Networking para a área da HPE Aruba Networking. E é aqui que nós nos focamos: com especializações, as-a- -Service, management service e customer success.

O que é que este programa traz de grande novidade? A capacidade dos nossos Parceiros poderem prestar os seus próprios serviços. No GreenLake tradicional, numa fase inicial, era a HPE que prestava estes serviços; no GreenLake for Networking temos a capacidade de os nossos Parceiros venderem a solução GreenLake e eles próprios darem os serviços, darem a capacitação, poderem integrar a nossa plataforma e customizá-la para fazer a gestão e a analítica para os seus clientes. Estas são, claramente, as grandes novidades dentro do programa e é aqui que nós queremos evoluir. Vamos manter o que é o negócio tradicional e acreditamos que não vai deixar de existir. Aqui os dois programas existem porque temos competências distintas. Depois, na área do as-a-service, onde começamos a ter a solução edge to cloud, começamos a especializar mais na área dos serviços, mais no as-a-service, na capacidade de customizar a plataforma GreenLake, na capacidade de dar os próprios serviços.

Quais são as perspetivas da HPE Aruba Networking até ao final do ano e para o início de 2025?

A HPE, no início do nosso ano fiscal, que começou a 1 de novembro [de 2023], anunciou a aquisição/preponderância para adquirir a Juniper Networks por 14 mil milhões de euros. Esta vai ser, claramente, uma grande novidade que vai trazer um empowerment à HPE e uma posição única no mercado.

Portanto, esta vai ser uma das grandes novidades e é algo que só vai estar concluído no final de 2024 e início de 2025. O que nos traz é a capacidade: as soluções são complementares entre o que a Juniper oferece na área das redes, da segurança, juntamente com a inteligência artificial, mais a solução da HPE Aruba Networking.

Vamos chegar a poder estar num mercado total que hoje não tínhamos, e vamos poder acelerar a transformação digital dos nossos clientes.

Poder ajudar aqui, de uma forma integrada com a inteligência artificial, com toda a área do computing, com toda a área de redes e área de segurança; podermos oferecer ao mercado, e estarmos numa situação única de mercado, de líder de mercado, como provedores e como fornecedores dos nossos clientes.

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