Jorge Bento e Rui Damião em 2023-4-12

ENTREVISTA

Tem a Palavra

“Acompanhamos as necessidades dos Parceiros e trabalhamos muito para conseguirmos arranjar diariamente as melhores soluções”

João Pedro Reis, CEO da Databox, tem este mês a palavra e aborda o crescimento – presente e futuro – da empresa e como vê as alterações no mercado de distribuição de IT em Portugal

“Acompanhamos as necessidades dos Parceiros e trabalhamos muito para conseguirmos arranjar diariamente as melhores soluções”

João Pedro Reis, CEO da Databox

2022 teve duas caras, com o Q4 a ter um forte abrandamento. Qual é o balanço que faz do ano para a Databox?

O ano de 2022 foi muito conturbado, com questões globais que o marcaram significativamente, com mudanças, inclusive, nas estruturas dos fabricantes devido à saída da Rússia dos seus planos de negócio, como consequência às sanções impostas a esse país.

A Databox tinha um plano bem definido e uma visão muito objetiva do nosso potencial de negócio e, mesmo com todas essas adversidades, cumpriu-o e até o superou em alguns pontos. Conseguimos obter um crescimento bastante expressivo, que nos permitiu consolidar a operação que temos junto do mercado nacional e criar uma expectativa de crescimento para 2023 muito promissora.

2022 foi também um ano em que concretizámos alguns projetos relevantes, em que reforçámos a posição da Databox no segmento B2C, e em que continuámos a trabalhar para sermos, cada vez mais, uma organização focada no mercado B2B com valor acrescentado, ou seja, passarmos de distribuidor convencional para um solution provider.

Há muito tempo que seguimos essa estratégia: a de sermos sobretudo um solution provider ao invés de um mero box moving. Esse caminho traz-nos desafios, não escondo, mas também vantagens que nos tornam mais competitivos e atrativos, e o principal resultado é a enorme fidelização que temos dos clientes à Databox.

João Pedro Reis, CEO da Databox, em entrevista ao IT Channel

 

Do que já levamos de 2023, que sinais deteta no mercado no seu global?

A conjuntura socioeconómica que observamos diariamente deixa-nos de alguma forma preocupados e apreensivos. No entanto, estamos firmes nos objetivos que traçámos e a performance da Databox no primeiro trimestre de 2023 é de crescimento e em linha com as métricas que planeámos, e até já temos identificadas algumas oportunidades de negócio para os próximos quarters que, a realizarem-se, vão alavancar ainda mais os números que temos perspetivados.

A subida das taxas de juros impacta na distribuição e toda a cadeia de valor. Como é que está a afetar o negócio?

Com a subida do preço do dinheiro, o negócio faz-se com mais esforço. Felizmente contamos com uma forte solidez financeira que nos permite apoiar os nossos Parceiros e, de alguma forma, absorver grande parte do impacto que esses custos têm na operação. O facto de não mexermos nos prazos de pagamento dos Clientes ou de disponibilizarmos soluções financeiras, como rentings ou leasings, que ajudam a viabilizar a concretização de negócios, são apenas alguns exemplos de como a Databox está a reagir para combater este fenómeno.

A par de outro distribuidor com sede no norte do país, a Databox é um dos dois grandes distribuidores nacionais. Como é que vê este movimento de aquisições e consolidação da distribuição de tecnologia? Qual é o lugar dos distribuidores nacionais?

É com muita naturalidade que observamos este tipo de aquisições. É um fenómeno que ocorre em todos os mercados e em diversos países. Temos de estar preparados para este tipo de movimentações. Perante a força dos grandes distribuidores mundiais, o papel de um distribuidor nacional e mais pequeno, como é o caso da Databox, é saber trabalhar com as vantagens de uma organização mais ágil e com um poder de decisão mais direto, e desenvolver uma política de proximidade com todos os Parceiros, alicerçada numa equipa profissional, eficiente e motivada.

Estamos há 36 anos no mercado, temos muita experiência adquirida e uma relação muito estreita com os clientes. Procuramos saber o que precisam, onde estão e com quem trabalham. Acompanhamos as suas necessidades e trabalhamos muito para conseguirmos arranjar diariamente as melhores soluções para os servirmos. A disponibilização imediata de produtos e soluções continua a ser muito importante no mercado português. A Databox tem compromissos de forecasts com os fabricantes muito exigentes e faz um enorme investimento em stocks permanentes para ter soluções disponíveis aos melhores preços, de forma a apoiarmos o mercado nacional com elevados níveis de resposta às suas solicitações.

Os grandes distribuidores estão a caminhar para a área de serviços de valor. Onde é que a Databox se posiciona neste ponto?

 

“O papel de um distribuidor nacional e mais pequeno, como é o caso da Databox, é saber trabalhar com as vantagens de uma organização mais ágil e com um poder de decisão mais direto”

Há muito que também fazemos esse caminho. Criamos e disponibilizamos soluções de valor acrescentado, que sirvam os clientes com qualidade e vão ao encontro ao que o mercado procura. Temos uma equipa muito bem formada e trabalhamos para que os níveis de serviço sejam de excelência. Quando nos deparamos com algum problema, tentamos sempre participar ativamente na sua resolução, pois é nossa obrigação garantirmos que o cliente fica satisfeito. É esse reconhecimento que nos permite ter clientes fidelizados há várias décadas. Para nós, isso é essencial.

A Databox tem um balcão para o levantamento de mercadorias verdadeiramente único em Lisboa. Com quantidade e diversidade de soluções, que permite aos clientes irem às nossas instalações de manhã e à tarde terem os seus projetos terminados nos seus clientes. É um apoio exclusivo, que só a Databox dá ao Canal.

Nota, junto dos Parceiros, que o PRR já começa a ganhar tração no apoio à aceleração digital do Estado e das empresas?

Sim, notamos, e sabemos que aparecerão muitas mais oportunidades de negócio. Há muitos projetos que não são propriamente de informática, projetos complexos, de ampliações, de construção, de edificação, onde normalmente a nossa parte só aparece no final. Temos muitos negócios em carteira para acontecer, dentro do PRR, a curto prazo, com clientes que estão, neste momento, à espera de que outras áreas de projetos se concluam, para fornecerem e implementarem as soluções que têm encomendadas na Databox.

O PRR – como o próprio Governo diz – é algo a médio-longo prazo; vamos estar até 2029 com o PRR a funcionar. Isso significa que há uma primeira fase de estudo e depois uma fase de implementação que vai ser, principalmente, a reunir as condições para depois a nossa solução poder entrar. Temos de deixar o PRR navegar o seu caminho. O PRR nunca iria conseguir funcionar de um dia para o outro. Estamos muito entrosados com os nossos clientes, de forma a acompanharmos todos os passos destes processos e garantirmos que temos as respostas necessárias e adequadas aos cadernos de encargos que têm em mãos.

Quais são os verticais ou setores onde nota um maior potencial de crescimento para os Parceiros?

A digitalização nas empresas é um dos grandes potenciadores de crescimento para os nossos Parceiros. Ainda há muitas organizações com graves carências nesta área e a fazerem essa transição. A digitalização é fundamental para terem sucesso no seu mercado, pois só a melhoria da qualidade dos seus processos permitirá fornecerem os seus produtos e serviços de uma forma eficiente e competitiva.

A Databox tem presença nos PALOP. Como é que estes mercados se estão a desenvolver?

“Prevemos que 2023 será mais um ano de crescimento para a Databox, onde os projetos terão uma predominância cada vez mais forte no negócio e em que poderá existir alguma retração no B2C. Mas as empresas terão de continuar a investir em IT e a modernizar-se”

 

A presença da Databox junto dos PALOP já vem de longe. Esse trabalho tem sido reconhecido e incentivado pelos nossos Parceiros, clientes e fabricantes.

A Databox tem muitos contratos com marcas que permitem negociarmos e vendermos aos PALOP, o que, para nós, é extremamente importante, pois temos muitos Parceiros nessas geografias. Talvez as mais representativas sejam a HP Inc e a HPE, que nos atribuíram um contrato internacional para trabalharmos não só os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, mas também toda a África Subsariana. Para nós isso é importantíssimo, pois demonstra o reconhecimento do bom trabalho que temos desenvolvido.

Quanto é que estes mercados representam na Databox?

Neste momento, o mercado dos PALOP já é bastante importante e expressivo, e a tendência é continuarmos a crescer. À semelhança do plano de crescimento que temos para Portugal, temos um específico para os PALOP, que poderá incluir mais alguns países do continente africano.

A Expo TI Databox é o grande evento do Canal em Portugal. Já tem data marcada para 2023?

A Expo TI Databox é, provavelmente, o melhor evento em Portugal na área do IT e, nos últimos eventos, conseguimos reunir mais de mil Parceiros. É um evento essencial para o mercado!

Temos Parceiros de todo o país, de norte a sul, das ilhas, de África até, que vão ao evento da Databox, estão connosco, têm reuniões com os principais fabricantes com quem trabalham, têm contacto com as pessoas que os apoiam no negócio e com as mais recentes tendências e soluções do mercado.

Ao termos todo este ecossistema de empresas e pessoas bem entrosado, conseguimos criar melhores soluções para o mercado e, por isso, é que estes eventos são importantes e vamos continuar a apostar neles. Vamos continuar a querer aumentar a nossa exposição e, provavelmente, até vir a realizar em outras regiões do país.

Já existe data para o evento em Lisboa?

Estamos mesmo perto de fechar essas datas.

Como olham para o ano de 2023?

2023 vai ser um ano atribulado, aliás, já está a ser. Assistimos à subida das taxas de juro, como já falámos, vemos a guerra na Ucrânia sem um fim à vista e as posições extremadas do Ocidente e do Oriente, o que perturba o mercado e os investidores.

No entanto, sentimos que em todos os momentos de crise há oportunidades que se criam. Acreditamos que temos a equipa certa, uma planificação muito bem feita e que, com a sua execução rigorosa, cumpriremos os objetivos a que a empresa se propôs para este ano.

Prevemos que 2023 será mais um ano de crescimento para a Databox, onde os projetos terão uma predominância cada vez mais forte no negócio e em que poderá existir alguma retração no B2C. Mas as empresas terão de continuar a investir em IT e a modernizar-se. Os nossos Parceiros serão importantíssimos nesse contexto e nós estamos preparados para continuar a apoiar o seu negócio. 

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