Jorge Bento e Marta Quaresma Ferreira em 2022-11-15

ENTREVISTA

Tem a Palavra

“A Also e a JP são uma convergência de alguns valores comuns”

O IT Channel dá a palavra a Anabela Correia, o novo rosto por trás do futuro da jp.di powered by ALSO, brevemente ALSO Portugal, depois de a unidade de distribuição do Grupo JP ter sido adquirida este ano pela gigante tecnológica suíça

“A Also e a JP são uma convergência de alguns valores comuns”

Anabela Correira, Chief Costumer Officer da JP.DI powered by Also

Quem é a Anabela? Qual foi o seu percurso dentro do grupo até agora e como é que chegámos aqui?

A minha formação é engenheira química, nada tem a ver com esta área de negócio. Tive a primeira experiência com 25 anos no mercado de IT e tornou-se viciante, esta dinâmica deste negócio que se transforma a todos os minutos e que tem imensas mudanças. Tudo pode influenciar e há um crescimento muito rápido. Tornou-se um vício.

Estou há 14 anos no Grupo JP. Iniciei como Gestora de Produto e estive assim uns seis anos. Depois fiquei responsável pelo departamento de Gestão de Produto e há quatro anos como Diretora de Compras e de Gestão de Produto do Grupo. Agora é um desafio diferente, com outras áreas a abarcar, mas estou muito entusiasmada.

Como é que está a correr o ano para a jp.di? Há uma travagem no último trimestre?

 

“Cloud, cybersecurity, o as-a-Service, o IoT, todas essas áreas vão ser as áreas de grande foco”

O ano começou com muito entusiasmo porque nós já sabíamos desde o princípio do ano que a aquisição da ALSO ia acontecer. O primeiro semestre ainda fomos jp.di, mas sempre muito entusiasmados com o futuro e com aquilo que pertencer a um grupo desta dimensão pode significar. Correu muito bem, dentro daquilo que nós tínhamos planeado. Começámos a fazer um grande esforço no Q2 para que conseguíssemos fazer uma transição o mais célere possível e que tivesse o menor impacto para os nossos clientes. Estas coisas nunca são fáceis. Mas a verdade é que, no segundo mês de aquisição, tivemos o melhor agosto de sempre. Foi algo que conseguimos fazer com esforço, mas que foi bem-sucedido. Neste momento estamos com uma empresa estável, agradecendo muito aqueles fabricantes que já estavam connosco. Ainda não estamos a absorver coisas novas, mas estamos num momento de estabilidade, embora com alguma instabilidade de mercado, e este último quarter bastante desafiante, principalmente com aquilo que se vê de decréscimo na área de consumo. A área business tem conseguido compensar esse decréscimo. Nós nunca fomos uma empresa muito dependente de nenhum Canal, de nenhum cliente, de nenhum fabricante, sempre fomos uma empresa bastante equilibrada e, por isso, estou segura de que estes contratempos são sempre atenuados com outras áreas. Nunca sentimos demasiado quando é apenas um fator num dos mercados. No próximo ano veremos.

Vê diferenças no abrandamento entre o mercado de retalho/S.O.H.O e os Parceiros que endereçam o mercado empresarial?

Notámos um abrandamento na área de consumo. A área empresarial está a digitalizar-se. Iniciou com grandes negócios no início do ano. Tem conseguido amortecer o impacto do outro lado. A proporção é na ordem dos 35%/40% para o negócio de consumo face ao restante.

Maioritariamente é SMB, área de corporate, que está em crescimento, incluindo alguns negócios com o Estado através de Parceiros.

Quais são os verticais/áreas tecnológicas nos quais a jp.di vê maior potencial para os seus Parceiros de Canal?

Agora, dentro de um grupo como a ALSO, as perspetivas são bastante amplas. Temos oportunidades, quer no nosso negócio tradicional, naquilo a que nós chamamos supply, temos algumas que iremos acrescentar ao nosso portfólio, mas o foco principal vão ser soluções e serviços. cloud, cybersecurity, o as-a-Service, o IoT, todas essas áreas vão ser as áreas de grande foco. Nós acreditamos que essa transformação nos vai levar a crescimento e acho que os nossos clientes SMB também precisam de soluções destas para eles próprios se conseguirem transformar. É a única forma que temos de eles acrescentarem valor e conseguirem ser um serviço de suporte aos seus clientes de forma holística - acrescentar valor para eles conseguirem também crescer e terem produtividade diferente. 

A jp.di é um dos distribuidores de maior tradição em Portugal e a 3.ª em volume de vendas no mercado nacional. Em que é que a compra da ALSO vai mudar para o Parceiro e com a relação dos clientes com a jp.di?

A ALSO e a JP são uma convergência de alguns valores comuns. Nós temos sempre o foco no cliente. Nós vamos sempre tentar trazer mais soluções e tendo o cliente em mente. O alargamento de portfólio será uma certeza, é algo que vamos fazer, e isso vai trazer vantagens aos Parceiros que já trabalham connosco e poderá trazer novos Parceiros.

“Vamos fazer lançamentos graduais porque queremos fazê-lo de forma correta. Não podemos descurar aquilo que é o nosso trabalho com aquele portfólio que já temos”

 

O papel da distribuição é sempre um papel logístico, financeiro. Claro que a estabilidade financeira de um grupo desta ordem traz-nos uma estabilidade financeira completamente distinta e ainda estamos em transformação para ver que tipo de serviços poderemos acrescentar. Porque esta é a maior vantagem para nós e para os nossos clientes: poderemos crescer de distribuidores para “technology providers” – e os nossos clientes poderão transformar-se connosco, tornando-se managed service providers, experts em segurança, consultores de cloud e de digitalização. As possibilidades vão ser infindáveis.

Neste processo de mudança, a base de operações logísticas da Perafita vai manter-se a prazo?

Vai-se manter constantemente aqui, o negócio é local e a distribuição é local. Se calhar até necessitará de alguma expansão.

Como é que está pensada a passagem da imagem corporate da JP para a ALSO?

Nós estamos num processo de rebranding, estaremos praticamente até ao final do ano como jp.di powered by ALSO, mas muito brevemente estarão a ver-nos como ALSO Portugal.

É expectável que o portfólio aumente. O que é que nos pode revelar?

Existem coisas que são inerentes a alguns contratos Pan-Europeus e que nós vamos fazer, vamos fazendo lançamentos graduais porque queremos fazê-lo de forma correta. Não podemos descurar aquilo que é o nosso trabalho com aquele portfólio que já temos e que muito agradecemos e que ainda temos espaço para crescer e para fazer desenvolver os Parceiros que temos hoje. A nossa primeira preocupação é com estes que já temos e com quem queremos continuar a fazer um excelente trabalho. E depois disso, um lançamento gradual de novas marcas ou expansão de marcas, com lançamentos programados. Existirão algumas surpresas.

Os grandes distribuidores estão a caminhar para a área de serviços de valor. O que é que a ALSO tem para oferecer nesta área em Portugal?

Brevemente lançaremos o ALSO Cloud Marketplace para o mercado português, uma plataforma de gestão de soluções cloud, de cibersegurança, de automation. Contém uma quantidade de soluções que os Parceiros poderão gerir numa só plataforma de uma forma bastante regulada e controlada. Vão, inclusive, poder integrar, gerir e faturar os seus serviços através desta plataforma. Soluções as-a-Service é algo que está no nosso foco e vamos também apostar nesse sentido.

 

“Com a ALSO já estamos a procurar soluções que permitam monitorizar o consumo energético, que tenham essa preocupação”

É tentar que o nosso negócio e o negócio dos nossos Parceiros tenha cada vez mais um peso de soluções e serviços e, ao mesmo tempo, nunca negligenciarmos o negócio transacional. É isto que vai acrescentar valor a todos aqueles que trabalharem connosco.

Quais são as perspetivas de mercado para 2023?

São tantas variáveis desde a guerra, os preços que sobem, a escassez de alguns materiais… fazer uma perspetiva é difícil. Uma certeza é que nós temos de ajudar os nossos Parceiros com alguns destes desafios. Com a ALSO já estamos a procurar soluções que permitam monitorizar o consumo energético, que tenham essa preocupação, que se preocupem com a sustentabilidade, que diminuam custos em automação de alguns workloads. É principalmente pensar como é que, em ambientes de desafio, nós podemos crescer, ajudando os nossos Parceiros também a crescer, e manter a lealdade com estes canais de parceria, quer sejam as nossas pessoas ou fabricantes, vendedores, clientes.

O último slogan que nós temos para o futuro é ‘Transform to Perform’ e é assim que nós temos de pensar. Temos de ser muito criativos e ir vivendo com estas situações e pensar que a tecnologia pode ajudar em alguns desafios: onde é que nós podemos ajudar a transformar, onde é que nós podemos ajudar os nossos Parceiros a criar. Mais do que pensar em tudo aquilo que nos pode acontecer, que não controlamos, é pensar como é que nós podemos ajudar a transformar estes momentos de inconstância.

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