Os registos das nossas vidas estão cada vez mais guardados sob a forma de bits nos nossos computadores ou na cloud e, por isso mesmo, podem irremediavelmente perder-se, à medida que o hardware e o software se tornam obsoletos – o chamado “bit rot”. Este é o principal receio de Vint Clerf, vice-presidente da Google, que é também um dos pioneiros Internet, para quem existe a séria probabilidade das gerações futuras não terem registos no século XXI, à medida que entramos numa “Dark Age” digital.
Clerf disse que “estamos a atirar todos os nossos dados para o que pode tornar-se num buraco negro da informação”, explicando que “digitalizamos coisas porque acreditamos que deste modo iremos preservá-las, mas o que não entendemos é que, a não ser que tomemos outras medidas, essas versões digitais podem não estar mais preservadas do que nos artefatos que entretanto digitalizámos. Se existem fotos de que realmente gostamos, devemos imprimi-las”. O vice-presidente da Google refere-se, em concreto, aos suportes que entretanto despareceram, caso das disquetes.
A evolução da tecnologia de armazenamento tem sido de tal ordem que, no futuro, existe a séria probabilidade de não conseguirmos ler os CDs ou os DVDs, porque os computadores não terão sequer drives para tal.
Os ficheiros com extensão .jpg, .pdf ou .doc, por sua vez, estão dependentes de software que é constantemente atualizado e podem tornar-se totalmente inacessíveis se os formatos deixarem de ser suportados ou se as novas versões não oferecerem compatibilidade.
Para solucionar este problema, Clerf fala na criação de um “pergaminho digital” que garanta que os ficheiros mais antigos são sempre recuperáveis – a ideia é preservar cada peça de software e hardware de modo a que nunca se tornem obsoletos, estando guardados em servidores na cloud. Caso tal seja possível, as gerações futuras terão a oportunidade de aceder sempre às nossas memórias. |