Fornecedores europeus de cloud continuam a perder terreno para a América

Nos últimos anos, o mercado de serviços na cloud tem crescido exponencialmente, acompanhando o avanço da transformação digital e do crescimento de dados em todo o mundo. Mas este mercado em expansão só está realmente a beneficiar alguns, que são os fornecedores de cloud norte-americanos, em detrimento das empresas de outros países. Especificamente, na Europa, os fornecedores de cloud não aproveitaram o progresso da migração cloud.

De acordo com os números publicados pela empresa de investigação Synergy Research Group, desde o início de 2017 até ao terceiro trimestre de 2020, o mercado europeu de cloud atingiu cerca de 5,9 mil milhões de euros no final deste período. Mas, neste momento, os fornecedores de serviços em cloud da Europa viram a sua quota de mercado reduzida de 26% para 16%, um declínio dramático que resulta não só numa perda de lucros potenciais, mas numa mudança neste grande mercado emergente, a favor de outras empresas como a Amazon, a Microsoft ou a Google, o que pode resultar no seu fim a longo prazo.

Além disso, os fornecedores asiáticos estão também a adotar estratégias muito agressivas que minam os esforços de fornecedores europeus muito mais pequenos para se posicionarem fortemente no mercado. Estas empresas regionais são lideradas pela Deutsche Telekom, que tem apenas 2% do mercado regional, seguida da OVHcloud, Orange e muitas outras empresas nacionais de telecomunicações e especialistas em alojamento e cloud.

Antes do final de 2020, os analistas da Synergy Research preveem que as receitas dos serviços europeus de infraestruturas em cloud (incluindo IaaS, PaaS e serviços privados de cloud) ultrapassarão os 23 mil milhões de euros, mais 31% do que no ano anterior. Quase 80% do mercado corresponde aos serviços IaaS e PaaS, que também estão a crescer muito mais rapidamente do que outros serviços e os especialistas destacam especialmente, na categoria PaaS, o desempenho dos serviços de análise, IoT e bases de dados.

Para John Dinsdale, analista-chefe do Synergy Research Group, "os fornecedores europeus de cloud estão a tentar ganhar mais tração no mercado, focando-se nos segmentos de clientes e utilizando casos que têm requisitos mais rigorosos de privacidade e soberania de dados. Isto levou à iniciativa Gaia-X, que representa uma tentativa de inverter as fortunas da indústria europeia das clouds." Embora este esforço seja importante, Dinsdale afirma que combater gigantes das cloud é desafiante.

Dinsdale xplica ainda que os fornecedores maiores "têm agora 67 centros de dados de hiperescala na Europa e mais de 150 pontos de presença locais adicionais, enquanto os fornecedores de nível dois dos EUA têm mais 36 grandes centros de dados. No total, a sua despesa de capital europeia nos últimos quatro trimestres ascendeu a 12 mil milhões de euros, mais 20% do que nos quatro trimestres anteriores".

Entretanto, as empresas europeias enfrentam um desafio difícil de ultrapassar se quiserem deixar de ser fornecedores de nicho. Afirma que "as oportunidades de crescimento do rendimento são enormes, mas também o financiamento e a força de vontade necessárias para aproveitar essas oportunidades".